O Acidental: Nevou em Portugal

25-01-2012
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Um país incomparavelmente lento e relaxado como o nosso dá-se melhor no Verão. Durante o Inverno, sob outros aspectos mortais, o país, igualmente lento e relaxado, anda também deprimido, sôfrego e impaciente no combate à provação. Contra o Inverno alinham-se objecções de consciência e saudades de Agosto. Para a grande maioria dos nossos compatriotas, o Inverno parece impor à sua vontade um tempo que não passa e uma fleuma pouco menos que britânica que os lembra, paradoxal mas decididamente, que têm mesmo de trabalhar. Hoje, para nossa surpresa, nevou em Portugal e a grande maioria dos nossos compatriotas, habitualmente exaltante com a loucura impossível dos meses de Verão, pareceu gostar da ideia. Os flocos de neve que hoje caíram por todo o lado são aquilo que de mais próximo da prosperidade se encontra ao alcance do país. Os portugueses continuam deprimidos mas sentem-se agora parte da civilização. Não me interessa o que dizem os mais puristas e académicos correccionais. A neve faz mais pela espécie do que três anos de contenção orçamental.[Tiago Geraldo]

Um país incomparavelmente lento e relaxado como o nosso dá-se melhor no Verão. Durante o Inverno, sob outros aspectos mortais, o país, igualmente lento e relaxado, anda também deprimido, sôfrego e impaciente no combate à provação. Contra o Inverno alinham-se objecções de consciência e saudades de Agosto. Para a grande maioria dos nossos compatriotas, o Inverno parece impor à sua vontade um tempo que não passa e uma fleuma pouco menos que britânica que os lembra, paradoxal mas decididamente, que têm mesmo de trabalhar. Hoje, para nossa surpresa, nevou em Portugal e a grande maioria dos nossos compatriotas, habitualmente exaltante com a loucura impossível dos meses de Verão, pareceu gostar da ideia. Os flocos de neve que hoje caíram por todo o lado são aquilo que de mais próximo da prosperidade se encontra ao alcance do país. Os portugueses continuam deprimidos mas sentem-se agora parte da civilização. Não me interessa o que dizem os mais puristas e académicos correccionais. A neve faz mais pela espécie do que três anos de contenção orçamental.[Tiago Geraldo]

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