Há um assunto que é demasiado importante para nos darmos ao luxo de passar ao lado.
A Ucrânia é um país dividido. Não é uma constatação pós-eleitoral, é uma verificação óbvia quando se viaja através desse enorme país europeu. No oeste há quem fale inglês e os letreiros e os reclames das lojas estão escritos em alfabeto latino, no leste não há uma palavra que não esteja em cirílico.
No lado ocidental desconfia-se do oriental, "infestado de russos e tchetchenos" como me disseram uma vez. No Leste, menos desenvolvido, há minas abandonadas, indústrias fechadas e muita imigração cladestina (sim, há quem emigre PARA a Ucrânia).
Há dois meses foi pedido, pela campanha de Yushchenko, que pudesse ter observadores nas mesas de voto em Portugal. A Juventude Popular (a mesma que tu, Rodrigo, achas que serve apenas para disputar concelhias) foi indicada para este efeito por um dos partidos. O MNE ucraniano recusou observadores nas suas embaixadas europeias.
Putin tem alguma razão quando afirma que não se pode colorir os candidatos apenas como pró-ocidente ou pró-russia. Mas posso dividir entre passado e futuro. Entre uma presidência que aprisiona e expulsa jornalistas, que controla a polícia secreta, com sonhos imperiais... e uma democracia liberal europeia, aproximando-se da UE e da NATO.
Neste momento estamos a assistir à disputa pela fronteira da Europa. A Russia apressou-se a congratular um dos candidatos, mesmo contra os resultados da primeira volta e das sondagens, antes da publicação final dos votos. Hoje mesmo ameaçaram terminar com a viabilidade da OSCE, que tem observadores no campo.
Hoje, no frio, na Ucrânia, joga-se o tabuleiro geopolítico do sudeste europeu. Por uma UE que pode ter neste país a sua fronteira última, pelos EUA na luta contínua pelo controlo da zona entre o Mar Negro e o Mar Cáspio. E pela Federação Russa, que teme assim ser emparedada entre a UE a oeste e estados-pipeline controlados pela América a Sul.
Esta UE que continua por se definir, e por isso mesmo, não sabe como se relacionar com a Russia. Hoje já não há "buffer-states", apenas direitos humanos e democracias... são os povos que escolhem, dizem. Pois, estamos a ver...
[DBH]
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Há um assunto que é demasiado importante para nos darmos ao luxo de passar ao lado.
A Ucrânia é um país dividido. Não é uma constatação pós-eleitoral, é uma verificação óbvia quando se viaja através desse enorme país europeu. No oeste há quem fale inglês e os letreiros e os reclames das lojas estão escritos em alfabeto latino, no leste não há uma palavra que não esteja em cirílico.
No lado ocidental desconfia-se do oriental, "infestado de russos e tchetchenos" como me disseram uma vez. No Leste, menos desenvolvido, há minas abandonadas, indústrias fechadas e muita imigração cladestina (sim, há quem emigre PARA a Ucrânia).
Há dois meses foi pedido, pela campanha de Yushchenko, que pudesse ter observadores nas mesas de voto em Portugal. A Juventude Popular (a mesma que tu, Rodrigo, achas que serve apenas para disputar concelhias) foi indicada para este efeito por um dos partidos. O MNE ucraniano recusou observadores nas suas embaixadas europeias.
Putin tem alguma razão quando afirma que não se pode colorir os candidatos apenas como pró-ocidente ou pró-russia. Mas posso dividir entre passado e futuro. Entre uma presidência que aprisiona e expulsa jornalistas, que controla a polícia secreta, com sonhos imperiais... e uma democracia liberal europeia, aproximando-se da UE e da NATO.
Neste momento estamos a assistir à disputa pela fronteira da Europa. A Russia apressou-se a congratular um dos candidatos, mesmo contra os resultados da primeira volta e das sondagens, antes da publicação final dos votos. Hoje mesmo ameaçaram terminar com a viabilidade da OSCE, que tem observadores no campo.
Hoje, no frio, na Ucrânia, joga-se o tabuleiro geopolítico do sudeste europeu. Por uma UE que pode ter neste país a sua fronteira última, pelos EUA na luta contínua pelo controlo da zona entre o Mar Negro e o Mar Cáspio. E pela Federação Russa, que teme assim ser emparedada entre a UE a oeste e estados-pipeline controlados pela América a Sul.
Esta UE que continua por se definir, e por isso mesmo, não sabe como se relacionar com a Russia. Hoje já não há "buffer-states", apenas direitos humanos e democracias... são os povos que escolhem, dizem. Pois, estamos a ver...
[DBH]