Rice está no Brasil. Rice esteve na Índia. Brilhante. Estou com Vítor Cunha: gostava de encontrar a “Condi” num «riacho de águas límpidas e frias numa tarde de fim de Verão».Por que razão é brilhante? “Condi” está a criar laços com as duas potências emergentes. Brasil e Índia serão fundamentais. Não só porque são grandes potências, mas, acima de tudo, porque são grandes potências kantianas, isto é, potências demo-liberais.A América não precisa de ser um Império. Necessita, isso sim, de deixar de lado as “realpolitics” e assumir-se como líder do mundo kantiano. As “Repúblicas” precisam de estar unidas contra a ameaça actual (tiranias, estados-falhados, terrorismo) e contra a óbvia ameaça futura: emergência da China.Neste sentido, a Índia deu um sinal fabuloso (ignorado na Europa). Fabuloso para quem acredita na “Sociedade Internacional” de Bull, ou, se quiserem, na “Paz Perpétua” de Kant (atenção: ao contrário do que diz o vulgo da nossa era, Kant não era um pacifista nem um defensor de orgãos supra-nacionais. Era um liberal clássico que defendia o direito das “Repúblicas” atacarem as não-Repúblicas. E até de forma preventiva…).E o sinal é este:«Just as George Bush has been reaffirming America’s championing of free democracies around the world, India’s prime minister, Manmahan Singh, has been redefining India’s role in the world. Last month he made a speech positioning India no longer as a leader of the third world, nor a cold-war non-alignment, but as “proud to identify with those who defend the values of liberal democracy and secularism across the world» (The Economist)Já perceberam por que razão foi ignorado: a Índia deixou cair a velha retórica neo-marxista e terceiro-mundista e assumiu-se como a potência kantiana da região.Pode o Brasil fazer o mesmo? Força Lula, continua a derivar para a direita.[Henrique Raposo]
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Rice está no Brasil. Rice esteve na Índia. Brilhante. Estou com Vítor Cunha: gostava de encontrar a “Condi” num «riacho de águas límpidas e frias numa tarde de fim de Verão».Por que razão é brilhante? “Condi” está a criar laços com as duas potências emergentes. Brasil e Índia serão fundamentais. Não só porque são grandes potências, mas, acima de tudo, porque são grandes potências kantianas, isto é, potências demo-liberais.A América não precisa de ser um Império. Necessita, isso sim, de deixar de lado as “realpolitics” e assumir-se como líder do mundo kantiano. As “Repúblicas” precisam de estar unidas contra a ameaça actual (tiranias, estados-falhados, terrorismo) e contra a óbvia ameaça futura: emergência da China.Neste sentido, a Índia deu um sinal fabuloso (ignorado na Europa). Fabuloso para quem acredita na “Sociedade Internacional” de Bull, ou, se quiserem, na “Paz Perpétua” de Kant (atenção: ao contrário do que diz o vulgo da nossa era, Kant não era um pacifista nem um defensor de orgãos supra-nacionais. Era um liberal clássico que defendia o direito das “Repúblicas” atacarem as não-Repúblicas. E até de forma preventiva…).E o sinal é este:«Just as George Bush has been reaffirming America’s championing of free democracies around the world, India’s prime minister, Manmahan Singh, has been redefining India’s role in the world. Last month he made a speech positioning India no longer as a leader of the third world, nor a cold-war non-alignment, but as “proud to identify with those who defend the values of liberal democracy and secularism across the world» (The Economist)Já perceberam por que razão foi ignorado: a Índia deixou cair a velha retórica neo-marxista e terceiro-mundista e assumiu-se como a potência kantiana da região.Pode o Brasil fazer o mesmo? Força Lula, continua a derivar para a direita.[Henrique Raposo]