O Acidental: Dicionário de bolso (Palermo)*

22-01-2012
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Avenidas: Em tamanho são iguais às de Paris. Em lojas, iguais às de Milão.Café: Spinatto, na Via Belmonte. O mais antigo de Palermo. Na esplanada e na companhia de alguns Gin Tónicos, tentei ler uma edição do Príncipe em italiano. Ao fim de duas horas de copos não havia palavra que não conseguisse traduzir.Devoluta: Ao domingo fico com as ruas todas para mim.Ecumenismo: A Capela Palatina. No Palácio dos Normandos. Em estilo Bizantino. Não é a mais bonita, nem a mais imponente do mundo, mas será das poucas construída para três cultos: o católico, o ortodoxo e o muçulmano.Futebol: Há muito que deixou de ser um desporto ou uma paixão. É simplesmente uma doença. Genoma: a elegância de um italiano, a presunção de um francês, a arrogância de um castelhano e o espírito negocial de um árabe.História: Fenícios, Cartagineses, Romanos, Bizantinos, Árabes, Normandos, Habsburgos, Bourbons, Sabóias. Só os melhores, e mais fortes merecem a ilha da Sicília.Honra: (ver soberba)Idiomas: Falam todos os idiomas do mundo desde que seja italiano.Leopardo: Em conversa com os duques e as duquesas reparo que o Reino nem precisou de mudar muito para que tudo ficasse na mesma.Máfia: Dizem-me a sorrir: “a verdadeira máfia está em Roma”. Mesmo assim reparo que todos os dias morre alguém de causas pouco naturais.Mourinho: Nem Eusébio, nem Amália, nem Figo. O português mais conhecido no mundo é o treinador do Chelsea.Nobreza: Não há lugarejo naquela ilha que não tenha um Príncipe. Por cada príncipe dois marqueses, por cada marquês cinco duques, por cada duque oito condes, por cada conde onze viscondes. Aos restantes plebeus eram distribuídos baronatos. Olhar: A cidade é feita para isso. Olhar. Para os palácios, para as Igrejas, para o que escondem as esquinas. Para elas. Horas a fio.Polícia: Muita. Metralhadoras. Carros com sirenes a apitar lembram os saudosos dias em que O Polvo passava no canal 2.Sensualidade: Toda. Nos gestos, nas palavras, no olhar e no toque. Como as sereias, também elas cantam quando falam, entorpecendo os sentidos do incauto navegante que por ali passa. Sensualidade. Sexualidade. A decadência não passa de moda.Sinistra: o termo serve para definir a esquerda. Em rigor aplica-se a toda a política italiana.Soberba: a essência de um siciliano.Tolerância: Durante séculos todos os documentos oficiais da Sicília eram escritos em pelo menos três línguas: latim, grego e árabe.Vendetta: Tive o cuidado de não fazer perguntas e de evitar os olhares.*Desculpa lá Eduardo, mas o título e o formato eram irresistíveis. Segue o cheque por correio nestes próximos dias. [Rodrigo Moita de Deus]

Avenidas: Em tamanho são iguais às de Paris. Em lojas, iguais às de Milão.Café: Spinatto, na Via Belmonte. O mais antigo de Palermo. Na esplanada e na companhia de alguns Gin Tónicos, tentei ler uma edição do Príncipe em italiano. Ao fim de duas horas de copos não havia palavra que não conseguisse traduzir.Devoluta: Ao domingo fico com as ruas todas para mim.Ecumenismo: A Capela Palatina. No Palácio dos Normandos. Em estilo Bizantino. Não é a mais bonita, nem a mais imponente do mundo, mas será das poucas construída para três cultos: o católico, o ortodoxo e o muçulmano.Futebol: Há muito que deixou de ser um desporto ou uma paixão. É simplesmente uma doença. Genoma: a elegância de um italiano, a presunção de um francês, a arrogância de um castelhano e o espírito negocial de um árabe.História: Fenícios, Cartagineses, Romanos, Bizantinos, Árabes, Normandos, Habsburgos, Bourbons, Sabóias. Só os melhores, e mais fortes merecem a ilha da Sicília.Honra: (ver soberba)Idiomas: Falam todos os idiomas do mundo desde que seja italiano.Leopardo: Em conversa com os duques e as duquesas reparo que o Reino nem precisou de mudar muito para que tudo ficasse na mesma.Máfia: Dizem-me a sorrir: “a verdadeira máfia está em Roma”. Mesmo assim reparo que todos os dias morre alguém de causas pouco naturais.Mourinho: Nem Eusébio, nem Amália, nem Figo. O português mais conhecido no mundo é o treinador do Chelsea.Nobreza: Não há lugarejo naquela ilha que não tenha um Príncipe. Por cada príncipe dois marqueses, por cada marquês cinco duques, por cada duque oito condes, por cada conde onze viscondes. Aos restantes plebeus eram distribuídos baronatos. Olhar: A cidade é feita para isso. Olhar. Para os palácios, para as Igrejas, para o que escondem as esquinas. Para elas. Horas a fio.Polícia: Muita. Metralhadoras. Carros com sirenes a apitar lembram os saudosos dias em que O Polvo passava no canal 2.Sensualidade: Toda. Nos gestos, nas palavras, no olhar e no toque. Como as sereias, também elas cantam quando falam, entorpecendo os sentidos do incauto navegante que por ali passa. Sensualidade. Sexualidade. A decadência não passa de moda.Sinistra: o termo serve para definir a esquerda. Em rigor aplica-se a toda a política italiana.Soberba: a essência de um siciliano.Tolerância: Durante séculos todos os documentos oficiais da Sicília eram escritos em pelo menos três línguas: latim, grego e árabe.Vendetta: Tive o cuidado de não fazer perguntas e de evitar os olhares.*Desculpa lá Eduardo, mas o título e o formato eram irresistíveis. Segue o cheque por correio nestes próximos dias. [Rodrigo Moita de Deus]

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