Semanário O Diabo: Março 2010

28-01-2012
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BilderbergNão passou despercebida, na quinta-feira passada, à beira das eleições internas no PSD, a notícia de que Francisco Pinto Balsemão tinha convidado Paulo Rangel para participar na reunião deste ano do famoso Clube de Bilderberg. Rangel acabou por perder para Passos Coelhos, mas a mensagem estava dada: “os poderosos do mundo” viam nele o “homem do futuro”. Viu-se. Em torno de Bilderberg criou-se em Portugal uma mitologia provinciana e deslumbrada, segundo a qual “quem vai ao Clube está na calha para o Poder”. Esta fama deve-se, sem dúvida, ao facto de Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates (numa longa lista de notáveis da política portuguesa) terem recebido idênticos convites antes de acederem à chefia do Governo. Ora, por mais que a ilusão do “super-poder” do Clube de Bilderberg se encaixe, como uma luva, numa das alíneas contemporâneas da teoria da conspiração, convém que não nos deixemos embaciar excessivamente. O Clube não é secreto: as suas reuniões, a sua agenda e o seu rol de participantes são divulgados com abundância na Comunicação Social – e relatos pormenorizados do que lá se passa são anualmente publicados por jornalistas de relevo internacional convidados para assistir. O Clube nada decide, politicamente: por mais que alguns dos seus participantes gostassem, não é o “governo-sombra do mundo” nem de lá sai qualquer “plano oculto de dominação”. Desconfiemos sempre do “secretismo” e do “ocultismo” de quem se auto-apregoa na praça pública: se fosse realmente “secreto”, nem sonharíamos com a sua existência. O que é, então, o Clube de Bilderberg? É, isso sim, um poderoso “lobby” onde banqueiros e financeiros vão comunicar o que lhes convinha para o próximo ano, envolvendo à mistura uma dúzia de políticos e barões da Imprensa, para que ouçam o que é preciso ouvirem. Depois, em cada país, Balsemões e Espíritos Santos tratam de ampliar a sua própria “importância internacional”, fazendo divulgar a ideia de que são eles quem decide políticas e escolhe políticos. Cair nesta patranha é fazer o que eles esperam que façamos. E assim nos esquecemos de perguntar onde é que, realmente, tudo se decide…

BilderbergNão passou despercebida, na quinta-feira passada, à beira das eleições internas no PSD, a notícia de que Francisco Pinto Balsemão tinha convidado Paulo Rangel para participar na reunião deste ano do famoso Clube de Bilderberg. Rangel acabou por perder para Passos Coelhos, mas a mensagem estava dada: “os poderosos do mundo” viam nele o “homem do futuro”. Viu-se. Em torno de Bilderberg criou-se em Portugal uma mitologia provinciana e deslumbrada, segundo a qual “quem vai ao Clube está na calha para o Poder”. Esta fama deve-se, sem dúvida, ao facto de Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates (numa longa lista de notáveis da política portuguesa) terem recebido idênticos convites antes de acederem à chefia do Governo. Ora, por mais que a ilusão do “super-poder” do Clube de Bilderberg se encaixe, como uma luva, numa das alíneas contemporâneas da teoria da conspiração, convém que não nos deixemos embaciar excessivamente. O Clube não é secreto: as suas reuniões, a sua agenda e o seu rol de participantes são divulgados com abundância na Comunicação Social – e relatos pormenorizados do que lá se passa são anualmente publicados por jornalistas de relevo internacional convidados para assistir. O Clube nada decide, politicamente: por mais que alguns dos seus participantes gostassem, não é o “governo-sombra do mundo” nem de lá sai qualquer “plano oculto de dominação”. Desconfiemos sempre do “secretismo” e do “ocultismo” de quem se auto-apregoa na praça pública: se fosse realmente “secreto”, nem sonharíamos com a sua existência. O que é, então, o Clube de Bilderberg? É, isso sim, um poderoso “lobby” onde banqueiros e financeiros vão comunicar o que lhes convinha para o próximo ano, envolvendo à mistura uma dúzia de políticos e barões da Imprensa, para que ouçam o que é preciso ouvirem. Depois, em cada país, Balsemões e Espíritos Santos tratam de ampliar a sua própria “importância internacional”, fazendo divulgar a ideia de que são eles quem decide políticas e escolhe políticos. Cair nesta patranha é fazer o que eles esperam que façamos. E assim nos esquecemos de perguntar onde é que, realmente, tudo se decide…

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