O Acidental: O golpe de estado sindicalista

02-07-2011
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A ler com muita atenção: Proença de Carvalho, “O Problema não é este PGR”. Deixo a parte mais angustiante:«Estas reformas […] terão a resistência dos sindicatos das magistraturas, que exorbitam escandalosamente das funções que lhes competem para disputas sobre as competências dos órgãos democráticos do Estado».1. No caso das escutas, o velho problema português apareceu novamente: centra-se as atenções na pessoa e esquece-se, muito convenientemente, o sistema institucional. Os portugueses só concebem o problema enquanto rosto e nunca como ideia, sistema, instituição. O PROBLEMA É DO SISTEMA E NÃO DO TIPO X OU Z. Com outro Procurador, os problemas voltarão a surgir. Nem o Papa poderia fazer um bom trabalho.Nem a solução passa por uma ou outra emenda técnica. Isto não vai lá com duas ou três alíneas a mais ou a menos. É preciso uma nova estrutura. Nova. Completamente nova. Nova, de mudar, renovar e não de emendar ou recauchutar. Nova de coragem política de Governantes e não Nova do rabinho entre as pernas de políticos feitos governantas de casa em ruínas. 2. Claro: os sindicatos do sector vão reagir a qualquer reforma. Mas de uma coisa tenho a certeza: a situação, tal como está, não é digna de uma democracia liberal representativa. Um sindicato não pode ter mais força do que 8 milhões de eleitores. Não vivemos num regime sindicalista. Não há sindicalismo enquanto regime político. Até prova em contrário, somos uma democracia. Ainda hoje votei. E quando voto, não voto em sindicatos mas em políticos.3.Quem manda neste país são os sindicatos que têm na mão a máquina do Estado. E, depois, são estes mesmos sindicalistas que gritam contra os interesses obscuros do grande capital e demais balelas. Pois, pois. O que é obscuro neste país é o Poder (assim: Poder com maiúscula) que os sindicalistas possuem no seu bolso esquerdo.Quando um sindicato controla o ministério da Educação, os alunos são ensinados por sindicalistas que só se preocupam com o seu horário e não por professores. Resultado: os alunos tornam-se energúmenos. Cruel, mas não dantesco. Quando um sindicato controla o ministério da saúde, o doente morre porque o enfermeiro, membro de um sindicato, não obedece às ordens do médico, membro de outro sindicato. Obsceno, mas não dantesco. Quando um sindicato controla um dos braços da soberania de um país, quando um sindicato controla a Justiça, então, temos um cenário dantesco: temos um golpe de estado sindicalista.4. Há as democracias liberais e populares. Há os autoritarismos. Há os totalitarismos e os regimes sultanísticos, etc. Agora deve-se acrescentar a novidade: a República sindicalista. Capital: Lisboa.Portugal, uma suposta democracia liberal e representativa, não tem justiça. Entendamo-nos: um país com a justiça a funcionar à velocidade de uma artrose sindicalista não tem Direito na prática. A justiça, assim, é um baile de máscaras e a democracia deixa de ser liberal e representativa. Estamos mais próximos da Venezuela do que pensamos.5. Golpe de estado constitucional presidencial? Não. Do próximo PR só quero uma coisa: que ajude a acabar com o golpe de estado sindicalista.[Henrique Raposo]

A ler com muita atenção: Proença de Carvalho, “O Problema não é este PGR”. Deixo a parte mais angustiante:«Estas reformas […] terão a resistência dos sindicatos das magistraturas, que exorbitam escandalosamente das funções que lhes competem para disputas sobre as competências dos órgãos democráticos do Estado».1. No caso das escutas, o velho problema português apareceu novamente: centra-se as atenções na pessoa e esquece-se, muito convenientemente, o sistema institucional. Os portugueses só concebem o problema enquanto rosto e nunca como ideia, sistema, instituição. O PROBLEMA É DO SISTEMA E NÃO DO TIPO X OU Z. Com outro Procurador, os problemas voltarão a surgir. Nem o Papa poderia fazer um bom trabalho.Nem a solução passa por uma ou outra emenda técnica. Isto não vai lá com duas ou três alíneas a mais ou a menos. É preciso uma nova estrutura. Nova. Completamente nova. Nova, de mudar, renovar e não de emendar ou recauchutar. Nova de coragem política de Governantes e não Nova do rabinho entre as pernas de políticos feitos governantas de casa em ruínas. 2. Claro: os sindicatos do sector vão reagir a qualquer reforma. Mas de uma coisa tenho a certeza: a situação, tal como está, não é digna de uma democracia liberal representativa. Um sindicato não pode ter mais força do que 8 milhões de eleitores. Não vivemos num regime sindicalista. Não há sindicalismo enquanto regime político. Até prova em contrário, somos uma democracia. Ainda hoje votei. E quando voto, não voto em sindicatos mas em políticos.3.Quem manda neste país são os sindicatos que têm na mão a máquina do Estado. E, depois, são estes mesmos sindicalistas que gritam contra os interesses obscuros do grande capital e demais balelas. Pois, pois. O que é obscuro neste país é o Poder (assim: Poder com maiúscula) que os sindicalistas possuem no seu bolso esquerdo.Quando um sindicato controla o ministério da Educação, os alunos são ensinados por sindicalistas que só se preocupam com o seu horário e não por professores. Resultado: os alunos tornam-se energúmenos. Cruel, mas não dantesco. Quando um sindicato controla o ministério da saúde, o doente morre porque o enfermeiro, membro de um sindicato, não obedece às ordens do médico, membro de outro sindicato. Obsceno, mas não dantesco. Quando um sindicato controla um dos braços da soberania de um país, quando um sindicato controla a Justiça, então, temos um cenário dantesco: temos um golpe de estado sindicalista.4. Há as democracias liberais e populares. Há os autoritarismos. Há os totalitarismos e os regimes sultanísticos, etc. Agora deve-se acrescentar a novidade: a República sindicalista. Capital: Lisboa.Portugal, uma suposta democracia liberal e representativa, não tem justiça. Entendamo-nos: um país com a justiça a funcionar à velocidade de uma artrose sindicalista não tem Direito na prática. A justiça, assim, é um baile de máscaras e a democracia deixa de ser liberal e representativa. Estamos mais próximos da Venezuela do que pensamos.5. Golpe de estado constitucional presidencial? Não. Do próximo PR só quero uma coisa: que ajude a acabar com o golpe de estado sindicalista.[Henrique Raposo]

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