O Acidental: Na América, a culpa não morre solteira

03-07-2011
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1. Depois dos “posts” anteriores, um amigo telefona-me:- Com a breca, mas não achas que houve erros e atrasos na condução da crise?- Com a breca, não era esse o ponto! 2. Claro que houve erros. E os americanos já admitiram os erros, falhas e atrasos.3. Mas, antes de falar dos erros, faço esta pergunta: será que as pessoas têm a noção daquilo que fustigou toda a costa sul-americana? Aquilo é um monstro que destrói pontes de betão-armado? Planeamento? Mas desde quando os homens têm planos e tecnologia para parar um tufão daquela magnitude? O que se passou foi o seguinte: Estávamos todos à espera que a América fosse a América, isto é, que fosse invencível. E não foi. Estamos todos em estado de choque. Mas o meu choque não legitima insultos baratos. Ou as pessoas pensam que estão mais chocados e tristes do que os próprios americanos?4. Os erros. Fala-se de erros de avaliação (priori)? Não sei falar disso. Não tenho autoridade para medir esta questão. Mas calculo que surgirão milhares de meteorologistas instantâneos por esse mundo fora.... Mas sei de uma coisa: a ajuda (posteriori) – que implica decisão e processo político – demorou muito tempo. Demasiado tempo para a Era da comunicação instantânea. Neste caso, a América pagou caro uma das suas… virtudes: a descentralização. A descentralização política não foi feita para lidar com uma catástrofe desta magnitude. Mas, atenção, isto não iliba potenciais responsáveis. 5. E o sistema político e legal americano não brinca em serviço. Na América, a culpa não morre solteira. A culpa não é do colectivo que serve de desculpa para os infractores e responsáveis individuais. Na América, presta-se contas. Individualmente. Houve erros de cálculo? Provavelmente. Os indivíduos responsáveis por esse sector – caso se prove que falharam - serão responsabilizados. A ajuda chegou tarde? Sim. Alguém também será responsabilizado. A todos os níveis: local, estadual e federal. Esta é uma das virtudes do sistema americano. Sabemos que os responsáveis pagaram pelos seus erros. Haverá demissões e, provavelmente, processos legais (acusações de negligência). É assim que se faz política num país liberal. [Henrique Raposo]

1. Depois dos “posts” anteriores, um amigo telefona-me:- Com a breca, mas não achas que houve erros e atrasos na condução da crise?- Com a breca, não era esse o ponto! 2. Claro que houve erros. E os americanos já admitiram os erros, falhas e atrasos.3. Mas, antes de falar dos erros, faço esta pergunta: será que as pessoas têm a noção daquilo que fustigou toda a costa sul-americana? Aquilo é um monstro que destrói pontes de betão-armado? Planeamento? Mas desde quando os homens têm planos e tecnologia para parar um tufão daquela magnitude? O que se passou foi o seguinte: Estávamos todos à espera que a América fosse a América, isto é, que fosse invencível. E não foi. Estamos todos em estado de choque. Mas o meu choque não legitima insultos baratos. Ou as pessoas pensam que estão mais chocados e tristes do que os próprios americanos?4. Os erros. Fala-se de erros de avaliação (priori)? Não sei falar disso. Não tenho autoridade para medir esta questão. Mas calculo que surgirão milhares de meteorologistas instantâneos por esse mundo fora.... Mas sei de uma coisa: a ajuda (posteriori) – que implica decisão e processo político – demorou muito tempo. Demasiado tempo para a Era da comunicação instantânea. Neste caso, a América pagou caro uma das suas… virtudes: a descentralização. A descentralização política não foi feita para lidar com uma catástrofe desta magnitude. Mas, atenção, isto não iliba potenciais responsáveis. 5. E o sistema político e legal americano não brinca em serviço. Na América, a culpa não morre solteira. A culpa não é do colectivo que serve de desculpa para os infractores e responsáveis individuais. Na América, presta-se contas. Individualmente. Houve erros de cálculo? Provavelmente. Os indivíduos responsáveis por esse sector – caso se prove que falharam - serão responsabilizados. A ajuda chegou tarde? Sim. Alguém também será responsabilizado. A todos os níveis: local, estadual e federal. Esta é uma das virtudes do sistema americano. Sabemos que os responsáveis pagaram pelos seus erros. Haverá demissões e, provavelmente, processos legais (acusações de negligência). É assim que se faz política num país liberal. [Henrique Raposo]

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