O Acidental: Scruton, Kant e a necessidade do Estado

05-07-2011
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Roger Scruton, um conservador da tradição liberal britânica (isto é, um conservador liberal), utiliza o legado de Kant para criticar as ideologias pós-Estado de Habermas e companhia.Tal como Kant, Scruton sabe duas coisas:1. Sem Estado, não há democracia constitucional. Nunca percebi uma coisa nos ortodoxos de um super-estado europeu ou mesmo de um estado mundial: como é que arrumam o constitucionalismo e a democracia nesses projectos? Onde é que está o “demos” de um super estado europeu? E façam lá o favor de indicar onde é que está o “demos” de um estado mundial? Resposta: não está. Não há. É por isso que alguns mais radicais já falam, com desprezo, de um tal “fetichismo constitucional”. O que interessa, dizem, é haver um “espírito de unidade” (foi V. que pediu o regresso do reaccionarismo romântico? Pois bem, aqui o tem). Outros, ainda, cantam a delícia que seria um mundo dirigido por um único pólo iluminado - o culto dos filósofos-rei. Novamente. Aliás, eternamente.2. Sem um Estado onde introduzir leis cosmopolitas, o cosmopolitismo é apenas uma palavra que rima com hipismo. Sem estados cosmopolitas não há cosmopolitismo. O ideal e a praxis cosmopolitas não se fazem contra o Estado. Fazem-se dentro e a favor do Estado. Será assim enquanto os homens possuírem esta irritante incapacidade para ganhar asas.[Henrique Raposo]

Roger Scruton, um conservador da tradição liberal britânica (isto é, um conservador liberal), utiliza o legado de Kant para criticar as ideologias pós-Estado de Habermas e companhia.Tal como Kant, Scruton sabe duas coisas:1. Sem Estado, não há democracia constitucional. Nunca percebi uma coisa nos ortodoxos de um super-estado europeu ou mesmo de um estado mundial: como é que arrumam o constitucionalismo e a democracia nesses projectos? Onde é que está o “demos” de um super estado europeu? E façam lá o favor de indicar onde é que está o “demos” de um estado mundial? Resposta: não está. Não há. É por isso que alguns mais radicais já falam, com desprezo, de um tal “fetichismo constitucional”. O que interessa, dizem, é haver um “espírito de unidade” (foi V. que pediu o regresso do reaccionarismo romântico? Pois bem, aqui o tem). Outros, ainda, cantam a delícia que seria um mundo dirigido por um único pólo iluminado - o culto dos filósofos-rei. Novamente. Aliás, eternamente.2. Sem um Estado onde introduzir leis cosmopolitas, o cosmopolitismo é apenas uma palavra que rima com hipismo. Sem estados cosmopolitas não há cosmopolitismo. O ideal e a praxis cosmopolitas não se fazem contra o Estado. Fazem-se dentro e a favor do Estado. Será assim enquanto os homens possuírem esta irritante incapacidade para ganhar asas.[Henrique Raposo]

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