Random Precision: A Poesia Política

01-07-2011
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Vamos supor que Manuel Alegre, que diz que já não se revê nos ideais e nas políticas fundamentais “deste PS”, resolve, num gesto de dignidade política e intelectual, abandonar o partido.

Vamos supor que até vai mais longe do que isso e, num gesto de larga coerência, diz «não!» e deixa o seu lugar no Parlamento.

Vamos supor, então, que Manuel Alegre formava um novo partido político e que conquistava um resultado eleitoral que lhe permitia formar Governo.

Pois bem:

Importa então perguntar o que faria este nosso novo "Primeiro-ministro Manuel Alegre" nalgumas das políticas fundamentais sobre que têm consistido as suas principais críticas à governação de José Sócrates:

- Suspendia a avaliação de desempenho dos professores e institucionalizava a sua «auto-avaliação», obviamente precedida de uma «reflexão»?

- Suspendia o Estatuto do Aluno e o Estatuto da Carreira docente?

- Que implementaria em sua substituição? Deixava ficar tudo como estava antes?

- Suspendia a avaliação dos funcionários públicos?

- Decidia um aumento do funcionalismo público superior a 2,9%? Para quanto?

- Aumentava o ordenado mínimo acima dos 450 euros? Para quanto?

- Reabria todos os Centros de Saúde que foram encerrados pelo Governo do PS?

- Que medidas concretas tomava para os equipar de meios humanos e técnicos aptos ao seu funcionamento?

- Que medidas macro-económicas precisas e concretas tomaria para baixar a taxa de desemprego que tanto o tem afligido?

- Aumentava as pensões? Para quanto?

- Aumentava o subsídio de desemprego?

- Aumentava os impostos? Diminuía os impostos?

- Que decisão tomava sobre o montante que estava disposto a fixar para o défice do PIB?

- Nacionalizava os sectores de produção que se revelassem deficitários?

- Deixava falir o BPN e o BPP?

- Suspendia o aval do Estado a todos os empréstimos bancários, mesmo que isso implicasse a falência de mais instituições bancárias?

- Que medidas concretas tomaria quanto às consequências que se seguiriam a estas decisões?

- Garantia os depósitos bancários nos bancos falidos a toda a gente?

- O que faria em concreto para «diminuir a desigualdade social» entre os portugueses?

- Não tendo maioria absoluta, com quem negociaria a aprovação dos Orçamentos?

Uma coisa é certa:

Manuel Alegre pode ser uma invulgar e inultrapassável referência da nossa democracia.

Mas uma coisa é a «poesia política», outra é o pragmatismo de quem tem de tomar decisões e de lidar com situações precisas e bem concretas de um determinado estado de coisas que existe, e que não pode ser ignorado.

Uma coisa é aparecer na televisão a papaguear a «vertente social» e que «isto está mal», ou a constatar «este estado de coisas» ou «o descontentamento das pessoas», que obviamente toda a gente que tem olhos na cara está a ver também. Vamos supor que, que diz que já não se revê nos ideais e nas políticas fundamentais “deste PS”, resolve, num gesto de dignidade política e intelectual, abandonar o partido.Vamos supor que até vai mais longe do que isso e, num gesto de larga coerência, dize deixa o seu lugar no Parlamento.Vamos supor, então, que Manuel Alegre formava um novo partido político e que conquistava um resultado eleitoral que lhe permitia formar Governo.Importa então perguntar o que faria este nosso novonalgumas das políticas fundamentais sobre que têm consistido as suas principais críticas à governação de José Sócrates:- Suspendia a avaliação de desempenho dos professores e institucionalizava a sua «auto-avaliação», obviamente precedida de uma «reflexão»?- Suspendia o Estatuto do Aluno e o Estatuto da Carreira docente?- Que implementaria em sua substituição? Deixava ficar tudo como estava antes?- Suspendia a avaliação dos funcionários públicos?- Decidia um aumento do funcionalismo público superior a 2,9%? Para quanto?- Aumentava o ordenado mínimo acima dos 450 euros? Para quanto?- Reabria todos os Centros de Saúde que foram encerrados pelo Governo do PS?- Que medidas concretas tomava para os equipar de meios humanos e técnicos aptos ao seu funcionamento?- Que medidas macro-económicas precisas e concretas tomaria para baixar a taxa de desemprego que tanto o tem afligido?- Aumentava as pensões? Para quanto?- Aumentava o subsídio de desemprego?- Aumentava os impostos? Diminuía os impostos?- Que decisão tomava sobre o montante que estava disposto a fixar para o défice do PIB?- Nacionalizava os sectores de produção que se revelassem deficitários?- Deixava falir o BPN e o BPP?- Suspendia o aval do Estado a todos os empréstimos bancários, mesmo que isso implicasse a falência de mais instituições bancárias?- Que medidas concretas tomaria quanto às consequências que se seguiriam a estas decisões?- Garantia os depósitos bancários nos bancos falidos a toda a gente?- O que faria em concreto para «diminuir a desigualdade social» entre os portugueses?- Não tendo maioria absoluta, com quem negociaria a aprovação dos Orçamentos?Manuel Alegre pode ser uma invulgar e inultrapassável referência da nossa democracia.Mas uma coisa é a, outra é o pragmatismo de quem tem de tomar decisões e de lidar com situações precisas e bem concretas de um determinado estado de coisas que existe, e que não pode ser ignorado.Uma coisa é aparecer na televisão a papaguear a «vertente social» e que «isto está mal», ou a constatar «este estado de coisas» ou «o descontentamento das pessoas», que obviamente toda a gente que tem olhos na cara está a ver também.

