Segure a carteira que é ainda a única conta certa

07-12-2014
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O Banco de Portugal e a CMVM permitiram uma operação de aumento de capital do BES há sete semanas, sob o apelativo título de “Participe no Futuro”. O prospecto anunciava que, com este reforço de capital, o BES poderia “enfrentar o futuro de forma independente e sem se desviar da sua estratégia”. Entraram 1045 milhões de euros, “estreados a 17 de junho” (pode clicar na imagem para ver o prospecto do BES). Já não valem nada, contas certas. Diz agora candidamente Carlos Costa que já sabia da marosca desde setembro do ano passado (mas autorizou a operação).

Os analistas diziam que prejuízo do BES no semestre ia ser grande, para aí 200 milhões. Depois seria de 1200 e o Governador assegurou que a almofada permitia adormecer o problema. Agora, as imparidades calculam-se acima dos 4300 milhões de euros. Nunca houve contas certas.

O Banco de Portugal fez publicar um registo da exposição do BES aos negócios da família no GES abaixo dos dois mil milhões. Depois suspendeu os direitos de voto dos Espírito Santo quando descobriu que os dinheiros mal parados tinham duplicado esse valor. Nunca houve contas certas.

Passos Coelho prometeu que não haveria dinheiro público no BES. Pois há e é muito: 4500 milhões, mais 400 do fundo de resolução. Não são contas certas.

O Primeiro-ministro garantiu ainda que as perdas ficariam todas no banco e que o Estado nunca se meteria isso. Meteu-se mesmo e basta o “novo banco” ser comprado por um valor abaixo da sua recapitalização para que a factura bata à porta dos contribuintes. As contas certas podem ser desagradáveis.

O Governador do Banco de Portugal veio a público garantir que havia estrangeiros interessados em reforçar o capital do BES (e as acções subiram 20% nesse dia). Quatro dias depois, encerrou o banco e agora explica que esses investidores foram enxotados pela crise. Ninguém sabe quem são nem que contas apresentavam.

Olivier Guersent, Director-Geral Adjunto para o Mercado Interno na Comissão Europeia, garantia há uma semana, em debate com a eurodeputada Marisa Matias, que, se fosse preciso intervir para salvar um banco em Portugal, a União exigia a aplicação das regras anteriores (como no BPI e BCP): “Não devemos enganar-nos, o (novo) sistema (europeu de resolução bancária) deve entrar em vigor no fim de Julho do próximo ano. Não é um sistema para tratar do passado. O passado terá de ser abordado com os instrumentos do passado” (a frase completa no video aqui). Pois, no caso BES, num fim de semana, foi aceite pela mesma Comissão uma metodologia diferente, porque assim se finge que não há nacionalização do banco. E essa é a conta certa para todos, governo e Comissão.

A reunião virtual do Conselho de Ministros no domingo passado aprovou um decreto-lei, que foi assinado por Paulo Portas e promulgado na hora por Cavaco Silva para garantir este processo de nacionalização para a privatização de um banco privado. Nenhum deles disse ainda uma palavra sobre o assunto, mas fizeram as contas todas.

O que se se disse e se escreveu ontem em letra de pedra já não vale nada hoje, se for assunto de contas. Amanhã há-de ser pior.

O Banco de Portugal e a CMVM permitiram uma operação de aumento de capital do BES há sete semanas, sob o apelativo título de “Participe no Futuro”. O prospecto anunciava que, com este reforço de capital, o BES poderia “enfrentar o futuro de forma independente e sem se desviar da sua estratégia”. Entraram 1045 milhões de euros, “estreados a 17 de junho” (pode clicar na imagem para ver o prospecto do BES). Já não valem nada, contas certas. Diz agora candidamente Carlos Costa que já sabia da marosca desde setembro do ano passado (mas autorizou a operação).

Os analistas diziam que prejuízo do BES no semestre ia ser grande, para aí 200 milhões. Depois seria de 1200 e o Governador assegurou que a almofada permitia adormecer o problema. Agora, as imparidades calculam-se acima dos 4300 milhões de euros. Nunca houve contas certas.

O Banco de Portugal fez publicar um registo da exposição do BES aos negócios da família no GES abaixo dos dois mil milhões. Depois suspendeu os direitos de voto dos Espírito Santo quando descobriu que os dinheiros mal parados tinham duplicado esse valor. Nunca houve contas certas.

Passos Coelho prometeu que não haveria dinheiro público no BES. Pois há e é muito: 4500 milhões, mais 400 do fundo de resolução. Não são contas certas.

O Primeiro-ministro garantiu ainda que as perdas ficariam todas no banco e que o Estado nunca se meteria isso. Meteu-se mesmo e basta o “novo banco” ser comprado por um valor abaixo da sua recapitalização para que a factura bata à porta dos contribuintes. As contas certas podem ser desagradáveis.

O Governador do Banco de Portugal veio a público garantir que havia estrangeiros interessados em reforçar o capital do BES (e as acções subiram 20% nesse dia). Quatro dias depois, encerrou o banco e agora explica que esses investidores foram enxotados pela crise. Ninguém sabe quem são nem que contas apresentavam.

Olivier Guersent, Director-Geral Adjunto para o Mercado Interno na Comissão Europeia, garantia há uma semana, em debate com a eurodeputada Marisa Matias, que, se fosse preciso intervir para salvar um banco em Portugal, a União exigia a aplicação das regras anteriores (como no BPI e BCP): “Não devemos enganar-nos, o (novo) sistema (europeu de resolução bancária) deve entrar em vigor no fim de Julho do próximo ano. Não é um sistema para tratar do passado. O passado terá de ser abordado com os instrumentos do passado” (a frase completa no video aqui). Pois, no caso BES, num fim de semana, foi aceite pela mesma Comissão uma metodologia diferente, porque assim se finge que não há nacionalização do banco. E essa é a conta certa para todos, governo e Comissão.

A reunião virtual do Conselho de Ministros no domingo passado aprovou um decreto-lei, que foi assinado por Paulo Portas e promulgado na hora por Cavaco Silva para garantir este processo de nacionalização para a privatização de um banco privado. Nenhum deles disse ainda uma palavra sobre o assunto, mas fizeram as contas todas.

O que se se disse e se escreveu ontem em letra de pedra já não vale nada hoje, se for assunto de contas. Amanhã há-de ser pior.

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