A centenária que ainda gere fortunas em Wall Street

23-07-2015
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Irene Bergman está a pouco mais de uma semana de a fazer 100 anos e para comemorar o centenário foi convidada para uma cerimónia simbólica: tocar a campainha que abre a sessão em Wall Street, dando indicação aos investidores que podem começar a comprar e vender. É a ‘broker' mais velha da bolsa de Nova Iorque e tem a seu cargo activos de quase dois mil milhões de dólares.

Com a sua voz suave, sentada no seu apartamento do centro de Manhattan, rodeada de quadros de famosos pintores holandeses, deu uma entrevista à Bloomberg onde conta a sua história de vida e o segredo da sua longevidade, que atribui não a uma dieta especial mas aos "bons genes". Justifica a boa forma física com uma vida inteira a montar a cavalo, o que só deixou de fazer aos 80 anos.

Para Irene Bergman é muito importante manter-se forte não só física mas também mentalmente e, para isso, renunciou à reforma e continuou a trabalhar.

Nunca se casou nem teve filhos. Vive no mesmo apartamento há 60 anos, com a sua cadela, Fanny.

Deixou de ir ao escritório em Dezembro passado, aos 99 anos, mas continua a trabalhar de casa e fala todos os dias para a empresa, além de receber alguns clientes por semana.

"Neste negócio o mais importante é conseguir a confiança dos clientes", diz Bergman. E acredita que estes gostam que ela tenha a sua própria fortuna. "Assim, têm a sensação de que não preciso de espremer as suas contas, porque tenho o meu próprio dinheiro", diz.

"Não faça estupidezes" é o grande conselho de Irene Bergman a quem sonha ser corretor da bolsa. Ela própria encontrou nesta sua profissão a concretização do seu sonho de adolescente. O seu pai trabalhava na banca privada na bolsa de Berlim, antes de se mudarem para os Estados Unidos para fugir ao nazismo. Esse mundo parecia-lhe "muito vivo" e a paixão pela bolsa vem já dessa altura.

A primeira mulher na bolsa de Nova Iorque

Irene Bergman foi a primeira mulher a alcançar um lugar no mercado bolsista. "As mulheres não eram muito populares em Wall Street", recorda. Sempre foi um sector dominado por homens.

Quando a sua família saiu da Alemanha e da Holanda e teve de se mudar para os Estados Unidos, Bergman começou a trabalhar, em 1942, como secretária num banco. Só 15 anos mais tarde entrou na Hallgarten, uma empresa da bolsa. Ainda trabalhou para a Loeb Rhoades e está na Stralem desde 1973.

A broker acredita que a experiência da sua família no pós-guerra pesa actualmente nos conselhos aos seus clientes. Os Bergman levaram uma década a recuperar a fortuna depois de chegar a Nova Iorque, já que esta tinha sido congelada pelas autoridades norte-americanas e holandesas.

Sobre Wall Street dos nossos dias comparativamente aos seus primeiros tempos na bolsa, Irene Bergman diz que muitos investidores vivem demasiado obcecados em obter ganhos rápidos e aconselha: "é melhor esperar um mínimo de três anos, ou até mais, antes de avaliar as participações numa empresa. "E não devem ter medo de rever as suas próprias teses", defende. "Se uma investigação a fundo recomenda uma mudança de carteira, é preciso mudar", insiste.

"Quanto mais tempo se leva no negócio, mas pessimista nos tornamos", diz ainda Bergman, adiantando que as acções estão actualmente muito caras.

"A forma de fazer negócios mudou", desabafa, "agora tudo é muito mais competitivo, há muito mais facadas nas costas". Vendem-se grandes blocos de acções muito rapidamente. "As pessoas comercializam o que não devem e fazem tudo demasiado rápido", critica.

A sua cautela parece não ter passado de moda já que se traduz em clientes leais. Philippe Labaune, chefe de operações do Stralem, diz que nunca viu Bergman perder um cliente nos quase 20 anos em que já trabalha na Stralem. Apenas aqueles que foram morrendo enquanto ela se foi aproximando do centenário.

