O Acidental: O passo capital

02-07-2011
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"A Capital" tornou-se motivo das mais diversas anedotas desde que passou a ter como director o pós-semiótico de esquerda, Luís Osório. A capa mais extraordinária dos últimos tempos na imprensa portuguesa saiu porém na sexta-feira passada, com o diário lisboeta a fazer manchete com um suposto "Verão Quente de 2004" e a frase "Hoje ou amanhã Jorge Sampaio falará ao país e marcará eleições antecipadas". A merecerem um prémio também as duas páginas interiores do mesmo dia com as mais variadas capas em que se demonstrariam as invulgares capacidades divinatórias do jornal, com o título de “A Capital, sempre um passo à frente”. O tom categórico e sem quaisquer dúvidas com que "A Capital" afirmava o que se verificou ser afinal um palpite errado, supostamente baseado em fontes "absolutamente fidedignas" - deviam ser as mesmas de Francisco Louçã - foi explicado logo no sábado em editorial por director e director-adjunto. Mas os dois responsáveis pela profecia frustrada ainda se dão ao luxo de se mostrar zangados com a decisão presidencial, chegando ao ponto de escrever que "o Presidente já não é propriamente um democrata, é mais um homem que teve medo que julgassem que estava a fazer um favor ao Partido Socialista". Isto no mesmo parágrafo em que dizem exactamente o contrário, ou seja, que Jorge Sampaio decidiu "com enorme coragem, muito mais do que a que precisava se a sua decisão fosse a contrária". Moral da história: ao pretender estar sempre um passo em frente, “A Capital” deu um passo em falso e meteu os pés pelas mãos.
[PPM]

"A Capital" tornou-se motivo das mais diversas anedotas desde que passou a ter como director o pós-semiótico de esquerda, Luís Osório. A capa mais extraordinária dos últimos tempos na imprensa portuguesa saiu porém na sexta-feira passada, com o diário lisboeta a fazer manchete com um suposto "Verão Quente de 2004" e a frase "Hoje ou amanhã Jorge Sampaio falará ao país e marcará eleições antecipadas". A merecerem um prémio também as duas páginas interiores do mesmo dia com as mais variadas capas em que se demonstrariam as invulgares capacidades divinatórias do jornal, com o título de “A Capital, sempre um passo à frente”. O tom categórico e sem quaisquer dúvidas com que "A Capital" afirmava o que se verificou ser afinal um palpite errado, supostamente baseado em fontes "absolutamente fidedignas" - deviam ser as mesmas de Francisco Louçã - foi explicado logo no sábado em editorial por director e director-adjunto. Mas os dois responsáveis pela profecia frustrada ainda se dão ao luxo de se mostrar zangados com a decisão presidencial, chegando ao ponto de escrever que "o Presidente já não é propriamente um democrata, é mais um homem que teve medo que julgassem que estava a fazer um favor ao Partido Socialista". Isto no mesmo parágrafo em que dizem exactamente o contrário, ou seja, que Jorge Sampaio decidiu "com enorme coragem, muito mais do que a que precisava se a sua decisão fosse a contrária". Moral da história: ao pretender estar sempre um passo em frente, “A Capital” deu um passo em falso e meteu os pés pelas mãos.
[PPM]

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