O Acidental: Não há recusas grátis

03-07-2011
marcar artigo

Terminado mais um fecho de edição, a uma adiantada hora em que os restaurantes abertos nesta parte da Avenida Almirante Reis se resumem à barulhenta e sobreavaliada Portugália - e demasiado cansado para pegar nos "remains of the thursday" e rumar de imediato a casa -, a solução mais fácil para matar a fome foi telefonar para uma conhecida cadeia de "fast food" e fazer a (demasiado recorrente) encomenda para entrega de mantimentos no domicílio profissional. Um processo mil vezes repetido, mas que desta vez revelou-se complicado.— Tem a oferta de uma lata de bebida — informou o prestável profissional de atendimento de pedidos depois de lhe dizer o tipo e o tamanho de "pizza" que pretendia.— Que bebidas tem? — perguntei eu, sabendo já que a resposta não seria nada satisfatória e estando tomado pela vontade de, por uma vez, contrariar o "sistema".— Coca-Cola, Sprite e Fanta.— Então deixe estar. Não quero nenhuma.Seguiram-se uns segundos de silêncio e o pousar do telefone no outro lado da linha, permitindo-me ouvir a demanda de orientações junto de colegas que talvez tivessem "seniority".— Tenho aqui um senhor que não quer a lata de bebida.— Diz que é grátis — sugeriu outro dos funcionários da renomada cadeia de "fast food".De volta ao telefone, o atendedor de pedidos voltou à carga.— Não tem de pagar pela bebida...— Tenho consciência disso — interrompi-o, procurando corrigir logo de seguida o tom ríspido de quem estava cansado e com pouca paciência após um longo dia de trabalho. — Simplesmente não gosto de nenhuma das bebidas que vocês oferecem.Posto isto, trocámos os “boas noites" da cortesia e desliguei. Será que ficarei na memória de quem estava no turno como o tipo que recusou uma bebida grátis?[Leonardo Ralha]P.S. - Um grande 2006 para todos os Acidentais e para quem por aqui passa os olhos.

Terminado mais um fecho de edição, a uma adiantada hora em que os restaurantes abertos nesta parte da Avenida Almirante Reis se resumem à barulhenta e sobreavaliada Portugália - e demasiado cansado para pegar nos "remains of the thursday" e rumar de imediato a casa -, a solução mais fácil para matar a fome foi telefonar para uma conhecida cadeia de "fast food" e fazer a (demasiado recorrente) encomenda para entrega de mantimentos no domicílio profissional. Um processo mil vezes repetido, mas que desta vez revelou-se complicado.— Tem a oferta de uma lata de bebida — informou o prestável profissional de atendimento de pedidos depois de lhe dizer o tipo e o tamanho de "pizza" que pretendia.— Que bebidas tem? — perguntei eu, sabendo já que a resposta não seria nada satisfatória e estando tomado pela vontade de, por uma vez, contrariar o "sistema".— Coca-Cola, Sprite e Fanta.— Então deixe estar. Não quero nenhuma.Seguiram-se uns segundos de silêncio e o pousar do telefone no outro lado da linha, permitindo-me ouvir a demanda de orientações junto de colegas que talvez tivessem "seniority".— Tenho aqui um senhor que não quer a lata de bebida.— Diz que é grátis — sugeriu outro dos funcionários da renomada cadeia de "fast food".De volta ao telefone, o atendedor de pedidos voltou à carga.— Não tem de pagar pela bebida...— Tenho consciência disso — interrompi-o, procurando corrigir logo de seguida o tom ríspido de quem estava cansado e com pouca paciência após um longo dia de trabalho. — Simplesmente não gosto de nenhuma das bebidas que vocês oferecem.Posto isto, trocámos os “boas noites" da cortesia e desliguei. Será que ficarei na memória de quem estava no turno como o tipo que recusou uma bebida grátis?[Leonardo Ralha]P.S. - Um grande 2006 para todos os Acidentais e para quem por aqui passa os olhos.

marcar artigo