«A mudança do clima internacional tornou inevitável, como disse há dias, que o nosso ajustamento tenha que ser agora mais abrupto, mais rápido e mais severo.»O desplante desde sujeito ultrapassa tudo. Caucionou os maiores dislates. Anunciou à Pátria que em 2011 é que a consolidação orçamental iria começar, mesmo antes de se conhecer o Orçamento do Estado. Preparava diligentemente a opinião para mais um adiamento. Mostrou-se, depois, terrivelmente surpreendido com o défice de 2009 (ele, que dirige a instituição mais bem informada deste país, enfim, quando é necessário estar atento...). Depois, mesmo assim, vendeu o Orçamento às televisões do mundo como o cúmulo da inteligência. Promoveu o PEC mais estúpido que é possível imaginar, que adiava o essencial para o incerto fim do percurso, como a coisa mais lógica que havia a fazer. Isto, depois de anos a perorar sobre a irrelevância do endividamento externo e a produção de um documento sobre o défice virtual da centésima, a maior mistificação que alguém, alguma vez, numa instituição nacional que devia merecer o cuidado da credibilidade, patrocinou para efeitos de propaganda. Quando um dia se fizer a história desta década maldita, o seu nome há-de merecer pelo menos um capítulo vasto. Com uma parte dedicada às anedotas e outra dedicada aos estragos (sobre a sua enorme competência como supervisor bancário, passo). É tão dela, o rosto, ou mais, do que o de Sócrates. E agora, safadeza como dizem os brasileiros, depois de ter provavelmente sido apertado pelos seus próximos patrões, vem explicar-nos que o que mudou foi o «clima internacional». Como se o clima internacional nada tivesse a ver com a obtusa resistência de um pequeno país do euro, aparentemente ingovernável, graças (também, ou em parte considerável) aos seus, de Constâncio, sábios conselhos ao longo destes anos. É o clima, é o clima, vou-te devorar. O Governo, à sombra de quem viveu estes anos todos, coitado, é vítima, e está a ser obrigado a prescindir da enorme ciência que o governador do Banco de Portugal generosamente lhe dispensara. O oportunismo, a política baixa e o chico-espertismo não têm limites? Dir-me-ão: estás a ser demasiado agressivo. Explico: já tive uma enorme admiração por esta cabeça. Os intelectuais, com QI, dizem coisas tão interessantes... Não tenho hoje respeito nenhum pelo político nefasto a que ele se reduziu. É simples.
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«A mudança do clima internacional tornou inevitável, como disse há dias, que o nosso ajustamento tenha que ser agora mais abrupto, mais rápido e mais severo.»O desplante desde sujeito ultrapassa tudo. Caucionou os maiores dislates. Anunciou à Pátria que em 2011 é que a consolidação orçamental iria começar, mesmo antes de se conhecer o Orçamento do Estado. Preparava diligentemente a opinião para mais um adiamento. Mostrou-se, depois, terrivelmente surpreendido com o défice de 2009 (ele, que dirige a instituição mais bem informada deste país, enfim, quando é necessário estar atento...). Depois, mesmo assim, vendeu o Orçamento às televisões do mundo como o cúmulo da inteligência. Promoveu o PEC mais estúpido que é possível imaginar, que adiava o essencial para o incerto fim do percurso, como a coisa mais lógica que havia a fazer. Isto, depois de anos a perorar sobre a irrelevância do endividamento externo e a produção de um documento sobre o défice virtual da centésima, a maior mistificação que alguém, alguma vez, numa instituição nacional que devia merecer o cuidado da credibilidade, patrocinou para efeitos de propaganda. Quando um dia se fizer a história desta década maldita, o seu nome há-de merecer pelo menos um capítulo vasto. Com uma parte dedicada às anedotas e outra dedicada aos estragos (sobre a sua enorme competência como supervisor bancário, passo). É tão dela, o rosto, ou mais, do que o de Sócrates. E agora, safadeza como dizem os brasileiros, depois de ter provavelmente sido apertado pelos seus próximos patrões, vem explicar-nos que o que mudou foi o «clima internacional». Como se o clima internacional nada tivesse a ver com a obtusa resistência de um pequeno país do euro, aparentemente ingovernável, graças (também, ou em parte considerável) aos seus, de Constâncio, sábios conselhos ao longo destes anos. É o clima, é o clima, vou-te devorar. O Governo, à sombra de quem viveu estes anos todos, coitado, é vítima, e está a ser obrigado a prescindir da enorme ciência que o governador do Banco de Portugal generosamente lhe dispensara. O oportunismo, a política baixa e o chico-espertismo não têm limites? Dir-me-ão: estás a ser demasiado agressivo. Explico: já tive uma enorme admiração por esta cabeça. Os intelectuais, com QI, dizem coisas tão interessantes... Não tenho hoje respeito nenhum pelo político nefasto a que ele se reduziu. É simples.