O golo de Vilarinho que lesionou Durão Barroso

30-09-2015
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José Luís Arnaut levou o futebol para a campanha de Durão Barroso à boleia do Euro. E o Benfica tremeu. Vilarinho estampou-se em direto. A dívida fiscal do Benfica esteve em cima da mesa. E o Zé Manel chegou a primeiro-ministro. A menos de um mês das legislativas, revisitamos as nossas memórias políticas. Este é o 12º capítulo

Hoje em dia seria impensável mas em 2002 aconteceu. Durão Barroso deixou que a campanha para as legislativas que o levariam ao poder fosse literalmente invadida … pelo futebol. Com o Euro 2004 na forja e José Luís Arnaut, o homem que tinha acompanhado as negociações do Euro nos bastidores, na primeira linha da direção de campanha de Barroso, tudo na comitiva cheirava a ''bola'': os cachecóis, os hinos, os apoiantes, um verdadeiro festival de futebol instalado na política.

Dia 5 de março, num mega jantar em Rio Maior com mais de duas mil pessoas, a coisa evoluiu para níveis nunca vistos. Várias estrelas acorreram ao evento, de Eusébio a Fernando Gomes, passando por Simão Sabrosa, Sá Pinto, o brasileiro Jardel, João Pinto, Jaime Pacheco, João Loureiro, Luís Filipe Vieira, e Manuel Vilarinho.

O então presidente do Benfica entusiasmou-se (tanto que ao descer por uma rampa a lembrar o acesso ao estádio, escorregou e estatelou-se ao comprido) e declarou o apoio ao PSD: ''Estou aqui por decisão dos orgãos sociais do Benfica. Decidimos apoiar esta candidatura e o PSD. Queremos influenciar os benfiquistas neste sentido: quando estiverem a votar lembrem-se que estes senhores ajudaram-nos a resolver um questão''.

Qual questão, era tabu. Mas os jornalistas que andavam a acompanhar a caravana de Durão Barroso viveram, nessa semana, uma tarde estranha que levantou suspeitas. Sem aviso prévio, foi cancelado o programa previsto, alegadamente por afazeres inesperados do candidato, nunca esclarecidos.

Na sexta-feira, dia 8, O Independente fazia manchete com a história: Durão tinha ido com Pedro Santana Lopes encontrar-se com Manuel Vilarinho em Azeitão, para este lhe expôr o plano do Benfica para pagar os 2,5 milhões de dívidas ao fisco. Segundo o semanário de Paulo Portas, seria a Caixa Geral de Depósitos a emprestar a verba ao clube da Luz.

Durão desmentiu o acordo. E Vilarinho - que entretanto percebeu que tinha violado os estatutos benfiquistas ao expressar o apoio em nome da instituição - foi obrigado a pedir desculpa. Fê-lo em comunicado, que rematou assim: ''O meu único partido é o Benfica''. O instinto de killer de Durão Barroso fez o resto: ''O Partido Socialista é que está habituado a negociar com lóbis e pensa que sou como eles''.

No Diário de Notícias, Miguel Portas escrevia: ''A direção do Benfica dorme com Durão Barroso e a do Porto com Ferro Rodrigues''. Antes da troika, as campanhas eram outra coisa.

José Luís Arnaut levou o futebol para a campanha de Durão Barroso à boleia do Euro. E o Benfica tremeu. Vilarinho estampou-se em direto. A dívida fiscal do Benfica esteve em cima da mesa. E o Zé Manel chegou a primeiro-ministro. A menos de um mês das legislativas, revisitamos as nossas memórias políticas. Este é o 12º capítulo

Hoje em dia seria impensável mas em 2002 aconteceu. Durão Barroso deixou que a campanha para as legislativas que o levariam ao poder fosse literalmente invadida … pelo futebol. Com o Euro 2004 na forja e José Luís Arnaut, o homem que tinha acompanhado as negociações do Euro nos bastidores, na primeira linha da direção de campanha de Barroso, tudo na comitiva cheirava a ''bola'': os cachecóis, os hinos, os apoiantes, um verdadeiro festival de futebol instalado na política.

Dia 5 de março, num mega jantar em Rio Maior com mais de duas mil pessoas, a coisa evoluiu para níveis nunca vistos. Várias estrelas acorreram ao evento, de Eusébio a Fernando Gomes, passando por Simão Sabrosa, Sá Pinto, o brasileiro Jardel, João Pinto, Jaime Pacheco, João Loureiro, Luís Filipe Vieira, e Manuel Vilarinho.

O então presidente do Benfica entusiasmou-se (tanto que ao descer por uma rampa a lembrar o acesso ao estádio, escorregou e estatelou-se ao comprido) e declarou o apoio ao PSD: ''Estou aqui por decisão dos orgãos sociais do Benfica. Decidimos apoiar esta candidatura e o PSD. Queremos influenciar os benfiquistas neste sentido: quando estiverem a votar lembrem-se que estes senhores ajudaram-nos a resolver um questão''.

Qual questão, era tabu. Mas os jornalistas que andavam a acompanhar a caravana de Durão Barroso viveram, nessa semana, uma tarde estranha que levantou suspeitas. Sem aviso prévio, foi cancelado o programa previsto, alegadamente por afazeres inesperados do candidato, nunca esclarecidos.

Na sexta-feira, dia 8, O Independente fazia manchete com a história: Durão tinha ido com Pedro Santana Lopes encontrar-se com Manuel Vilarinho em Azeitão, para este lhe expôr o plano do Benfica para pagar os 2,5 milhões de dívidas ao fisco. Segundo o semanário de Paulo Portas, seria a Caixa Geral de Depósitos a emprestar a verba ao clube da Luz.

Durão desmentiu o acordo. E Vilarinho - que entretanto percebeu que tinha violado os estatutos benfiquistas ao expressar o apoio em nome da instituição - foi obrigado a pedir desculpa. Fê-lo em comunicado, que rematou assim: ''O meu único partido é o Benfica''. O instinto de killer de Durão Barroso fez o resto: ''O Partido Socialista é que está habituado a negociar com lóbis e pensa que sou como eles''.

No Diário de Notícias, Miguel Portas escrevia: ''A direção do Benfica dorme com Durão Barroso e a do Porto com Ferro Rodrigues''. Antes da troika, as campanhas eram outra coisa.

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