O Acidental: E que tal o Cosmopolitismo e o Indivíduo?

01-07-2011
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1.É incrível: quando se fala da integração de imigrantes, os europeus, aparentemente, só conhecem dois modelos: o republicanismo francês ou o multiculturalismo. Mas e que tal recuperar o Cosmopolitismo? É assim tão difícil recuperar a tradição que… fez o Ocidente que somos, baseado no reconhecimento público e constitucional do indivíduo (não de comunidades - o inverso do multiculturalismo) e na liberdade privada desse mesmo indivíduo para o desenvolvimento da sua cultura e comunidade ao nível pré-político (o inverso da homogeneização do modelo republicano francês). Isto é, todos os indivíduos, brancos ou azuis, são iguais perante a lei (são iguais nos direitos e deveres ao nível público) e têm o direito à diferença na esfera privada e pré-política. 2. Confesso que não entendo o aparente desprezo pelo Indivíduo visível na Europa. Este debate entre "Republicanismo vs. Multiculturalismo" prova que os europeus apenas concebem a sociedade como algo 100% colectivo. Os dois modelos são colectivistas; colocam o indivíduo à mercê do colectivo. Ou há homogeneização total (modelo republicano) ou há homogeneização culturalista ou comunitária (multiculturalismo). Nunca aparece o cosmopolitismo baseado no Indivíduo. 3.O que perdemos aqui? Já ninguém consegue pensar sem recorrer ao Nós? toda a gente tem o ser-se cosmopolita na boca, mas ninguém parece saber o que isso realmente representa. Parece que já ninguém consegue pensar através da separação clássica privado vs. público. Os republicanos franceses pretendem que as pessoas se comportem publicamente na esfera privada, e os multiculturalistas querem que as pessoas se comportem privadamente em público. Só há Nós. Sabem o que isto é? É o mundo do Orwell, do Huxley e, precisamente, do “Nós” de Zamiatine: um mundo de paredes de vidro onde não há individualidade, onde não há privacidade, onde o íntimo é o público e vice-versa. É um mundo de escravos. [Henrique Raposo]

1.É incrível: quando se fala da integração de imigrantes, os europeus, aparentemente, só conhecem dois modelos: o republicanismo francês ou o multiculturalismo. Mas e que tal recuperar o Cosmopolitismo? É assim tão difícil recuperar a tradição que… fez o Ocidente que somos, baseado no reconhecimento público e constitucional do indivíduo (não de comunidades - o inverso do multiculturalismo) e na liberdade privada desse mesmo indivíduo para o desenvolvimento da sua cultura e comunidade ao nível pré-político (o inverso da homogeneização do modelo republicano francês). Isto é, todos os indivíduos, brancos ou azuis, são iguais perante a lei (são iguais nos direitos e deveres ao nível público) e têm o direito à diferença na esfera privada e pré-política. 2. Confesso que não entendo o aparente desprezo pelo Indivíduo visível na Europa. Este debate entre "Republicanismo vs. Multiculturalismo" prova que os europeus apenas concebem a sociedade como algo 100% colectivo. Os dois modelos são colectivistas; colocam o indivíduo à mercê do colectivo. Ou há homogeneização total (modelo republicano) ou há homogeneização culturalista ou comunitária (multiculturalismo). Nunca aparece o cosmopolitismo baseado no Indivíduo. 3.O que perdemos aqui? Já ninguém consegue pensar sem recorrer ao Nós? toda a gente tem o ser-se cosmopolita na boca, mas ninguém parece saber o que isso realmente representa. Parece que já ninguém consegue pensar através da separação clássica privado vs. público. Os republicanos franceses pretendem que as pessoas se comportem publicamente na esfera privada, e os multiculturalistas querem que as pessoas se comportem privadamente em público. Só há Nós. Sabem o que isto é? É o mundo do Orwell, do Huxley e, precisamente, do “Nós” de Zamiatine: um mundo de paredes de vidro onde não há individualidade, onde não há privacidade, onde o íntimo é o público e vice-versa. É um mundo de escravos. [Henrique Raposo]

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