Kitanda: Poema da alienação

02-07-2011
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Não é este ainda o meu poemao poema da minha alma e do meu sanguenãoEu ainda não sei nem posso escrever o meu poemao grande poema que sinto já circular em mimO meu poema anda por aí vadiono mato ou na cidadena voz do ventono marulhar do marno Gesto e no SerO meu poema anda por aí foraenvolto em panos garridosvendendo-sevendendo“ma limonje ma limonjééé”O meu poema corre nas ruascom um quibalo podre à cabeçaoferecendo-seoferecendo“carapau sardinha matonaji ferrera ji ferrerééé...”O meu poema calcorreia ruas“olha a probíncia” “diááário”e nenhum jornal traz aindao meu poemaO meu poema entra nos cafés“amanhã anda a roda amanhã anda a roda”e a roda do meu poemagira que giravolta que voltanunca muda“amanhã anda a rodaamanhã anda a roda”O meu poema vem do Mussequeao sábado traz a roupaà segunda leva a roupaao sábado entrega a roupa e entrega-seà segunda entrega-se e leva a roupaO meu poema está na afliçãoda filha da lavadeiraesquivano quarto fechadodo patrão nuinho a passeara fazer apetite a querer violarO meu poema é quitatano Musseque à porta caída duma cubata“remexe remexepaga dinheirovem dormir comigo”O meu poema joga a bola despreocupadono grupo onde todo o mundo é criadoe grita“obeçaite golo golo”O meu poema é contratadoanda nos cafezais a trabalharo contrato é um fardoque custa a carregar“monangambééé”O meu poema anda descalço na ruaO meu poema carrega sacos no portoenche porõesesvazia porõese arranja força cantando“tué tué tué trrarrimbuim puim puim”O meu poema vai nas cordaencontrou sipaiotinha imposto, o patrãoesqueceu assinar o cartãovai na estradacabelo cortado“cabeça rapadagalinha assadaó Zé”picareta que pesachicote que cantaO meu poema anda na praça trabalha na cozinhavai à oficinaenche a taberna e a cadeiaé pobre roto e sujovive na noite da ignorânciao meu poema nada sabe de sinem sabe pediO meu poema foi feito para se darpara se entregarsem nada exigirMas o meu poema não é fatalistao meu poema é um poema que já quere já sabeo meu poema sou eu-brancomontado em mim-pretoa cavalgar pela vida.

Não é este ainda o meu poemao poema da minha alma e do meu sanguenãoEu ainda não sei nem posso escrever o meu poemao grande poema que sinto já circular em mimO meu poema anda por aí vadiono mato ou na cidadena voz do ventono marulhar do marno Gesto e no SerO meu poema anda por aí foraenvolto em panos garridosvendendo-sevendendo“ma limonje ma limonjééé”O meu poema corre nas ruascom um quibalo podre à cabeçaoferecendo-seoferecendo“carapau sardinha matonaji ferrera ji ferrerééé...”O meu poema calcorreia ruas“olha a probíncia” “diááário”e nenhum jornal traz aindao meu poemaO meu poema entra nos cafés“amanhã anda a roda amanhã anda a roda”e a roda do meu poemagira que giravolta que voltanunca muda“amanhã anda a rodaamanhã anda a roda”O meu poema vem do Mussequeao sábado traz a roupaà segunda leva a roupaao sábado entrega a roupa e entrega-seà segunda entrega-se e leva a roupaO meu poema está na afliçãoda filha da lavadeiraesquivano quarto fechadodo patrão nuinho a passeara fazer apetite a querer violarO meu poema é quitatano Musseque à porta caída duma cubata“remexe remexepaga dinheirovem dormir comigo”O meu poema joga a bola despreocupadono grupo onde todo o mundo é criadoe grita“obeçaite golo golo”O meu poema é contratadoanda nos cafezais a trabalharo contrato é um fardoque custa a carregar“monangambééé”O meu poema anda descalço na ruaO meu poema carrega sacos no portoenche porõesesvazia porõese arranja força cantando“tué tué tué trrarrimbuim puim puim”O meu poema vai nas cordaencontrou sipaiotinha imposto, o patrãoesqueceu assinar o cartãovai na estradacabelo cortado“cabeça rapadagalinha assadaó Zé”picareta que pesachicote que cantaO meu poema anda na praça trabalha na cozinhavai à oficinaenche a taberna e a cadeiaé pobre roto e sujovive na noite da ignorânciao meu poema nada sabe de sinem sabe pediO meu poema foi feito para se darpara se entregarsem nada exigirMas o meu poema não é fatalistao meu poema é um poema que já quere já sabeo meu poema sou eu-brancomontado em mim-pretoa cavalgar pela vida.

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