"Esta é a pior tragédia humanitária do mundo"

12-07-2011
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No Quénia, muitos pastores percorrem quilómetros para tentar salvar os animais. Um deles contou à BBC que decidiu fugir logo que viu o pasto secar. "Tinha 200 vacas. Levei-as para a Etiópia quando a seca começou. Morreram pelo caminho e voltei sem nenhuma." Segundo estimativas das organizações humanitárias, os pastores já perderam meio milhão de animais na Etiópia desde que o ano começou, isto numa região onde dois terços da população vivem da criação de cabras, ovelhas, vacas ou camelos. Atravessar a fronteira da Somália para os campos do Quénia ou da Etiópia significa muita vezes mais de um mês a caminhar, ou horas infindáveis em camiões de caixa aberta em que viajam todos os que couberem.

Vinte anos de guerra civil deixaram na Somália tudo menos segurança. Ainda assim, quem não consegue passar a fronteira tenta, pelo menos, chegar à capital, Mogadíscio, para muitos o lugar mais perigoso do mundo mas que, como disse à BBC o responsável pela autarquia, Mohamed Nur, "não é tão má quanto Cabul ou Bagdad".

Na cidade, dividida entre um Governo fragilizado e os rebeldes islamistas, ouvem-se tiros, a "música de Mogadíscio", como lhe chamam os habitantes. Quando o jornalista da estação britânica pergunta se pode percorrer os 100 metros entre o Ministério da Informação e o gabinete do primeiro-ministro, respondem-lhe "não sem um colete à prova de bala e veículo blindado". No entanto, é ali que milhares de pessoas procuram agora comida.

Um fogo lento

Em 2009, os rebeldes do grupo Al Shabbab, milícia islamista com ligações à Al-Qaeda, impuseram um bloqueio às agências humanitárias internacionais, que foram forçadas a abandonar a região. Mas agora, perante o desespero, os rebeldes anunciaram a criação de um comité para coordenar o regresso das ONG "que não tenham uma agenda escondida".

A violência e a crise humanitária na Somália irão deixar mais vítimas, mas nem por isso parecem atrair mais atenção. "São um fogo lento", como escreveu o correspondente da BBC, Peter Greste. "Um cancro que cresceu devagar ao longo de duas décadas num lugar com que o resto do mundo não parece importar-se. Excepto quando os piratas impedem os seus navios de navegar em segurança."

No Quénia, muitos pastores percorrem quilómetros para tentar salvar os animais. Um deles contou à BBC que decidiu fugir logo que viu o pasto secar. "Tinha 200 vacas. Levei-as para a Etiópia quando a seca começou. Morreram pelo caminho e voltei sem nenhuma." Segundo estimativas das organizações humanitárias, os pastores já perderam meio milhão de animais na Etiópia desde que o ano começou, isto numa região onde dois terços da população vivem da criação de cabras, ovelhas, vacas ou camelos. Atravessar a fronteira da Somália para os campos do Quénia ou da Etiópia significa muita vezes mais de um mês a caminhar, ou horas infindáveis em camiões de caixa aberta em que viajam todos os que couberem.

Vinte anos de guerra civil deixaram na Somália tudo menos segurança. Ainda assim, quem não consegue passar a fronteira tenta, pelo menos, chegar à capital, Mogadíscio, para muitos o lugar mais perigoso do mundo mas que, como disse à BBC o responsável pela autarquia, Mohamed Nur, "não é tão má quanto Cabul ou Bagdad".

Na cidade, dividida entre um Governo fragilizado e os rebeldes islamistas, ouvem-se tiros, a "música de Mogadíscio", como lhe chamam os habitantes. Quando o jornalista da estação britânica pergunta se pode percorrer os 100 metros entre o Ministério da Informação e o gabinete do primeiro-ministro, respondem-lhe "não sem um colete à prova de bala e veículo blindado". No entanto, é ali que milhares de pessoas procuram agora comida.

Um fogo lento

Em 2009, os rebeldes do grupo Al Shabbab, milícia islamista com ligações à Al-Qaeda, impuseram um bloqueio às agências humanitárias internacionais, que foram forçadas a abandonar a região. Mas agora, perante o desespero, os rebeldes anunciaram a criação de um comité para coordenar o regresso das ONG "que não tenham uma agenda escondida".

A violência e a crise humanitária na Somália irão deixar mais vítimas, mas nem por isso parecem atrair mais atenção. "São um fogo lento", como escreveu o correspondente da BBC, Peter Greste. "Um cancro que cresceu devagar ao longo de duas décadas num lugar com que o resto do mundo não parece importar-se. Excepto quando os piratas impedem os seus navios de navegar em segurança."

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