porosidade etérea: Tomás Jorge (1928-2009)

21-01-2012
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Morreu ontem, sábado, o poeta angolano Tomás Jorge, um autor muito importante na construção da identidade da literatura angolana.(à esquerda, foto de Tomás Jorge Vieira da Cruz, tirada em Lisboa, no passado mês de Março de 2009, do blogue Soantes)"Tomás Jorge (Tomás Jorge Vieira da Cruz. Luanda, 26.5.1928). Mestiço. Filho do poeta Tomaz Vieira da Cruz. 7.º ano dos liceus em Luanda. Preparador farmacêutico dos Laboratórios de Indústria Farmacêutica dos Serviços de Saúde de Angola, aposentado, desde 1971. Vive agora em Lisboa. Colaboração em Mensagem (Luanda), Cultura (II), A Província de Angola, ABC, Comércio, Jornal de Angola, Revista de Angola, Diário de Luanda, Itinerário, e outros. Figura em: Poetas angolanos, Lisboa, 1959; Poetas angolanos, Lisboa, 1962; Antologia poética angolana, Sá da Bandeira, 1963; Contos portugueses do ultramar, II, Porto, 1964; Angola, Poesia 71 - Cancioneiro angolano, Benguela, 1971.Publicou: Areal, Sá da Bandeira, 1961. Tem para publicação: Relâmpagos de silêncio; Canto do menino; Civilização poluída; Talamungongo."A biografia acima (de 1976), enviada pelo poeta Rui Almeida, consta no livro No Reino de Caliban II, org. de Manuel Ferreira, 3ª edição: Plátano Editora, 1997.Segundo a Lusa, em 1995 publicou uma antologia da sua obra completa, "Talamungongo - 50 Anos de Poesia".ADOLESCENTES Não podes negar que bebeste leiteDa teta negra da mamã Ama Tu mesmo o dizesTeus lábios vermelhosComo o sangue puro da mamã AmaSão quentes com palavras brandas São a saudade da mamã AmaDas brincadeiras antigasGajajeira e quintal de ripadoSol nas casas de barro vermelhoNós dois unidos em lutaDisputando o colo da mamã Ama Nossas cabecinhas batendoNas tetas grandes da mamã Ama Ela foi envelhecendoSeus cabelos viraram brancuraNós fomos crescendo Do teu peito nasceram fontes de vidaTeus lábios ficaram mais cálidosMinha menina branca por nebulosidadeMeu amor sem pecado Meu peito também cresceuMeu coração também cresceuAmar-te? Nego-me!Agora seria desgostar a nossa mamã AmaSeria fazê-la chorar lá no céuMeu amor é pecadoEu não sei a quem amo A mamã Ama recomendou cuidadoDisse-nos que éramos irmãos Minha branca de uma avó negraNegra Isabel que faleceu desgostosaPela filha que não casouBranca de um pai que se negou Para mimÉs aquela sempre menina bantu— Minha irmã da infânciaDe olhos verdes de ternuraBoiando candidamenteNum corpo de nebulosidade nórdica És a saudade da mamã AmaNum corpo que faz lembrarUm jardim de rosas brancasCom toda a pureza de expressão bantuDa nossa mamã Ama. 1951 (in Areal, Poemas, Colecção Imbondeiro, 1961)


Morreu ontem, sábado, o poeta angolano Tomás Jorge, um autor muito importante na construção da identidade da literatura angolana.(à esquerda, foto de Tomás Jorge Vieira da Cruz, tirada em Lisboa, no passado mês de Março de 2009, do blogue Soantes)"Tomás Jorge (Tomás Jorge Vieira da Cruz. Luanda, 26.5.1928). Mestiço. Filho do poeta Tomaz Vieira da Cruz. 7.º ano dos liceus em Luanda. Preparador farmacêutico dos Laboratórios de Indústria Farmacêutica dos Serviços de Saúde de Angola, aposentado, desde 1971. Vive agora em Lisboa. Colaboração em Mensagem (Luanda), Cultura (II), A Província de Angola, ABC, Comércio, Jornal de Angola, Revista de Angola, Diário de Luanda, Itinerário, e outros. Figura em: Poetas angolanos, Lisboa, 1959; Poetas angolanos, Lisboa, 1962; Antologia poética angolana, Sá da Bandeira, 1963; Contos portugueses do ultramar, II, Porto, 1964; Angola, Poesia 71 - Cancioneiro angolano, Benguela, 1971.Publicou: Areal, Sá da Bandeira, 1961. Tem para publicação: Relâmpagos de silêncio; Canto do menino; Civilização poluída; Talamungongo."A biografia acima (de 1976), enviada pelo poeta Rui Almeida, consta no livro No Reino de Caliban II, org. de Manuel Ferreira, 3ª edição: Plátano Editora, 1997.Segundo a Lusa, em 1995 publicou uma antologia da sua obra completa, "Talamungongo - 50 Anos de Poesia".ADOLESCENTES Não podes negar que bebeste leiteDa teta negra da mamã Ama Tu mesmo o dizesTeus lábios vermelhosComo o sangue puro da mamã AmaSão quentes com palavras brandas São a saudade da mamã AmaDas brincadeiras antigasGajajeira e quintal de ripadoSol nas casas de barro vermelhoNós dois unidos em lutaDisputando o colo da mamã Ama Nossas cabecinhas batendoNas tetas grandes da mamã Ama Ela foi envelhecendoSeus cabelos viraram brancuraNós fomos crescendo Do teu peito nasceram fontes de vidaTeus lábios ficaram mais cálidosMinha menina branca por nebulosidadeMeu amor sem pecado Meu peito também cresceuMeu coração também cresceuAmar-te? Nego-me!Agora seria desgostar a nossa mamã AmaSeria fazê-la chorar lá no céuMeu amor é pecadoEu não sei a quem amo A mamã Ama recomendou cuidadoDisse-nos que éramos irmãos Minha branca de uma avó negraNegra Isabel que faleceu desgostosaPela filha que não casouBranca de um pai que se negou Para mimÉs aquela sempre menina bantu— Minha irmã da infânciaDe olhos verdes de ternuraBoiando candidamenteNum corpo de nebulosidade nórdica És a saudade da mamã AmaNum corpo que faz lembrarUm jardim de rosas brancasCom toda a pureza de expressão bantuDa nossa mamã Ama. 1951 (in Areal, Poemas, Colecção Imbondeiro, 1961)

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