Mas outra coisa bem diferente é dizer-nos o que faria para modificar tudo isso.

E, se virmos bem, Manuel Alegre nem uma palavra nos diz sobre o assunto.

Manuel Alegre é um poeta e um emérito democrata.

Mas é também um lírico ingénuo. Que nem sequer conhece os dossiers sobre que se pronuncia.

Mais do que isso, Manuel Alegre está infectado por um esquerdismo irrealista que tão bem o liga ao Bloco de Esquerda, com quem tem descoberto tantas afinidades nos últimos tempos.

Nessa alucinação, que não é de esquerda mas sim miseravelmente «esquerdista», Manuel Alegre já aparece a acolher acriticamente o slogan mais trauliteiro, mais cínico e vazio de significado do Bloco de Esquerda, que todos os dias vemos repetido (tantas vezes naquele tom de corneta baixinho e soprado de Francisco Louçã) da Assembleia da República às Assembleias Municipais e que se poderá talvez resumir nesta singela frase:

- Não podem ser as pessoas a pagar isto; tem de ser o Estado!

O que é pior, é que Manuel Alegre já nem se apercebe do miserabilismo político e intelectual que esta frase só por si significa.

Vamos supor que Manuel Alegre, que diz que já não se revê nos ideais e nas políticas fundamentais “deste PS”, resolve, num gesto de dignidade política e intelectual, abandonar o partido.

Vamos supor que até vai mais longe do que isso e, num gesto de larga coerência, diz «não!» e deixa o seu lugar no Parlamento.

Vamos supor, então, que Manuel Alegre formava um novo partido político e que conquistava um resultado eleitoral que lhe permitia formar Governo.

Pois bem:

Importa então perguntar o que faria este nosso novo "Primeiro-ministro Manuel Alegre" nalgumas das políticas fundamentais sobre que têm consistido as suas principais críticas à governação de José Sócrates:

- Suspendia a avaliação de desempenho dos professores e institucionalizava a sua «auto-avaliação», obviamente precedida de uma «reflexão»?

- Suspendia o Estatuto do Aluno e o Estatuto da Carreira docente?

- Que implementaria em sua substituição? Deixava ficar tudo como estava antes?

- Suspendia a avaliação dos funcionários públicos?

- Decidia um aumento do funcionalismo público superior a 2,9%? Para quanto?

- Aumentava o ordenado mínimo acima dos 450 euros? Para quanto?

- Reabria todos os Centros de Saúde que foram encerrados pelo Governo do PS?

- Que medidas concretas tomava para os equipar de meios humanos e técnicos aptos ao seu funcionamento?

- Que medidas macro-económicas precisas e concretas tomaria para baixar a taxa de desemprego que tanto o tem afligido?

- Aumentava as pensões? Para quanto?

- Aumentava o subsídio de desemprego?

- Aumentava os impostos? Diminuía os impostos?

- Que decisão tomava sobre o montante que estava disposto a fixar para o défice do PIB?

- Nacionalizava os sectores de produção que se revelassem deficitários?

- Deixava falir o BPN e o BPP?

- Suspendia o aval do Estado a todos os empréstimos bancários, mesmo que isso implicasse a falência de mais instituições bancárias?

- Que medidas concretas tomaria quanto às consequências que se seguiriam a estas decisões?

- Garantia os depósitos bancários nos bancos falidos a toda a gente?

- O que faria em concreto para «diminuir a desigualdade social» entre os portugueses?

