Passos chega-se ao centro e terá de mostrar união com CDS

04-10-2014
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Passos chega-se ao centro e terá de mostrar união com CDS

Inês David Bastos e Mariana Adam

02 Out 2014

Direita

A entrada de António Costa no tabuleiro da primeira linha da vida política vai obrigar Passos e Portas a mexerem nos seus ‘cavalos' e ‘peões'. Isto é, a repensar e redefinir estratégias. Fontes social-democratas contactadas pelo Económico não têm dúvidas em afirmar que o primeiro-ministro e líder do PSD tem de agir já. Marcelo Rebelo de Sousa diz que Passos tem de tentar capitalizar ao centro a prevista "viragem à esquerda do PS" de Costa. Também Marques Mendes defende que Passos e Portas têm de "mostrar abertura" para uma inflexão já neste orçamento, até porque é o último antes das legislativas. "Será o momento decisivo", sublinha Mendes.

Marcelo não tem dúvidas de que "António Costa é um líder mais à esquerda do que Seguro" e acredita que o autarca vai tentar captar votos à esquerda. Prova disso, acrescenta o professor, está na escolha de Ferro Rodrigues para a frente parlamentar. O PSD já tinha uma batalha dura antes de Costa: reconquistar o tradicional eleitorado PSD que foi perdendo nos anos de austeridade. As estimativas do partido apontam para uma perda de cerca de 30% deste núcleo duro. Seguro ‘descansava' o PSD porque não estava a conseguir capitalizar precisamente desses anos de austeridade, mas a vitória esmagadora de Costa nas primárias deixou o PSD ainda mais em alerta. O partido já se estava a preparar para uma vitória de Costa, mas não tão vincada. Agora, dizem os social-democratas, é urgente cerrar fileiras. Como?

Para Marques Mendes a maioria não pode mesmo dar sinais de "divisão" e o primeiro teste será o Orçamento do Estado para 2015. "O Governo não pode cometer erros, tem de gerir as coisas com mais eficácia", frisa Marques Mendes. Depois, acrescenta Marcelo, o primeiro-ministro tem de explicar muito bem que Costa optou pela esquerda e deixou um espaço vazio ao centro para tentar atrair os que estão descontentes com a estratégia do autarca. Para que fique claro, Marcelo faz as contas: "A esquerda tem cerca de 65% das intenções de voto enquanto o centro-direita recolhe cerca de 35%. O PS sozinho tem entre 37% a 38%, ou seja, precisa de mais cerca de seis pontos para ter uma vitória folgada ou maioria - e vai tentar ir buscar esse apoio à esquerda, três a quatro pontos ao BE e dois ao PCP. A estratégia do centro-direita tem que ser virar para o centro". Não há social democrata que não admita que Costa é um "adversário mais temido" que Seguro.

Para Guilherme Silva, ex-líder parlamentar do PSD, a eleição de Costa tem "uma consequência virtuosa" para Passos e Portas: "precisarão de ter uma atenção redobrada". O também vice-presidente do Parlamento diz que o Governo tem de mostrar "folga" neste Orçamento. E tem mais: tem de endurecer a oposição à oposição. Tem de atacar a fragilidade de Costa, ou seja, a sua ligação ao governo de José Sócrates.

Passos chega-se ao centro e terá de mostrar união com CDS

Inês David Bastos e Mariana Adam

02 Out 2014

Direita

A entrada de António Costa no tabuleiro da primeira linha da vida política vai obrigar Passos e Portas a mexerem nos seus ‘cavalos' e ‘peões'. Isto é, a repensar e redefinir estratégias. Fontes social-democratas contactadas pelo Económico não têm dúvidas em afirmar que o primeiro-ministro e líder do PSD tem de agir já. Marcelo Rebelo de Sousa diz que Passos tem de tentar capitalizar ao centro a prevista "viragem à esquerda do PS" de Costa. Também Marques Mendes defende que Passos e Portas têm de "mostrar abertura" para uma inflexão já neste orçamento, até porque é o último antes das legislativas. "Será o momento decisivo", sublinha Mendes.

Marcelo não tem dúvidas de que "António Costa é um líder mais à esquerda do que Seguro" e acredita que o autarca vai tentar captar votos à esquerda. Prova disso, acrescenta o professor, está na escolha de Ferro Rodrigues para a frente parlamentar. O PSD já tinha uma batalha dura antes de Costa: reconquistar o tradicional eleitorado PSD que foi perdendo nos anos de austeridade. As estimativas do partido apontam para uma perda de cerca de 30% deste núcleo duro. Seguro ‘descansava' o PSD porque não estava a conseguir capitalizar precisamente desses anos de austeridade, mas a vitória esmagadora de Costa nas primárias deixou o PSD ainda mais em alerta. O partido já se estava a preparar para uma vitória de Costa, mas não tão vincada. Agora, dizem os social-democratas, é urgente cerrar fileiras. Como?

Para Marques Mendes a maioria não pode mesmo dar sinais de "divisão" e o primeiro teste será o Orçamento do Estado para 2015. "O Governo não pode cometer erros, tem de gerir as coisas com mais eficácia", frisa Marques Mendes. Depois, acrescenta Marcelo, o primeiro-ministro tem de explicar muito bem que Costa optou pela esquerda e deixou um espaço vazio ao centro para tentar atrair os que estão descontentes com a estratégia do autarca. Para que fique claro, Marcelo faz as contas: "A esquerda tem cerca de 65% das intenções de voto enquanto o centro-direita recolhe cerca de 35%. O PS sozinho tem entre 37% a 38%, ou seja, precisa de mais cerca de seis pontos para ter uma vitória folgada ou maioria - e vai tentar ir buscar esse apoio à esquerda, três a quatro pontos ao BE e dois ao PCP. A estratégia do centro-direita tem que ser virar para o centro". Não há social democrata que não admita que Costa é um "adversário mais temido" que Seguro.

Para Guilherme Silva, ex-líder parlamentar do PSD, a eleição de Costa tem "uma consequência virtuosa" para Passos e Portas: "precisarão de ter uma atenção redobrada". O também vice-presidente do Parlamento diz que o Governo tem de mostrar "folga" neste Orçamento. E tem mais: tem de endurecer a oposição à oposição. Tem de atacar a fragilidade de Costa, ou seja, a sua ligação ao governo de José Sócrates.

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