O Cachimbo de Magritte: Da incivilidade pueril II

20-01-2012
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O resto do debate parlamentar de ontem veio confirmar isto. O modo como Sócrates depois “respondeu” a Portas, a Jerónimo de Sousa, a Heloísa Apolónia e a Louçã (envolvendo este último com o presidente da República numa piadinha de muito mau gosto) é revelador do problema. Não se trata de vivacidade parlamentar (bem sabemos que um parlamento não é nem deve ser um seminário universitário). Trata-se de arrogância agressiva e má-criação. O primeiro-ministro estabelece sempre, por sua iniciativa, uma relação patológica com os seus adversários políticos no confronto público que tem com eles. Não é possível separar Sócrates dessa relação. Na verdade, ele é, em grande medida, constituido por ela.Inevitavelmente, a arrogância malcriada do homem alastra pelo ambiente político e impregna-o. Por agora, ainda é difícil avaliar os estragos na linguagem política que a personagem vai deixar atrás de si. Demorará o seu tempo repará-los. Aos que acham não haver nada de grave nisto, conviria lembrarem-se que, na política, a linguagem não é um mero adereço ou adorno. Nem sequer é apenas um meio. É na linguagem e pela linguagem que se vão estabelecendo relações de força, de poder, crenças, expectativas, operações na própria “realidade”, etc. Pense-se, por exemplo, no efeito corrosivo que tem o uso repetido da mentira ou da dissimulação. A linguagem política nunca é só linguagem.


O resto do debate parlamentar de ontem veio confirmar isto. O modo como Sócrates depois “respondeu” a Portas, a Jerónimo de Sousa, a Heloísa Apolónia e a Louçã (envolvendo este último com o presidente da República numa piadinha de muito mau gosto) é revelador do problema. Não se trata de vivacidade parlamentar (bem sabemos que um parlamento não é nem deve ser um seminário universitário). Trata-se de arrogância agressiva e má-criação. O primeiro-ministro estabelece sempre, por sua iniciativa, uma relação patológica com os seus adversários políticos no confronto público que tem com eles. Não é possível separar Sócrates dessa relação. Na verdade, ele é, em grande medida, constituido por ela.Inevitavelmente, a arrogância malcriada do homem alastra pelo ambiente político e impregna-o. Por agora, ainda é difícil avaliar os estragos na linguagem política que a personagem vai deixar atrás de si. Demorará o seu tempo repará-los. Aos que acham não haver nada de grave nisto, conviria lembrarem-se que, na política, a linguagem não é um mero adereço ou adorno. Nem sequer é apenas um meio. É na linguagem e pela linguagem que se vão estabelecendo relações de força, de poder, crenças, expectativas, operações na própria “realidade”, etc. Pense-se, por exemplo, no efeito corrosivo que tem o uso repetido da mentira ou da dissimulação. A linguagem política nunca é só linguagem.

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