Da Literatura: VINGAR ANTÓNIO FERRO

01-07-2011
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A intenção tácita não é abusiva, meu caro Gustavo Rubim. Pelo contrário. É mesmo de dinheiros e clientelas parasitárias que trato. Longe de querer ser do contra. Quem me conhece e comigo priva sabe que sempre questionei a tutela da Cultura. Todas: de Vasco Pulido Valente a Santana Lopes, de Alçada Baptista a José Sasportes, de Lucas Pires a Pedro Roseta, de Manuel Maria Carrilho a Maria João Bustorff, etc. Todos diferentes, todos iguais. Para o caso, inúteis. Um ministro serve para quê? Para definir e responder por uma política. Faz isso sentido na Cultura? Mas como? Em sociedades livres, digo eu. Em Cuba e na Coreia do Norte a gente percebe. Em contexto democrático é arrebique fútil. Para distribuir uns dinheiritos aqui, outros ali; levar uns artistas a Veneza e outros a São Paulo; manter teatros e museus do Estado de porta aberta; comprar um molho de exemplares do JL para diáspora ler; patrocinar uma controversa colecção de clássicos; garantir edições avulsas na área do ensaio duro; levar escritores bestsellers a banhos; assegurar a rede de bibliotecas públicas; subvencionar o teatro independente; e o bailado e outras artes idem; criar condições de excepção para que Manoel de Oliveira continue a filmar; enfim, para cumprir tais tarefas, duas das quais, do ponto de vista do contribuinte, me parecem abusivas — um jornal privado com muleta pública, as excursões a Parati —, para isto, que é mera gestão administrativa, chegava e sobrava uma direcção-geral obrigada às normas da contabilidade pública. A França teve Jack Lang? Pois teve. Tempos houve em que teve Malraux. Mas a França, com o ser rica, tem la langue. E tem, teve sempre, vocação dirigista. É isso que queremos? Um pavão nos jardins da Ajuda? Ou, simplesmente, vingar António Ferro?Etiquetas: AAA

A intenção tácita não é abusiva, meu caro Gustavo Rubim. Pelo contrário. É mesmo de dinheiros e clientelas parasitárias que trato. Longe de querer ser do contra. Quem me conhece e comigo priva sabe que sempre questionei a tutela da Cultura. Todas: de Vasco Pulido Valente a Santana Lopes, de Alçada Baptista a José Sasportes, de Lucas Pires a Pedro Roseta, de Manuel Maria Carrilho a Maria João Bustorff, etc. Todos diferentes, todos iguais. Para o caso, inúteis. Um ministro serve para quê? Para definir e responder por uma política. Faz isso sentido na Cultura? Mas como? Em sociedades livres, digo eu. Em Cuba e na Coreia do Norte a gente percebe. Em contexto democrático é arrebique fútil. Para distribuir uns dinheiritos aqui, outros ali; levar uns artistas a Veneza e outros a São Paulo; manter teatros e museus do Estado de porta aberta; comprar um molho de exemplares do JL para diáspora ler; patrocinar uma controversa colecção de clássicos; garantir edições avulsas na área do ensaio duro; levar escritores bestsellers a banhos; assegurar a rede de bibliotecas públicas; subvencionar o teatro independente; e o bailado e outras artes idem; criar condições de excepção para que Manoel de Oliveira continue a filmar; enfim, para cumprir tais tarefas, duas das quais, do ponto de vista do contribuinte, me parecem abusivas — um jornal privado com muleta pública, as excursões a Parati —, para isto, que é mera gestão administrativa, chegava e sobrava uma direcção-geral obrigada às normas da contabilidade pública. A França teve Jack Lang? Pois teve. Tempos houve em que teve Malraux. Mas a França, com o ser rica, tem la langue. E tem, teve sempre, vocação dirigista. É isso que queremos? Um pavão nos jardins da Ajuda? Ou, simplesmente, vingar António Ferro?Etiquetas: AAA

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