O Xico faz falta

10-07-2011
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Não sou dado a entusiasmos iniciais de primeira ordem, nem a comentários a quente, mas passadas que estão as primeiras 24 horas (quase 48 que desde que comecei a escrever esta posta, o meu primogénito decidiu fazer uma birra monumental) sobre a candidatura do Francisco Lopes à Presidência da Republica, creio que já é possivel fazer uma primeira avaliação da cassete que já começou a rodar: o Xico é ortodoxo (eu por acaso até pensava que era ateu, mas os mass media não se cansam de classificá-lo como crente nesta corrente do cristianismo, por isso quem sou eu para desmentir), o Xico é um puro (não sei se esta designação se refere aos habanos ou se à sua castidade), o Xico é um duro (cowboy comunista?), além de, claro como alguns imbecis referem, o Xico é um carreirista (grande carreira esta a de funcionário do PCP e seus privilégios) ou o desagradável “marionete” do meu companheiro de tasca.

Estes são os principais “mimos” com que o Francisco Lopes se viu brindado nas suas primeiras 24 horas de candidato, a que podíamos acrescentar o “cinzentismo” ou o “discurso robótico”. (Incrivel como expressões quase coincidentes têm sido usadas para classificar quase todos os candidatos ao que quer que seja do PC)

O que era bom era que o candidato do PCP (e é bom não esquecer este facto, como muito bem lembra o Tiago) fosse um “dê-erre” como o Octávio Teixeira ou então um militante de base com forte protagonismo social como o Carvalho da Silva, se nem fosse do PCP, melhor ainda – parece ser o que se apregoa por aí.

O Publico, no seu editorial de ontem proclama, certamente sem se aperceber do enorme elogio que fazem ao PCP, que “os comunistas insistem em participar como um colectivo no mais personalizado acto eleitoral da nossa vida política.” e continua o mesmo editorial “apresentam-se como uma parede de betão que escolhe cada um dos seus para o representar”

Ora, e realmente, por uma das primeiras vezes que me recordo, sou obrigado a concordar (parcialmente) com o editorial deste jornal (cada vez mais) neo-con: o betão realmente é um material popular e extremamente contemporâneo, sendo, por ventura, um dos materiais de construção que revela maior heterogeneidade na sua composição e maior homogeneidade no desempenho da sua função de resistência. Excelente metáfora do que é e deverá ser o PCP. A insistência, esta tão retrógada insistência, convicção de que os interesses e a vontade de um colectivo deve sobrepôr-se à do individuo, esta (irritante) insistência em não acreditar em Homens providenciais, em não descartar responsabilidades e tomadas de posição históricas quer seja pela mudança de líder quer seja pela mudança de nome. Retrógrado como sempre, este PCP que prefere a vontade de 1000 homens à vontade de um génio inspirado…

Bem sei, que os editores do Publico se queriam referir ao imobilismo e à falta de transparência- com uma alusão mal esgalhada ao livro de Alvaro Cunhal- mas parece-me muito mais imóvel, mais anti-democrático, menos participado, mais totalizadores os processos de escolha do candidato do PS e do Bloco (não nos esqueçamos de um histrionico Louçã a comprometer a sua direcção sem a consultar antes), sem sequer falar do candidato da direita que anunciará em breve ao seu rebanho a sua disponibilidade para enfrentar os desafios do País (esperemos que os netinhos de Cavaco não o chateiem muito durante a campanha, senão não a poderá fazer…).

Independentemente do posicionamento pessoal sobre o Xico, este assume-se perante os eleitores como um sinal da possibilidade da mudança na forma de fazer politica. Uma politica feita pelos “de baixo” (pela sua natureza de classe), uma politica feita pela valorização do trabalho em detrimento da agenda mediática, uma politica de colectivos, das muitas vozes, de discussão e rectificação, de acertos e de erros assumidos colectivamente em detrimento da responsabilização do lider e a desresponsabilização do rebanho.

