Açores: A barbárie e a corrupção continuam

30-06-2011
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As touradas, máxima representação do sadismo institucionalizado com animais, vão desaparecendo progressivamente de todos os países onde até agora eram consideradas uma tradição. Na Espanha já foram proibidas em duas regiões: as ilhas Canárias e a Catalunha, e em muitos municípios espalhados por todo o país. No Equador, como consequência dum recente referendo popular, foram proibidas em quase todas as suas províncias. Na Nicarágua, não sendo banidas, a lei exige agora que os animais não sofram qualquer dano, devendo os touros estar munidos com umas protecções especiais. Outros países proibiram as touradas no passado, como o Uruguai. E mesmo aqui, em Portugal, a maioria das pessoas (56,1%) é já contra a realização de touradas.Os Açores, no entanto, parecem ser o único lugar do mundo onde este tipo de barbárie, longe de ser combatida, é fomentada e acarinhada pelas instituições públicas. Nas últimas décadas, por exemplo, a realização de touradas à corda na ilha Terceira quase que duplicou. E o número de touradas não tradicionais é já superior ao de touradas tradicionais, o que demonstra que o que está em causa não é a manutenção duma tradição. O que está em causa é uma opção decidida de fomento deste tipo de espectáculos, que são tão degradantes para as pessoas que os realizam como para os animais que os sofrem.E este fomento, mesmo numa época de crise e ajustes orçamentais, traduz-se numa enorme quantidade de dinheiro público que é desviado para esta indústria mafiosa: 150.000 € do governo regional para um monumento ao touro, 4.500 € da câmara de Angra do Heroísmo para apoio a uma associação tauromáquica, 3.500 € da Secretaria Regional de Economia para apoio a uma tourada à corda… Com montantes conhecidos ou não conhecidos, os exemplos multiplicam-se.O mais recente acto de glorificação institucional desta indústria aconteceu recentemente, no mês de maio, em Lisboa. A grande festa da tauromaquia açoriana conseguiu levar à praça do Campo Pequeno mais de 1.500 terceirenses, incluindo touros, ganadeiros, forcados e bandas filarmónicas. E tudo isto num dia útil, com pessoas faltando ao seu trabalho. E claro, lá estava o presidente do governo regional, em época pre-eleitoral, a presidir o vergonhoso espectáculo. Ainda que o homem, coitado, acabou por ser vaiado pelos assistentes: não calculou que, com a excitação e o cheiro quente do sangue, os aficionados iam lembrar-se do seu passado voto contra a legalização da sorte de varas.Mas, apesar destes sobressaltos, a ligação do poder institucional com o negócio da tortura animal continua muito saudável. Neste ano, as comemorações do Dia da Região, organizadas pela presidência da Assembleia Regional e pela presidência do governo, incluíram uma tourada à corda. As altas personalidades da região, dando mais uma vez o exemplo, transmitiram a mensagem de que os animais, se estão neste mundo, é para poderem ser maltratados e torturados. E este exemplo ainda continua com o apoio do governo à Rota do toiro (um projecto turístico destinado a afugentar os turistas), os perto de 400.000 € gastos cada ano pela câmara de Angra em touradas de praça ou as repetidas tentativas de levar touradas a outras ilhas onde não existe essa tradição.O mundo evolui. Mas os Açores, à margem do mundo civilizado, regridem com grande orgulho e entusiasmo dos seus governantes. A barbárie e a corrupção continuam…


As touradas, máxima representação do sadismo institucionalizado com animais, vão desaparecendo progressivamente de todos os países onde até agora eram consideradas uma tradição. Na Espanha já foram proibidas em duas regiões: as ilhas Canárias e a Catalunha, e em muitos municípios espalhados por todo o país. No Equador, como consequência dum recente referendo popular, foram proibidas em quase todas as suas províncias. Na Nicarágua, não sendo banidas, a lei exige agora que os animais não sofram qualquer dano, devendo os touros estar munidos com umas protecções especiais. Outros países proibiram as touradas no passado, como o Uruguai. E mesmo aqui, em Portugal, a maioria das pessoas (56,1%) é já contra a realização de touradas.Os Açores, no entanto, parecem ser o único lugar do mundo onde este tipo de barbárie, longe de ser combatida, é fomentada e acarinhada pelas instituições públicas. Nas últimas décadas, por exemplo, a realização de touradas à corda na ilha Terceira quase que duplicou. E o número de touradas não tradicionais é já superior ao de touradas tradicionais, o que demonstra que o que está em causa não é a manutenção duma tradição. O que está em causa é uma opção decidida de fomento deste tipo de espectáculos, que são tão degradantes para as pessoas que os realizam como para os animais que os sofrem.E este fomento, mesmo numa época de crise e ajustes orçamentais, traduz-se numa enorme quantidade de dinheiro público que é desviado para esta indústria mafiosa: 150.000 € do governo regional para um monumento ao touro, 4.500 € da câmara de Angra do Heroísmo para apoio a uma associação tauromáquica, 3.500 € da Secretaria Regional de Economia para apoio a uma tourada à corda… Com montantes conhecidos ou não conhecidos, os exemplos multiplicam-se.O mais recente acto de glorificação institucional desta indústria aconteceu recentemente, no mês de maio, em Lisboa. A grande festa da tauromaquia açoriana conseguiu levar à praça do Campo Pequeno mais de 1.500 terceirenses, incluindo touros, ganadeiros, forcados e bandas filarmónicas. E tudo isto num dia útil, com pessoas faltando ao seu trabalho. E claro, lá estava o presidente do governo regional, em época pre-eleitoral, a presidir o vergonhoso espectáculo. Ainda que o homem, coitado, acabou por ser vaiado pelos assistentes: não calculou que, com a excitação e o cheiro quente do sangue, os aficionados iam lembrar-se do seu passado voto contra a legalização da sorte de varas.Mas, apesar destes sobressaltos, a ligação do poder institucional com o negócio da tortura animal continua muito saudável. Neste ano, as comemorações do Dia da Região, organizadas pela presidência da Assembleia Regional e pela presidência do governo, incluíram uma tourada à corda. As altas personalidades da região, dando mais uma vez o exemplo, transmitiram a mensagem de que os animais, se estão neste mundo, é para poderem ser maltratados e torturados. E este exemplo ainda continua com o apoio do governo à Rota do toiro (um projecto turístico destinado a afugentar os turistas), os perto de 400.000 € gastos cada ano pela câmara de Angra em touradas de praça ou as repetidas tentativas de levar touradas a outras ilhas onde não existe essa tradição.O mundo evolui. Mas os Açores, à margem do mundo civilizado, regridem com grande orgulho e entusiasmo dos seus governantes. A barbárie e a corrupção continuam…

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