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Irene Bergman está a pouco mais de uma semana de a fazer 100 anos e para comemorar o centenário foi convidada para uma cerimónia simbólica: tocar a campainha que abre a sessão em Wall Street, dando indicação aos investidores que podem começar a comprar e vender. É a ‘broker' mais velha da bolsa de Nova Iorque e tem a seu cargo activos de quase dois mil milhões de dólares.

Com a sua voz suave, sentada no seu apartamento do centro de Manhattan, rodeada de quadros de famosos pintores holandeses, deu uma entrevista à Bloomberg onde conta a sua história de vida e o segredo da sua longevidade, que atribui não a uma dieta especial mas aos "bons genes". Justifica a boa forma física com uma vida inteira a montar a cavalo, o que só deixou de fazer aos 80 anos.

Para Irene Bergman é muito importante manter-se forte não só física mas também mentalmente e, para isso, renunciou à reforma e continuou a trabalhar.

Nunca se casou nem teve filhos. Vive no mesmo apartamento há 60 anos, com a sua cadela, Fanny.

Deixou de ir ao escritório em Dezembro passado, aos 99 anos, mas continua a trabalhar de casa e fala todos os dias para a empresa, além de receber alguns clientes por semana.

"Neste negócio o mais importante é conseguir a confiança dos clientes", diz Bergman. E acredita que estes gostam que ela tenha a sua própria fortuna. "Assim, têm a sensação de que não preciso de espremer as suas contas, porque tenho o meu próprio dinheiro", diz.

"Não faça estupidezes" é o grande conselho de Irene Bergman a quem sonha ser corretor da bolsa. Ela própria encontrou nesta sua profissão a concretização do seu sonho de adolescente. O seu pai trabalhava na banca privada na bolsa de Berlim, antes de se mudarem para os Estados Unidos para fugir ao nazismo. Esse mundo parecia-lhe "muito vivo" e a paixão pela bolsa vem já dessa altura.

A primeira mulher na bolsa de Nova Iorque

Irene Bergman foi a primeira mulher a alcançar um lugar no mercado bolsista. "As mulheres não eram muito populares em Wall Street", recorda. Sempre foi um sector dominado por homens.

Quando a sua família saiu da Alemanha e da Holanda e teve de se mudar para os Estados Unidos, Bergman começou a trabalhar, em 1942, como secretária num banco. Só 15 anos mais tarde entrou na Hallgarten, uma empresa da bolsa. Ainda trabalhou para a Loeb Rhoades e está na Stralem desde 1973.

A broker acredita que a experiência da sua família no pós-guerra pesa actualmente nos conselhos aos seus clientes. Os Bergman levaram uma década a recuperar a fortuna depois de chegar a Nova Iorque, já que esta tinha sido congelada pelas autoridades norte-americanas e holandesas.

Sobre Wall Street dos nossos dias comparativamente aos seus primeiros tempos na bolsa, Irene Bergman diz que muitos investidores vivem demasiado obcecados em obter ganhos rápidos e aconselha: "é melhor esperar um mínimo de três anos, ou até mais, antes de avaliar as participações numa empresa. "E não devem ter medo de rever as suas próprias teses", defende. "Se uma investigação a fundo recomenda uma mudança de carteira, é preciso mudar", insiste.

"Quanto mais tempo se leva no negócio, mas pessimista nos tornamos", diz ainda Bergman, adiantando que as acções estão actualmente muito caras.

"A forma de fazer negócios mudou", desabafa, "agora tudo é muito mais competitivo, há muito mais facadas nas costas". Vendem-se grandes blocos de acções muito rapidamente. "As pessoas comercializam o que não devem e fazem tudo demasiado rápido", critica.

A sua cautela parece não ter passado de moda já que se traduz em clientes leais. Philippe Labaune, chefe de operações do Stralem, diz que nunca viu Bergman perder um cliente nos quase 20 anos em que já trabalha na Stralem. Apenas aqueles que foram morrendo enquanto ela se foi aproximando do centenário.

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