No meio de muitos egos inchados como um zeppelin, o Xico, um homem que diz e pensa mais NÓS que EU faz falta e tenho pena que não haja mais como ele nesta próxima campanha…

PS: não coloco uma foto do Xico, senão o Guedes chateia-se comigo…

Não sou dado a entusiasmos iniciais de primeira ordem, nem a comentários a quente, mas passadas que estão as primeiras 24 horas (quase 48 que desde que comecei a escrever esta posta, o meu primogénito decidiu fazer uma birra monumental) sobre a candidatura do Francisco Lopes à Presidência da Republica, creio que já é possivel fazer uma primeira avaliação da cassete que já começou a rodar: o Xico é ortodoxo (eu por acaso até pensava que era ateu, mas os mass media não se cansam de classificá-lo como crente nesta corrente do cristianismo, por isso quem sou eu para desmentir), o Xico é um puro (não sei se esta designação se refere aos habanos ou se à sua castidade), o Xico é um duro (cowboy comunista?), além de, claro como alguns imbecis referem, o Xico é um carreirista (grande carreira esta a de funcionário do PCP e seus privilégios) ou o desagradável “marionete” do meu companheiro de tasca.

Estes são os principais “mimos” com que o Francisco Lopes se viu brindado nas suas primeiras 24 horas de candidato, a que podíamos acrescentar o “cinzentismo” ou o “discurso robótico”. (Incrivel como expressões quase coincidentes têm sido usadas para classificar quase todos os candidatos ao que quer que seja do PC)

O que era bom era que o candidato do PCP (e é bom não esquecer este facto, como muito bem lembra o Tiago) fosse um “dê-erre” como o Octávio Teixeira ou então um militante de base com forte protagonismo social como o Carvalho da Silva, se nem fosse do PCP, melhor ainda – parece ser o que se apregoa por aí.

O Publico, no seu editorial de ontem proclama, certamente sem se aperceber do enorme elogio que fazem ao PCP, que “os comunistas insistem em participar como um colectivo no mais personalizado acto eleitoral da nossa vida política.” e continua o mesmo editorial “apresentam-se como uma parede de betão que escolhe cada um dos seus para o representar”

Ora, e realmente, por uma das primeiras vezes que me recordo, sou obrigado a concordar (parcialmente) com o editorial deste jornal (cada vez mais) neo-con: o betão realmente é um material popular e extremamente contemporâneo, sendo, por ventura, um dos materiais de construção que revela maior heterogeneidade na sua composição e maior homogeneidade no desempenho da sua função de resistência. Excelente metáfora do que é e deverá ser o PCP. A insistência, esta tão retrógada insistência, convicção de que os interesses e a vontade de um colectivo deve sobrepôr-se à do individuo, esta (irritante) insistência em não acreditar em Homens providenciais, em não descartar responsabilidades e tomadas de posição históricas quer seja pela mudança de líder quer seja pela mudança de nome. Retrógrado como sempre, este PCP que prefere a vontade de 1000 homens à vontade de um génio inspirado…

Bem sei, que os editores do Publico se queriam referir ao imobilismo e à falta de transparência- com uma alusão mal esgalhada ao livro de Alvaro Cunhal- mas parece-me muito mais imóvel, mais anti-democrático, menos participado, mais totalizadores os processos de escolha do candidato do PS e do Bloco (não nos esqueçamos de um histrionico Louçã a comprometer a sua direcção sem a consultar antes), sem sequer falar do candidato da direita que anunciará em breve ao seu rebanho a sua disponibilidade para enfrentar os desafios do País (esperemos que os netinhos de Cavaco não o chateiem muito durante a campanha, senão não a poderá fazer…).

Independentemente do posicionamento pessoal sobre o Xico, este assume-se perante os eleitores como um sinal da possibilidade da mudança na forma de fazer politica. Uma politica feita pelos “de baixo” (pela sua natureza de classe), uma politica feita pela valorização do trabalho em detrimento da agenda mediática, uma politica de colectivos, das muitas vozes, de discussão e rectificação, de acertos e de erros assumidos colectivamente em detrimento da responsabilização do lider e a desresponsabilização do rebanho.

No meio de muitos egos inchados como um zeppelin, o Xico, um homem que diz e pensa mais NÓS que EU faz falta e tenho pena que não haja mais como ele nesta próxima campanha…

PS: não coloco uma foto do Xico, senão o Guedes chateia-se comigo…

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