O Acidental: Apitos e Schmitt

01-07-2011
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Caro João Galamba,V., quando era novo, deveria ser árbitro. Gosta muito de andar de apito na boca, apitando falta a cada momento. Sabe, eu era ponta de lança e por isso não gostava muito de apitos. Gosto mais da bola. Não se leve tão a sério. Isto, meu caro, é um blog. Se faço caricaturas?!! Obrigado por ter reparado. Isto é um blog. É suposto haver humor e desprendimento num blog.Se não percebe a ligação entre Negri e Foucault é porque não leu Negri.Eduardo,1.Gosto sempre de provocar reacções. Como sou ponta de lança, gosto de ter centrais duros por perto. Dá mais gosto. Dá pimenta.2.Quando o soco vem de camaradas, não me importo de ser saco de boxe.3.Também gosto de perceber que tens a necessidade de reconduzir a minha suposta idade intelectual para a minha idade cronológica. Sim, é verdade, como dizia Nelson Rodrigues, tenho todos os defeitos e mais um: o da juventude. Mas, este tipo de atitude faz-me sempre lembrar a relação de Creonte com o seu filho.4. Em relação ao Schmitt. Já estudei Schmitt. Academicamente. Já usei Schmitt como grelha conceptual várias vezes. Academicamente. Felizmente leio tudo. Aqui em casa não há santos nem malditos. Mas aqui, num blog, não tenho que mostrar galões a ninguém. Acho que concordarás comigo que isto – um blog – não é um sítio de responsabilidade institucional. Ou é? Felizmente, aqui, não tenho que expressar tudo aquilo que sei. Posso ser curto, redutor e, mais, posso até estar errado. Se achavas que eu estava errado, poderias, então, expor a tua visão sobre Schmitt.5.Schmitt é um dos pensadores mais interessantes do XX. Toda a gente que estuda, sem má-fé, estas coisas pensa o mesmo. Mas Foucault e Marx também são interessantes. Uma coisa é considerar interessante a grelha epistemológica de Schmitt. De acordo. Uma coisa é achar genial algumas análises (o inimigo vs. amigo de Schmitt é, por exemplo, a grelha que melhor explica a forma como Bin Laden vê o Ocidente; tem outro texto fabuloso sobre a democracia e o parlamentarismo). De acordo. Mas outra coisa, bem diferente, é concordar com o seu nível epistémico (por oposição ao epistemológico), com aquilo que sai, com as soluções normativas. Solução e Análise são coisas diferentes. E aí, Schmitt, foi, no mínimo, um autoritário, um defensor da violência contra a ordem liberal, um crítico da legalidade demo-liberal. Não é por acaso que a estrema esquerda (a chamada nova esquerda) de hoje começa (ou já começou há muito tempo) a relegitimar as críticas violentas de Schmitt à suposta fria e desumanizada ordem liberal. A ideia de que o “político” – a vontade política - está antes do Estado e da lei dá muito jeito ao radicalismo de hoje. Aliás, ao radicalismo de sempre. Mais: a ideia – típica das escolas germânicas - de que qualquer ordem legítima exige uma unidade em redor de X dá, então, um jeitão ao esquerdismo viúvo.Obrigado pela atenção, Camarada[Henrique Raposo]

Caro João Galamba,V., quando era novo, deveria ser árbitro. Gosta muito de andar de apito na boca, apitando falta a cada momento. Sabe, eu era ponta de lança e por isso não gostava muito de apitos. Gosto mais da bola. Não se leve tão a sério. Isto, meu caro, é um blog. Se faço caricaturas?!! Obrigado por ter reparado. Isto é um blog. É suposto haver humor e desprendimento num blog.Se não percebe a ligação entre Negri e Foucault é porque não leu Negri.Eduardo,1.Gosto sempre de provocar reacções. Como sou ponta de lança, gosto de ter centrais duros por perto. Dá mais gosto. Dá pimenta.2.Quando o soco vem de camaradas, não me importo de ser saco de boxe.3.Também gosto de perceber que tens a necessidade de reconduzir a minha suposta idade intelectual para a minha idade cronológica. Sim, é verdade, como dizia Nelson Rodrigues, tenho todos os defeitos e mais um: o da juventude. Mas, este tipo de atitude faz-me sempre lembrar a relação de Creonte com o seu filho.4. Em relação ao Schmitt. Já estudei Schmitt. Academicamente. Já usei Schmitt como grelha conceptual várias vezes. Academicamente. Felizmente leio tudo. Aqui em casa não há santos nem malditos. Mas aqui, num blog, não tenho que mostrar galões a ninguém. Acho que concordarás comigo que isto – um blog – não é um sítio de responsabilidade institucional. Ou é? Felizmente, aqui, não tenho que expressar tudo aquilo que sei. Posso ser curto, redutor e, mais, posso até estar errado. Se achavas que eu estava errado, poderias, então, expor a tua visão sobre Schmitt.5.Schmitt é um dos pensadores mais interessantes do XX. Toda a gente que estuda, sem má-fé, estas coisas pensa o mesmo. Mas Foucault e Marx também são interessantes. Uma coisa é considerar interessante a grelha epistemológica de Schmitt. De acordo. Uma coisa é achar genial algumas análises (o inimigo vs. amigo de Schmitt é, por exemplo, a grelha que melhor explica a forma como Bin Laden vê o Ocidente; tem outro texto fabuloso sobre a democracia e o parlamentarismo). De acordo. Mas outra coisa, bem diferente, é concordar com o seu nível epistémico (por oposição ao epistemológico), com aquilo que sai, com as soluções normativas. Solução e Análise são coisas diferentes. E aí, Schmitt, foi, no mínimo, um autoritário, um defensor da violência contra a ordem liberal, um crítico da legalidade demo-liberal. Não é por acaso que a estrema esquerda (a chamada nova esquerda) de hoje começa (ou já começou há muito tempo) a relegitimar as críticas violentas de Schmitt à suposta fria e desumanizada ordem liberal. A ideia de que o “político” – a vontade política - está antes do Estado e da lei dá muito jeito ao radicalismo de hoje. Aliás, ao radicalismo de sempre. Mais: a ideia – típica das escolas germânicas - de que qualquer ordem legítima exige uma unidade em redor de X dá, então, um jeitão ao esquerdismo viúvo.Obrigado pela atenção, Camarada[Henrique Raposo]

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