ESPLANAR

30-06-2011
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Pretendia eu, serenamente, retomar a actividade do Esplanar (parada durante algum tempo, por razões que só a mim dizem respeito), quando me cai em cima um Procedimento Cautelar. Uma pilha de papéis, perto de 100 folhas, remetidas pela 8ª Vara Cível de Lisboa. Como devem calcular, não é agradável. Só um cínico, e nestes dias conheci muitos, pode dizer que isso «é muito bom para ti». Pois não tem sido. Não me vou aqui lamentar de como a minha vida foi afectada, negativamente afectada, por toda esta agitação. E de como anseio (depressa, rápido, urgentemente) regressar à minha vida pré-Providência Cautelar. Muita gente, gente muito estúpida e muito orgulhosa da sua estupidez, diz que o que eu pretendo é ficar famoso. Esquecem-se que, não tivesse a Marca Registada e respectiva editora desencadeado todo este processo, e nada disto teria acontecido. Nada de jornais, nada de entrevistas, nada de televisão. Mas a partir do momento em que me vejo perante um processo de tribunal, é normal e é humano que me queira defender.Há meses, algum tempo após a publicação, no Esplanar, do texto sobre a Marca Registada, o valter hugo mãe, que não conhecia, desafiou-me a editá-lo. Claro que eu disse que sim. Era trabalho meu, e que trabalho me deu, e toda a gente tem direito a essa pequena vaidade que é ser-se (e ver-se) editada (ainda hoje estou para perceber uma tirada do Professor Abel Barros Baptista, no encontro da Casa Fernando Pessoa, quando disse que nem toda a gente tem direito a ser editada; infelizmente, não fui esclarecido). Perante o convite, atire a primeira pedra quem não tivesse tomado a mesma decisão, ou seja, editar o livrinho. Só posso compreender a reacção de certas pessoas num contexto de inveja. No entanto, como disse o Francisco José Viegas no último texto da revista de sábado do DN, "uma coisa é ainda melhor se causar inveja em alguém".Sobre o encontro na Casa Fernando Pessoa, algumas coisas a dizer. À esmagadoria maioria das pessoas, pelos vistos, o que interessa é a confusão e a contra-informação. Eu nunca jamais em tempo algum disse que não se deve escrever sobre amigos. O que eu disse, e que fique aqui bem claro e de forma categórica, foi isto: escrever sobre amigos que escrevem uns e outros NO MESMO LOCAL DE TRABALHO (ou seja, na mesma publicação, jornal, revista, etc) revela falta de profissionalismo e deixa-me suspicaz quanto à sinceridade da opinião. Estamos sempre, sublinhe-se, no contexto da crítica jornalística, de fora fica, por conseguinte, o ensaísmo literário académico ou outro.Achei piada a alguns editores quando disseram que os textos escritos nos jornais não afectam as vendas dos livros. Gostaria então que me explicassem por que é gastam tanta energia a contactar jornais, a pedir espaço para os seus livros e, pior, a protestar quando as opiniões não lhes agradam. Já se passou comigo: um editor não gostou de um texto meu e, zangadíssimo, telefonou para o jornal, fazendo pressão, ameaçando, etc.A crítica jornalística, em geral, utiliza termos abstractos (mas com uma aura técnica), termos opacos que permitem todas as interpretações. Por exemplo: José Mário Silva, na Casa Fernando Pessoa, veio outra vez com a história de que a crítica dele ao livro do Nuno Costa Santos era negativa. Para o justificar, referiu a expressão «poemas escritos no fio da navalha». No sábado, ao ler a crónica da Clara Ferreira Alves, sobre o último livro de Gabriel García Marquez, deparo-me com isto: «andar sobre o fio da navalha é o trabalho do génio». Repito: termos abstractos, opacos, passíveis das mais diversas e contraditórias interpretações. É assim que se faz uma carreira de crítico nos jornais.É a última vez, juro-vos, que volto a falar sobre esta história dos amigos. Quem quiser continuar, por razões corporativas e outras, a afirmar que eu sou contra a escrita sobre livros de amigos seja em que circunstâncias for, está no seu pleno direito civil. Pela minha parte, já disse o que tinha a dizer.Entretanto, como é óbvio, o Esplanar continua. Por vezes mais assíduo, outras menos, ou porque a vida não mo permite, ou simplesmente porque não me apetece. Quem me tem lido perceberá que muitos dos textos que aqui coloco são fruto de muito trabalho, horas e horas de leituras. E, sendo assim, não é fácil postar todos os dias. Além disso, há muitos textos que no final não me agradam e que, por isso, não conhecem a luz do blogue. A vossa paciência, portanto.

