by
Carlos Almendra Barca Dalva
Vamos por partes? Vamos.
Parte um: o Vale do Tua só não está hoje classificado como Património Mundial (como aliás, o Douro Vinhateiro e o vizinho Vale do Côa) por obra e desgraça da barragem de Foz Tua, da EDP e dos muitos autarcas a quem a empresa chinesa tem agraciado com mimos. Uma vergonha, todos sabemos.
Parte dois: no muito pouco que vai restar de uma das mais impressionantes vias férreas da Europa, numa fracção dos seus originais 130 quilómetros vai surgir um projecto de “aproveitamento turístico“. Assumimos que a locomotiva diesel que está a ser construída em Inglaterra seria uma réplica da realidade ferroviária de Portugal ou até mesmo de Espanha ou até mesmo da Europa.
Mas não.
O “comboio” que o Mário Ferreira pretende colocar a circular ao longo de 36 quilómetros é uma “cena” (à falta de outro nome) a imitar o Faroeste americanos, como nos filmes de índios e cowboys, tal e como como nos filmes de Sábado à tarde da nossa infância.
O “comboio” [foto acima] que o Mário Ferreira pretende colocar a circular numa região de particular beleza natureza é uma cópia do mesmo comboio-zinho que circula em parques temáticos como a Disneyland de Paris. Ora veja.
Parte três: na Europa não há nem nunca houve comboios americanos com o aspecto piroso do brinquedo que o Mário Ferreira tratou já de encomendar em Inglaterra. Ponto final.
Parte quatro: na Europa, a começar por Espanha, há largas dezenas de projectos de “turismo ferroviário”, a funcionar em linhas também com serviço comercial ou em linhas desactivadas e afectas exclusivamente ao turismo.
Sabe disso, com certeza.
Também saberá que, por exemplo, no Chemin de Fer de Provence, França, circula uma locomotiva a vapor que circulou na linha do Tua. Peça original de que Portugal abdicou há anos. O mesmo acontece na Suiça, no Chemin de Fer do Jura. Outra locomotiva ex-Portugal. Aqui mais perto, basta visitar o Museu Vasco do Caminho de Ferro. Outra locomotiva a vapor ex-Portugal. E também uma automotora diesel ex-Portugal.
Parte cinco, e era aqui que queria chegar: não há na Europa um único projecto de turismo ferroviário puxado por um comboio de parque de diversões, tal como o que o Mário Ferreira parece estar apostado em trazer para uma via férrea monumental como é a linha do Tua.
Tenha por isso a garantia, Mário Ferreira, que toda a gente irá, de facto, reparar na nova Disneyland, no seu novo “Mundo de Descobertas“. Com um sorriso nos lábios.
(ou isso ou este é um tremendo golpe publicitário)
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Carlos Almendra Barca Dalva
Vamos por partes? Vamos.
Parte um: o Vale do Tua só não está hoje classificado como Património Mundial (como aliás, o Douro Vinhateiro e o vizinho Vale do Côa) por obra e desgraça da barragem de Foz Tua, da EDP e dos muitos autarcas a quem a empresa chinesa tem agraciado com mimos. Uma vergonha, todos sabemos.
Parte dois: no muito pouco que vai restar de uma das mais impressionantes vias férreas da Europa, numa fracção dos seus originais 130 quilómetros vai surgir um projecto de “aproveitamento turístico“. Assumimos que a locomotiva diesel que está a ser construída em Inglaterra seria uma réplica da realidade ferroviária de Portugal ou até mesmo de Espanha ou até mesmo da Europa.
Mas não.
O “comboio” que o Mário Ferreira pretende colocar a circular ao longo de 36 quilómetros é uma “cena” (à falta de outro nome) a imitar o Faroeste americanos, como nos filmes de índios e cowboys, tal e como como nos filmes de Sábado à tarde da nossa infância.
O “comboio” [foto acima] que o Mário Ferreira pretende colocar a circular numa região de particular beleza natureza é uma cópia do mesmo comboio-zinho que circula em parques temáticos como a Disneyland de Paris. Ora veja.
Parte três: na Europa não há nem nunca houve comboios americanos com o aspecto piroso do brinquedo que o Mário Ferreira tratou já de encomendar em Inglaterra. Ponto final.
Parte quatro: na Europa, a começar por Espanha, há largas dezenas de projectos de “turismo ferroviário”, a funcionar em linhas também com serviço comercial ou em linhas desactivadas e afectas exclusivamente ao turismo.
Sabe disso, com certeza.
Também saberá que, por exemplo, no Chemin de Fer de Provence, França, circula uma locomotiva a vapor que circulou na linha do Tua. Peça original de que Portugal abdicou há anos. O mesmo acontece na Suiça, no Chemin de Fer do Jura. Outra locomotiva ex-Portugal. Aqui mais perto, basta visitar o Museu Vasco do Caminho de Ferro. Outra locomotiva a vapor ex-Portugal. E também uma automotora diesel ex-Portugal.
Parte cinco, e era aqui que queria chegar: não há na Europa um único projecto de turismo ferroviário puxado por um comboio de parque de diversões, tal como o que o Mário Ferreira parece estar apostado em trazer para uma via férrea monumental como é a linha do Tua.
Tenha por isso a garantia, Mário Ferreira, que toda a gente irá, de facto, reparar na nova Disneyland, no seu novo “Mundo de Descobertas“. Com um sorriso nos lábios.
(ou isso ou este é um tremendo golpe publicitário)