O Acidental: Para lá da nossa paz kantiana

30-06-2011
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1.Blair falou da forma que deveria ser hegemónica nos políticos europeus, sobretudo quando representam a UE: ou o Irão baixa a bola ou, então, a coisa pode ficar feia. “Feia” não no sentido de uma invasão. O Irão não é o Iraque. Tem mais homens e não está fragilizado. Nem os EUA querem outra invasão. Agora, pelo menos. Mas, atenção, há outras formas de a coisa ficar feia. E aposto que Israel anda a pensar nessas formas. Em 1981, Israel fez um dos ataques preventivos mais bem sucedidos de sempre: destruiu as instalações nucleares de Saddam. Sempre Saddam. 2.Agora, coloquem-se na pele de Israel e tentem perceber o efeito da seguinte fórmula: o Irão diz que gostava de ver o mapa sem aquela faixa de terra sionista + o Irão desenvolve tecnologia nuclear + dada a pequenez geográfica de Israel, basta uma ou duas “Bombas” para, literalmente, tirar Israel do mapa. Se eu fosse israelita, não estava a escrever posts, estava a preparar um plano para destruir, de alguma maneira, o projecto nuclear iraniano. Além da possibilidade de um ataque directo (muito difícil, é certo), existe a possibilidade óbvia: Irão entregar a Bomba ou uma simples Bomba suja ao seu Hezbollah. Obliterar Israel é o sonho de qualquer mártir fundamentalista. 3.Novamente na pele de Israel: quando se vive assim, completamente rodeado de inimigos, as decisões não podem esperar. E é isto que a comunidade internacional deve entender. A dita comunidade internacional tem de dar mais apoio a Israel. Tel-Aviv tem de se sentir mais apoiada. Tem de sentir mais pressão junto do Irão. Com isso, ficaríamos mais longe de uma acção israelita. Não esquecer uma coisa: o tipo barbudo com casaco à Zé do bigode não afirmou aquelas bestialidades na tasca ou à saída de um daqueles bordéis escondidos que os fundamentalistas religiosos têm sempre à mão (e aquelas não são as virgens que esperam no céu). Não. Afirmou aquilo com toda a pompa num colóquio intitulado “mundo sem sionismo”. Repito: há colóquios que abordam a destruição de Israel. A destruição de Israel é o politicamente correcto lá do sítio. É isto que a comunidade internacional tem de perceber. Blair, sempre Blair, deu o primeiro sinal. Espero que continue assim. Ou vou esperar sentado até que rebente uma Bomba? 4.Chocados? É demasiada realidade? Pois é. Mas é demasiada realidade apenas para nós, os europeus. Lá fora, para lá das fronteiras da fortaleza Europa, para lá da nossa paz kantiana protegida pelos americanos, o mundo é aquilo que sempre foi: perigoso e instável, onde a Paz é apenas a ausência de Guerra. 5. Estas fanáticas cúpulas iranianas não têm o apoio de metade da população iraniana, sobretudo os mais jovens (aliás, o povo persa é o menos anti-ocidente da região). Dada a inevitabilidade demográfica, o regime vai começar a cair pela base. Mas quanto tempo vai demorar? [Henrique Raposo]

1.Blair falou da forma que deveria ser hegemónica nos políticos europeus, sobretudo quando representam a UE: ou o Irão baixa a bola ou, então, a coisa pode ficar feia. “Feia” não no sentido de uma invasão. O Irão não é o Iraque. Tem mais homens e não está fragilizado. Nem os EUA querem outra invasão. Agora, pelo menos. Mas, atenção, há outras formas de a coisa ficar feia. E aposto que Israel anda a pensar nessas formas. Em 1981, Israel fez um dos ataques preventivos mais bem sucedidos de sempre: destruiu as instalações nucleares de Saddam. Sempre Saddam. 2.Agora, coloquem-se na pele de Israel e tentem perceber o efeito da seguinte fórmula: o Irão diz que gostava de ver o mapa sem aquela faixa de terra sionista + o Irão desenvolve tecnologia nuclear + dada a pequenez geográfica de Israel, basta uma ou duas “Bombas” para, literalmente, tirar Israel do mapa. Se eu fosse israelita, não estava a escrever posts, estava a preparar um plano para destruir, de alguma maneira, o projecto nuclear iraniano. Além da possibilidade de um ataque directo (muito difícil, é certo), existe a possibilidade óbvia: Irão entregar a Bomba ou uma simples Bomba suja ao seu Hezbollah. Obliterar Israel é o sonho de qualquer mártir fundamentalista. 3.Novamente na pele de Israel: quando se vive assim, completamente rodeado de inimigos, as decisões não podem esperar. E é isto que a comunidade internacional deve entender. A dita comunidade internacional tem de dar mais apoio a Israel. Tel-Aviv tem de se sentir mais apoiada. Tem de sentir mais pressão junto do Irão. Com isso, ficaríamos mais longe de uma acção israelita. Não esquecer uma coisa: o tipo barbudo com casaco à Zé do bigode não afirmou aquelas bestialidades na tasca ou à saída de um daqueles bordéis escondidos que os fundamentalistas religiosos têm sempre à mão (e aquelas não são as virgens que esperam no céu). Não. Afirmou aquilo com toda a pompa num colóquio intitulado “mundo sem sionismo”. Repito: há colóquios que abordam a destruição de Israel. A destruição de Israel é o politicamente correcto lá do sítio. É isto que a comunidade internacional tem de perceber. Blair, sempre Blair, deu o primeiro sinal. Espero que continue assim. Ou vou esperar sentado até que rebente uma Bomba? 4.Chocados? É demasiada realidade? Pois é. Mas é demasiada realidade apenas para nós, os europeus. Lá fora, para lá das fronteiras da fortaleza Europa, para lá da nossa paz kantiana protegida pelos americanos, o mundo é aquilo que sempre foi: perigoso e instável, onde a Paz é apenas a ausência de Guerra. 5. Estas fanáticas cúpulas iranianas não têm o apoio de metade da população iraniana, sobretudo os mais jovens (aliás, o povo persa é o menos anti-ocidente da região). Dada a inevitabilidade demográfica, o regime vai começar a cair pela base. Mas quanto tempo vai demorar? [Henrique Raposo]

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