Alemanha está disponível para reforçar o fundo europeu, mas avisa que a paciência "não é ilimitada"

20-06-2011
marcar artigo

Taxa de juro das obrigações a três anos de Portugal já está acima do valor que é exigido pelo fundo de emergência europeu

Com a Grécia e a Irlanda já a receber ajuda e Portugal e a Espanha cada vez mais perto de fazer o mesmo, do país que dá o maior contributo para o fundo de emergência europeu vieram ontem sinais contraditórios. O presidente do banco central alemão garantiu que, se fosse necessário mais dinheiro, o fundo poderia ser reforçado, mas um alto responsável do partido de Angela Merkel avisou que os outros países do euro não podem estar à espera de receber para sempre a ajuda da Alemanha.

Aquilo que a Alemanha diz e faz é decisivo para a evolução da crise da dívida pública europeia, já que qualquer solução para os problemas que enfrentam actualmente os países classificados como periféricos apenas pode ser adoptada com a aprovação da Alemanha.

É por isso que as declarações de ontem de Axel Weber, o presidente do Bundesbank e candidato a sucessor de Jean-Claude Trichet na liderança no Banco Central Europeu, vieram tranquilizar aqueles que temem que não haja dinheiro suficiente no fundo de emergência europeu para salvar a Espanha, caso esta necessite. "750 mil milhões de euros devem ser suficientes para sossegar os mercados. Se não forem, esse montante terá de ser aumentado", afirmou Weber.

Este tipo de disponibilidade para ajudar não parece ser tão clara do lado do Partido Cristão Democrata, de Angela Merkel. Michael Meister, um dos responsáveis pela área económica do partido no Parlamento alemão fez questão de afirmar, em entrevista, que a paciência do Governo alemão "não é ilimitada" e que a "vontade para tomar novas decisões é bastante pequena". E dirigindo-se aos países da zona euro, disse: "A solução tem de ser arregaçarem as mangas e enfrentarem os problemas que foram identificados."

Nas últimas semanas, a proposta de Angela Merkel de imposição futura de custos aos investidores, num cenário de incumprimento por parte de um país da zona euro, já tinha contribuído para uma subida das taxas de juro dos países periféricos. Ontem, Merkel e Nicolas Sarkozy, depois de uma conversa telefónica, reiteraram, através dos seus porta-vozes, a intenção de avançar com uma proposta de criação de um fundo permanente de ajuda, logo a partir de 2013, o ano em que o actual fundo expira.

O melhor do Público no email Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Subscrever ×

Juros ainda a subir

Nos mercados, não houve sinais de acalmia. As taxas de juro da dívida pública dos quatro países mais pressionados mantêm-se próximo dos máximos desde a criação do euro. Em Portugal, a taxa a 10 anos voltou, como aconteceu desde o início desta semana, a subir ligeiramente, passando de 7,161 para 7,237 por cento.

A manutenção de níveis tão elevados vem reforçar a expectativa nos mercados de que um recurso a ajuda externa venha a ser necessário. Um inquérito realizado ontem pela agência Reuters junto de 50 analistas de bancos europeus revelou que 34 deles apostam na necessidade de Portugal ter de vir a recorrer ao fundo de emergência.

E um dos sinais de que isso pode acontecer é a recente subida das taxas de juro das obrigações a três anos, o prazo definido pelo fundo europeu para se comprovar um nível superior ao praticado nos empréstimos oferecidos pelos parceiros da zona euro e pelo FMI. A taxa das OT a três anos para Portugal estava ontem nos 5,476 por cento, quando o fundo de emergência europeu emprestaria, se fosse hoje, fundos a cerca de 5,3 por cento. Por causa destes números, Derek Halpenny, analista do Bank of Tokio, afirmava ontem à agência Bloomberg que, "para Portugal, as tentativas de adiar o recurso a ajuda financeira independente são uma causa perdida".

Taxa de juro das obrigações a três anos de Portugal já está acima do valor que é exigido pelo fundo de emergência europeu

Com a Grécia e a Irlanda já a receber ajuda e Portugal e a Espanha cada vez mais perto de fazer o mesmo, do país que dá o maior contributo para o fundo de emergência europeu vieram ontem sinais contraditórios. O presidente do banco central alemão garantiu que, se fosse necessário mais dinheiro, o fundo poderia ser reforçado, mas um alto responsável do partido de Angela Merkel avisou que os outros países do euro não podem estar à espera de receber para sempre a ajuda da Alemanha.

Aquilo que a Alemanha diz e faz é decisivo para a evolução da crise da dívida pública europeia, já que qualquer solução para os problemas que enfrentam actualmente os países classificados como periféricos apenas pode ser adoptada com a aprovação da Alemanha.

É por isso que as declarações de ontem de Axel Weber, o presidente do Bundesbank e candidato a sucessor de Jean-Claude Trichet na liderança no Banco Central Europeu, vieram tranquilizar aqueles que temem que não haja dinheiro suficiente no fundo de emergência europeu para salvar a Espanha, caso esta necessite. "750 mil milhões de euros devem ser suficientes para sossegar os mercados. Se não forem, esse montante terá de ser aumentado", afirmou Weber.

Este tipo de disponibilidade para ajudar não parece ser tão clara do lado do Partido Cristão Democrata, de Angela Merkel. Michael Meister, um dos responsáveis pela área económica do partido no Parlamento alemão fez questão de afirmar, em entrevista, que a paciência do Governo alemão "não é ilimitada" e que a "vontade para tomar novas decisões é bastante pequena". E dirigindo-se aos países da zona euro, disse: "A solução tem de ser arregaçarem as mangas e enfrentarem os problemas que foram identificados."

Nas últimas semanas, a proposta de Angela Merkel de imposição futura de custos aos investidores, num cenário de incumprimento por parte de um país da zona euro, já tinha contribuído para uma subida das taxas de juro dos países periféricos. Ontem, Merkel e Nicolas Sarkozy, depois de uma conversa telefónica, reiteraram, através dos seus porta-vozes, a intenção de avançar com uma proposta de criação de um fundo permanente de ajuda, logo a partir de 2013, o ano em que o actual fundo expira.

O melhor do Público no email Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Subscrever ×

Juros ainda a subir

Nos mercados, não houve sinais de acalmia. As taxas de juro da dívida pública dos quatro países mais pressionados mantêm-se próximo dos máximos desde a criação do euro. Em Portugal, a taxa a 10 anos voltou, como aconteceu desde o início desta semana, a subir ligeiramente, passando de 7,161 para 7,237 por cento.

A manutenção de níveis tão elevados vem reforçar a expectativa nos mercados de que um recurso a ajuda externa venha a ser necessário. Um inquérito realizado ontem pela agência Reuters junto de 50 analistas de bancos europeus revelou que 34 deles apostam na necessidade de Portugal ter de vir a recorrer ao fundo de emergência.

E um dos sinais de que isso pode acontecer é a recente subida das taxas de juro das obrigações a três anos, o prazo definido pelo fundo europeu para se comprovar um nível superior ao praticado nos empréstimos oferecidos pelos parceiros da zona euro e pelo FMI. A taxa das OT a três anos para Portugal estava ontem nos 5,476 por cento, quando o fundo de emergência europeu emprestaria, se fosse hoje, fundos a cerca de 5,3 por cento. Por causa destes números, Derek Halpenny, analista do Bank of Tokio, afirmava ontem à agência Bloomberg que, "para Portugal, as tentativas de adiar o recurso a ajuda financeira independente são uma causa perdida".

marcar artigo