O Acidental: Scut: é a esperança que renasce

03-07-2011
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No país do faz de conta, a lei do protestómetro continua a funcionar. Quanto maiores forem os protestos, mais o governo está a ser "corajoso" e a actuar em sentido "positivo". Ministros que ainda ontem eram uma nódoa, ficam limpos a brilhar. O que está a dar é tomar "medidas difíceis" e quanto mais impopulares melhor. Mesmo que sejam apenas meras reformas de cosmética, para encher o olho, que ajudam a preservar este belo Estado Providência em que todos gostamos tanto de viver. Devemos por isso aplaudir quem está a deixar a justiça de rastos e permite que orgãos de soberania entrem em greve; quem tem promovido investigações públicas e notórias a bancos e banqueiros, sobretudo se forem só os portugueses porque os estrangeiros não aceitam obviamente "transacções suspeitas"; quem retira "privilégios inaceitáveis" a professores e médicos, que por junto são todos uns reles malandros; ou ainda, quem manda cortar as pensões dos ex-combatentes que não queriam mais nada e esperavam que este governo socialista cumprisse um processo iniciado por outro governo socialista. Cereja em cima do bolo, proeza das proezas, acto de coragem inaudita, é quando não se cumprem as promessas eleitorais. Quebrá-las publicamente com todo o despudor - eis a regra número 1 da governação do séc. XXI. Como escreve hoje - e muito bem, assinale-se - o dr. Sarsfield Cabral - este Orçamento de Estado “é um passo positivo. No Governo, o PS percebeu finalmente que a chamada "obsessão pelo défice" não era um capricho de Manuela Ferreira Leite. E até já recuou nas Scut”. Vejam como é maravilhoso: "até já recuou nas Scut"!Depois de ter demonstrado a magnífica coragem de aumentar os impostos quando tinha prometido repetidas vezes que não o iria fazer, o primeiro-ministro José Sócrates conseguiu ir ainda mais longe: arrumou na gaveta a promessa inabalável que fez durante a última campanha eleitoral de jamais permitir portagens nas Scut em nome de quem sofre na pele os custos da interioridade. Foi uma das suas bandeiras contra o malfadado governo anterior. Mas o que é que isso interessa agora? É assim que a esperança vai renascendo no coração de todos os portugueses.[Paulo Pinto Mascarenhas]

No país do faz de conta, a lei do protestómetro continua a funcionar. Quanto maiores forem os protestos, mais o governo está a ser "corajoso" e a actuar em sentido "positivo". Ministros que ainda ontem eram uma nódoa, ficam limpos a brilhar. O que está a dar é tomar "medidas difíceis" e quanto mais impopulares melhor. Mesmo que sejam apenas meras reformas de cosmética, para encher o olho, que ajudam a preservar este belo Estado Providência em que todos gostamos tanto de viver. Devemos por isso aplaudir quem está a deixar a justiça de rastos e permite que orgãos de soberania entrem em greve; quem tem promovido investigações públicas e notórias a bancos e banqueiros, sobretudo se forem só os portugueses porque os estrangeiros não aceitam obviamente "transacções suspeitas"; quem retira "privilégios inaceitáveis" a professores e médicos, que por junto são todos uns reles malandros; ou ainda, quem manda cortar as pensões dos ex-combatentes que não queriam mais nada e esperavam que este governo socialista cumprisse um processo iniciado por outro governo socialista. Cereja em cima do bolo, proeza das proezas, acto de coragem inaudita, é quando não se cumprem as promessas eleitorais. Quebrá-las publicamente com todo o despudor - eis a regra número 1 da governação do séc. XXI. Como escreve hoje - e muito bem, assinale-se - o dr. Sarsfield Cabral - este Orçamento de Estado “é um passo positivo. No Governo, o PS percebeu finalmente que a chamada "obsessão pelo défice" não era um capricho de Manuela Ferreira Leite. E até já recuou nas Scut”. Vejam como é maravilhoso: "até já recuou nas Scut"!Depois de ter demonstrado a magnífica coragem de aumentar os impostos quando tinha prometido repetidas vezes que não o iria fazer, o primeiro-ministro José Sócrates conseguiu ir ainda mais longe: arrumou na gaveta a promessa inabalável que fez durante a última campanha eleitoral de jamais permitir portagens nas Scut em nome de quem sofre na pele os custos da interioridade. Foi uma das suas bandeiras contra o malfadado governo anterior. Mas o que é que isso interessa agora? É assim que a esperança vai renascendo no coração de todos os portugueses.[Paulo Pinto Mascarenhas]

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