O manifesto dos 74 virou (parcialmente) manifesto dos 75

04-12-2014
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A ministra das Finanças, na sua aula na Universidade de Verão da JSD, disse que “o Parlamento seria o local certo para fazer um debate sobre a dívida pública”. Falou também na hipótese de poder vir a acompanhar a Irlanda no pedido de pagamento antecipado do empréstimo do FMI, através da possibilidade de trocar a dívida de 26 mil milhões de euros (mais cara) por dívida obtida através dos mercados financeiros (no actual contexto da zona euro, mais barata). Uma visão realista, uma vontade e uma abertura que, sem dúvida, devem ser aplaudidas.

Mas confesso que fiquei surpreendido porque julgava que, no Governo, continuava a haver ideias ou palavras proscritas sobre o debate da dívida. Lembro-me de o Primeiro-Ministro ter chamado “conversa” à discussão à volta do chamado “manifesto dos 74” e de ter apelidado os seus promotores de “essa gente”. Recordo-me de Passos Coelho ter então sentenciado que “quem defende uma coisa dessas não sabe o que está a defender”. Lembro-me, ainda, do que foi dito a propósito do pouco patriotismo de quem balbuciava a palavra reestruturação, renegociação ou recomposição da dívida e da tenebrosa previsão da reacção dos mercados.

Recordo que, no manifesto, se fala em “três condições a que a reestruturação deve obedecer”, sendo que a primeira enunciada é a do “abaixamento da taxa média de juro”. Ora aí está como se encurtou neste item a distância entre Lisboa e Castelo de Vide, com a preciosa ajuda de Mario Draghi nesta fase de acalmia dos mercados. Pelo menos neste ponto o texto bem poderia ser agora o “manifesto dos 75” com a assinatura de Maria Luís Albuquerque. E, quem sabe, “dos 76” com a anuência de Pedro Passos Coelho. Oh! o tempo, esse juiz implacável…

A ministra das Finanças, na sua aula na Universidade de Verão da JSD, disse que “o Parlamento seria o local certo para fazer um debate sobre a dívida pública”. Falou também na hipótese de poder vir a acompanhar a Irlanda no pedido de pagamento antecipado do empréstimo do FMI, através da possibilidade de trocar a dívida de 26 mil milhões de euros (mais cara) por dívida obtida através dos mercados financeiros (no actual contexto da zona euro, mais barata). Uma visão realista, uma vontade e uma abertura que, sem dúvida, devem ser aplaudidas.

Mas confesso que fiquei surpreendido porque julgava que, no Governo, continuava a haver ideias ou palavras proscritas sobre o debate da dívida. Lembro-me de o Primeiro-Ministro ter chamado “conversa” à discussão à volta do chamado “manifesto dos 74” e de ter apelidado os seus promotores de “essa gente”. Recordo-me de Passos Coelho ter então sentenciado que “quem defende uma coisa dessas não sabe o que está a defender”. Lembro-me, ainda, do que foi dito a propósito do pouco patriotismo de quem balbuciava a palavra reestruturação, renegociação ou recomposição da dívida e da tenebrosa previsão da reacção dos mercados.

Recordo que, no manifesto, se fala em “três condições a que a reestruturação deve obedecer”, sendo que a primeira enunciada é a do “abaixamento da taxa média de juro”. Ora aí está como se encurtou neste item a distância entre Lisboa e Castelo de Vide, com a preciosa ajuda de Mario Draghi nesta fase de acalmia dos mercados. Pelo menos neste ponto o texto bem poderia ser agora o “manifesto dos 75” com a assinatura de Maria Luís Albuquerque. E, quem sabe, “dos 76” com a anuência de Pedro Passos Coelho. Oh! o tempo, esse juiz implacável…

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