- Não tendo maioria absoluta, com quem negociaria a aprovação dos Orçamentos?

Uma coisa é certa:

Manuel Alegre pode ser uma invulgar e inultrapassável referência da nossa democracia.

Mas uma coisa é a «poesia política», outra é o pragmatismo de quem tem de tomar decisões e de lidar com situações precisas e bem concretas de um determinado estado de coisas que existe, e que não pode ser ignorado.

Uma coisa é aparecer na televisão a papaguear a «vertente social» e que «isto está mal», ou a constatar «este estado de coisas» ou «o descontentamento das pessoas», que obviamente toda a gente que tem olhos na cara está a ver também. Vamos supor que, que diz que já não se revê nos ideais e nas políticas fundamentais “deste PS”, resolve, num gesto de dignidade política e intelectual, abandonar o partido.Vamos supor que até vai mais longe do que isso e, num gesto de larga coerência, dize deixa o seu lugar no Parlamento.Vamos supor, então, que Manuel Alegre formava um novo partido político e que conquistava um resultado eleitoral que lhe permitia formar Governo.Importa então perguntar o que faria este nosso novonalgumas das políticas fundamentais sobre que têm consistido as suas principais críticas à governação de José Sócrates:- Suspendia a avaliação de desempenho dos professores e institucionalizava a sua «auto-avaliação», obviamente precedida de uma «reflexão»?- Suspendia o Estatuto do Aluno e o Estatuto da Carreira docente?- Que implementaria em sua substituição? Deixava ficar tudo como estava antes?- Suspendia a avaliação dos funcionários públicos?- Decidia um aumento do funcionalismo público superior a 2,9%? Para quanto?- Aumentava o ordenado mínimo acima dos 450 euros? Para quanto?- Reabria todos os Centros de Saúde que foram encerrados pelo Governo do PS?- Que medidas concretas tomava para os equipar de meios humanos e técnicos aptos ao seu funcionamento?- Que medidas macro-económicas precisas e concretas tomaria para baixar a taxa de desemprego que tanto o tem afligido?- Aumentava as pensões? Para quanto?- Aumentava o subsídio de desemprego?- Aumentava os impostos? Diminuía os impostos?- Que decisão tomava sobre o montante que estava disposto a fixar para o défice do PIB?- Nacionalizava os sectores de produção que se revelassem deficitários?- Deixava falir o BPN e o BPP?- Suspendia o aval do Estado a todos os empréstimos bancários, mesmo que isso implicasse a falência de mais instituições bancárias?- Que medidas concretas tomaria quanto às consequências que se seguiriam a estas decisões?- Garantia os depósitos bancários nos bancos falidos a toda a gente?- O que faria em concreto para «diminuir a desigualdade social» entre os portugueses?- Não tendo maioria absoluta, com quem negociaria a aprovação dos Orçamentos?Manuel Alegre pode ser uma invulgar e inultrapassável referência da nossa democracia.Mas uma coisa é a, outra é o pragmatismo de quem tem de tomar decisões e de lidar com situações precisas e bem concretas de um determinado estado de coisas que existe, e que não pode ser ignorado.Uma coisa é aparecer na televisão a papaguear a «vertente social» e que «isto está mal», ou a constatar «este estado de coisas» ou «o descontentamento das pessoas», que obviamente toda a gente que tem olhos na cara está a ver também.

Mas outra coisa bem diferente é dizer-nos o que faria para modificar tudo isso.

E, se virmos bem, Manuel Alegre nem uma palavra nos diz sobre o assunto.

Manuel Alegre é um poeta e um emérito democrata.

Mas é também um lírico ingénuo. Que nem sequer conhece os dossiers sobre que se pronuncia.

Mais do que isso, Manuel Alegre está infectado por um esquerdismo irrealista que tão bem o liga ao Bloco de Esquerda, com quem tem descoberto tantas afinidades nos últimos tempos.

Nessa alucinação, que não é de esquerda mas sim miseravelmente «esquerdista», Manuel Alegre já aparece a acolher acriticamente o slogan mais trauliteiro, mais cínico e vazio de significado do Bloco de Esquerda, que todos os dias vemos repetido (tantas vezes naquele tom de corneta baixinho e soprado de Francisco Louçã) da Assembleia da República às Assembleias Municipais e que se poderá talvez resumir nesta singela frase:

- Não podem ser as pessoas a pagar isto; tem de ser o Estado!

O que é pior, é que Manuel Alegre já nem se apercebe do miserabilismo político e intelectual que esta frase só por si significa.

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