Pretendia eu, serenamente, retomar a actividade do Esplanar (parada durante algum tempo, por razões que só a mim dizem respeito), quando me cai em cima um Procedimento Cautelar. Uma pilha de papéis, perto de 100 folhas, remetidas pela 8ª Vara Cível de Lisboa. Como devem calcular, não é agradável. Só um cínico, e nestes dias conheci muitos, pode dizer que isso «é muito bom para ti». Pois não tem sido. Não me vou aqui lamentar de como a minha vida foi afectada, negativamente afectada, por toda esta agitação. E de como anseio (depressa, rápido, urgentemente) regressar à minha vida pré-Providência Cautelar. Muita gente, gente muito estúpida e muito orgulhosa da sua estupidez, diz que o que eu pretendo é ficar famoso. Esquecem-se que, não tivesse a Marca Registada e respectiva editora desencadeado todo este processo, e nada disto teria acontecido. Nada de jornais, nada de entrevistas, nada de televisão. Mas a partir do momento em que me vejo perante um processo de tribunal, é normal e é humano que me queira defender.Há meses, algum tempo após a publicação, no Esplanar, do texto sobre a Marca Registada, o valter hugo mãe, que não conhecia, desafiou-me a editá-lo. Claro que eu disse que sim. Era trabalho meu, e que trabalho me deu, e toda a gente tem direito a essa pequena vaidade que é ser-se (e ver-se) editada (ainda hoje estou para perceber uma tirada do Professor Abel Barros Baptista, no encontro da Casa Fernando Pessoa, quando disse que nem toda a gente tem direito a ser editada; infelizmente, não fui esclarecido). Perante o convite, atire a primeira pedra quem não tivesse tomado a mesma decisão, ou seja, editar o livrinho. Só posso compreender a reacção de certas pessoas num contexto de inveja. No entanto, como disse o Francisco José Viegas no último texto da revista de sábado do DN, "uma coisa é ainda melhor se causar inveja em alguém".Sobre o encontro na Casa Fernando Pessoa, algumas coisas a dizer. À esmagadoria maioria das pessoas, pelos vistos, o que interessa é a confusão e a contra-informação. Eu nunca jamais em tempo algum disse que não se deve escrever sobre amigos. O que eu disse, e que fique aqui bem claro e de forma categórica, foi isto: escrever sobre amigos que escrevem uns e outros NO MESMO LOCAL DE TRABALHO (ou seja, na mesma publicação, jornal, revista, etc) revela falta de profissionalismo e deixa-me suspicaz quanto à sinceridade da opinião. Estamos sempre, sublinhe-se, no contexto da crítica jornalística, de fora fica, por conseguinte, o ensaísmo literário académico ou outro.Achei piada a alguns editores quando disseram que os textos escritos nos jornais não afectam as vendas dos livros. Gostaria então que me explicassem por que é gastam tanta energia a contactar jornais, a pedir espaço para os seus livros e, pior, a protestar quando as opiniões não lhes agradam. Já se passou comigo: um editor não gostou de um texto meu e, zangadíssimo, telefonou para o jornal, fazendo pressão, ameaçando, etc.A crítica jornalística, em geral, utiliza termos abstractos (mas com uma aura técnica), termos opacos que permitem todas as interpretações. Por exemplo: José Mário Silva, na Casa Fernando Pessoa, veio outra vez com a história de que a crítica dele ao livro do Nuno Costa Santos era negativa. Para o justificar, referiu a expressão «poemas escritos no fio da navalha». No sábado, ao ler a crónica da Clara Ferreira Alves, sobre o último livro de Gabriel García Marquez, deparo-me com isto: «andar sobre o fio da navalha é o trabalho do génio». Repito: termos abstractos, opacos, passíveis das mais diversas e contraditórias interpretações. É assim que se faz uma carreira de crítico nos jornais.É a última vez, juro-vos, que volto a falar sobre esta história dos amigos. Quem quiser continuar, por razões corporativas e outras, a afirmar que eu sou contra a escrita sobre livros de amigos seja em que circunstâncias for, está no seu pleno direito civil. Pela minha parte, já disse o que tinha a dizer.Entretanto, como é óbvio, o Esplanar continua. Por vezes mais assíduo, outras menos, ou porque a vida não mo permite, ou simplesmente porque não me apetece. Quem me tem lido perceberá que muitos dos textos que aqui coloco são fruto de muito trabalho, horas e horas de leituras. E, sendo assim, não é fácil postar todos os dias. Além disso, há muitos textos que no final não me agradam e que, por isso, não conhecem a luz do blogue. A vossa paciência, portanto.

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