O Acidental: A complexa simplicidade de Pacheco

03-07-2011
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José Pacheco Pereira continua hoje a interessante série de artigos no "Público" em que defende estar ultrapassada a dicotomia esquerda/direita. Diga-se que o político -ele bem pode assinar agora os seus artigos como historiador, como poderia assinar como comentador, mas a sua visão e a sua linguagem pertencem para todos os efeitos ao domínio da política e prosseguem objectivos políticos concretos - mantém neste, como noutros aspectos, um pensamento e uma acção absolutamente coerentes desde os tempos em que era um dos eminentes gurus do modelo cavaquista.
Pacheco Pereira foi um dos inventores do pragmatismo à portuguesa que assentou precisamente a sua estratégia na recusa da dicotomia esquerda/direita - Cavaco Silva definiu-se como um social-democrata na linha de Bernstein, lembram-se? - procurando e conquistando a maioria absoluta para o PSD através desta mesma linha argumentativa. Pacheco escreve uma vez mais ser simplista reduzir o mundo entre esquerda e direita, mas não apresenta para já uma alternativa consistente que possa suscitar o debate ideológico, essencial em democracia, para além da perspectiva redutora de um "novo centro" que terá emergido em Portugal entre 1985 e 1987 e que "vota pelos resultados e pela percepção do mérito".
Não querendo arrogar-me a comentar o comentador, longe de mim tal ambição, julgo ser fácil ler nas entrelinhas quais são os desígnios não escritos desta série abrupta: no redesenhar da "complexidade dos nossos dias", segundo Pacheco Pereira, partidos como o CDS, o PCP ou o Bloco de Esquerda são dispensáveis e os portugueses deveriam limitar-se a votar "umas vezes no PS outra no PSD".
[PPM]

José Pacheco Pereira continua hoje a interessante série de artigos no "Público" em que defende estar ultrapassada a dicotomia esquerda/direita. Diga-se que o político -ele bem pode assinar agora os seus artigos como historiador, como poderia assinar como comentador, mas a sua visão e a sua linguagem pertencem para todos os efeitos ao domínio da política e prosseguem objectivos políticos concretos - mantém neste, como noutros aspectos, um pensamento e uma acção absolutamente coerentes desde os tempos em que era um dos eminentes gurus do modelo cavaquista.
Pacheco Pereira foi um dos inventores do pragmatismo à portuguesa que assentou precisamente a sua estratégia na recusa da dicotomia esquerda/direita - Cavaco Silva definiu-se como um social-democrata na linha de Bernstein, lembram-se? - procurando e conquistando a maioria absoluta para o PSD através desta mesma linha argumentativa. Pacheco escreve uma vez mais ser simplista reduzir o mundo entre esquerda e direita, mas não apresenta para já uma alternativa consistente que possa suscitar o debate ideológico, essencial em democracia, para além da perspectiva redutora de um "novo centro" que terá emergido em Portugal entre 1985 e 1987 e que "vota pelos resultados e pela percepção do mérito".
Não querendo arrogar-me a comentar o comentador, longe de mim tal ambição, julgo ser fácil ler nas entrelinhas quais são os desígnios não escritos desta série abrupta: no redesenhar da "complexidade dos nossos dias", segundo Pacheco Pereira, partidos como o CDS, o PCP ou o Bloco de Esquerda são dispensáveis e os portugueses deveriam limitar-se a votar "umas vezes no PS outra no PSD".
[PPM]

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