1. O multiculturalismo é especialista em aproveitar a culpa pós-colonial da Europa. Cultiva-se o desprezo pelo Ocidente ou mesmo por tudo o que é Branco e, simultaneamente, desculpabiliza-se ideologicamente o Outro, o Não-Ocidental. É este constante isco lançado sobre a culpa europeia e esta constante vitimização do Outro que origina o caricato: um presidente de câmara em França vai ao funeral de dois delinquentes, mas ignora o funeral de uma vítima da delinquência. 2. É também por isso que algumas práticas desumanas de outras culturas são desculpadas, obsessivamente contextualizadas ou simplesmente ignoradas. A excisão genital é relativizada (mesmo quando realizada em solo europeu) porque uma civilização inteira - a Europa - tem medo do fantasma do racismo e do colonialismo. Vivemos um ambiente intelectual marcado por simples truques de recreio de escola: “Não podes falar em X, Y, ou Z. Se falares, eu uso a palavra “racista” para te descrever" - uma reprodução adulta do "não podes falar com a Joana, ou então ou chamo a professora".[Henrique Raposo]
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1. O multiculturalismo é especialista em aproveitar a culpa pós-colonial da Europa. Cultiva-se o desprezo pelo Ocidente ou mesmo por tudo o que é Branco e, simultaneamente, desculpabiliza-se ideologicamente o Outro, o Não-Ocidental. É este constante isco lançado sobre a culpa europeia e esta constante vitimização do Outro que origina o caricato: um presidente de câmara em França vai ao funeral de dois delinquentes, mas ignora o funeral de uma vítima da delinquência. 2. É também por isso que algumas práticas desumanas de outras culturas são desculpadas, obsessivamente contextualizadas ou simplesmente ignoradas. A excisão genital é relativizada (mesmo quando realizada em solo europeu) porque uma civilização inteira - a Europa - tem medo do fantasma do racismo e do colonialismo. Vivemos um ambiente intelectual marcado por simples truques de recreio de escola: “Não podes falar em X, Y, ou Z. Se falares, eu uso a palavra “racista” para te descrever" - uma reprodução adulta do "não podes falar com a Joana, ou então ou chamo a professora".[Henrique Raposo]