O Acidental: Cuidado, porque o povo nem sempre é sereno

21-01-2012
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É muito perigosa a ideia de que o resultado das europeias trouxe, ao menos, uma coisa boa, sendo essa a mais que provável manutenção de Ferro Rodrigues à frente do PS até às legislativas e o consequente aumento da possibilidade de vitória da coligação ou do PSD. É perigosa porque parte de um pressuposto optimista, mas (ou por isso mesmo) falso, de que o povo ‘vota sempre ‘bem’, sendo que votar 'bem’, aqui, é não votar em Ferro Rodrigues.O povo, em determinadas situações – que poderá bem ser a que iremos ter nas próximas legislativas – vota, bem ou mal, contra. Contra quem está no governo, sem ter tanto a noção de que esse voto contra é, ainda, um voto a favor do partido ou da pessoa em quem vota para votar contra. A democracia nem sempre premeia o mérito, até porque, às vezes, prefere castigar o demérito (ou aquilo que na óptica da maioria eleitoral merece ser castigado, ainda que em certas outras ópticas, não maioritárias, seja muito meritório).Independentemente das virtudes (menos) e dos defeitos (mais) de Ferro Rodrigues enquanto líder, arriscamo-nos a que ele, por estar no sítio certo, na altura certa, venha a ser o próximo Primeiro-Ministro. E esse cenário, ainda que hipotético, assusta-me. Assim, não confiando na bondade do povo e como me interessa bem mais o País do que os partidos, sentir-me-ia muito mais descansado se Ferro fosse substituído por outro no PS: um Jaime Gama, um António Vitorino, alguém que, apesar de ser um mais forte candidato, não tornasse a vitória do PS numa verdadeira desgraça.Tenho para mim que à frente dos partidos de onde é possível saírem primeiros-ministros (PSD e PS) é sempre melhor estarem bons políticos. E, no caso do PS, os mais competentes para governar são, por sinal, os menos à esquerda.[Eduardo Nogueira Pinto]

É muito perigosa a ideia de que o resultado das europeias trouxe, ao menos, uma coisa boa, sendo essa a mais que provável manutenção de Ferro Rodrigues à frente do PS até às legislativas e o consequente aumento da possibilidade de vitória da coligação ou do PSD. É perigosa porque parte de um pressuposto optimista, mas (ou por isso mesmo) falso, de que o povo ‘vota sempre ‘bem’, sendo que votar 'bem’, aqui, é não votar em Ferro Rodrigues.O povo, em determinadas situações – que poderá bem ser a que iremos ter nas próximas legislativas – vota, bem ou mal, contra. Contra quem está no governo, sem ter tanto a noção de que esse voto contra é, ainda, um voto a favor do partido ou da pessoa em quem vota para votar contra. A democracia nem sempre premeia o mérito, até porque, às vezes, prefere castigar o demérito (ou aquilo que na óptica da maioria eleitoral merece ser castigado, ainda que em certas outras ópticas, não maioritárias, seja muito meritório).Independentemente das virtudes (menos) e dos defeitos (mais) de Ferro Rodrigues enquanto líder, arriscamo-nos a que ele, por estar no sítio certo, na altura certa, venha a ser o próximo Primeiro-Ministro. E esse cenário, ainda que hipotético, assusta-me. Assim, não confiando na bondade do povo e como me interessa bem mais o País do que os partidos, sentir-me-ia muito mais descansado se Ferro fosse substituído por outro no PS: um Jaime Gama, um António Vitorino, alguém que, apesar de ser um mais forte candidato, não tornasse a vitória do PS numa verdadeira desgraça.Tenho para mim que à frente dos partidos de onde é possível saírem primeiros-ministros (PSD e PS) é sempre melhor estarem bons políticos. E, no caso do PS, os mais competentes para governar são, por sinal, os menos à esquerda.[Eduardo Nogueira Pinto]

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