Dos santos e dos demónios

21-01-2012
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Tens alguma razão, Pedro. Às vezes, são os documentos que provam muito do que se quer provar. E se é verdade que, à data da publicação do Ajuste Directo o Secretário de Estado era desde há 7 meses Elísio Summavielle, a verdade é que o contrato foi assinado antes, ou seja, a decisão política – que é aquela que interessa – não foi dele. Assim, o reconhecimento do erro implica um pedido de desculpas aos dois que, embora tardio, vem ainda a tempo.

Seja como for, toda esta questão levanta um problema cuja gravidade poderá ser ainda maior do que aquela que eu levantei com o post inicial – ninguém negou que Elísio Summavielle deverá ser o Director-Geral do Património nomeado por Francisco José Viegas, nem sequer o próprio Summavielle.

E é grave porque se trata de uma nomeação completamente despropositada. Para além de ser reconhecidamente incompetente, como o considera a generalidade dos agentes ligados ao Património português, estamos em presença de alguém que foi Secretário de Estado de um Governo cuja política para o sector é completamente oposta à que este Governo preconiza.

Segundo Francisco Sande Lemos, a verdadeira razão para a nomeação estará ligada à Maçonaria. Aliás, são rumores que têm circulado com muita insistência nos últimos dias.

Não sei se é verdade. Mas se for, a juntar a todo o conjunto de estranhíssimas nomeações da SEC que o próprio Insurgente já denunciou, estaremos em presença de um sintoma grave de promiscuidade política e de ligações perigosas que seria mais expectável num político com muitos anos de experiência do que num intelectual que tem apenas meia dúzia de meses de carreira.

Por último, uma nota mais pessoal: sempre tive um enorme apreço por Francisco José Viegas. Por ser um bom escritor, por ser do Douro, por ser do FC Porto, por ser um «bon vivant» apreciador da boa gastronomia e do bom vinho.

Se calhar por isso, a desilusão foi maior. Quando esperava alguém diferente, com hábitos diferentes e sem os vícios do meio, aparece alguém que nalguns casos ainda é pior. Como dizia o Fernando Nabais há uns dias, Francisco José Viegas está um político feito.

E a questão da Barragem do Tua resume toda a actuação política de Francisco José Viegas: a incoerência total em relação às suas posições do passado (sendo que, aqui, o passado é 2010) e a defesa de uma empresa privada, a EDP, em vez da defesa da Cultura e do Património. E para mim, não colhe a tua opinião de que é normal ter uma opinião como escritor e, depois, ter outra como governante.

Francisco José Viegas, sobretudo ele, não podia ser assim. Não tinha o direito de ser assim. E é por isso que me sinto completamente à vontade, sobretudo depois deste esclarecimento que fiz, para continuar a bater nele sem dó nem piedade nos próximos tempos. Mais do que qualquer outro, ele merece-o.

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Tens alguma razão, Pedro. Às vezes, são os documentos que provam muito do que se quer provar. E se é verdade que, à data da publicação do Ajuste Directo o Secretário de Estado era desde há 7 meses Elísio Summavielle, a verdade é que o contrato foi assinado antes, ou seja, a decisão política – que é aquela que interessa – não foi dele. Assim, o reconhecimento do erro implica um pedido de desculpas aos dois que, embora tardio, vem ainda a tempo.

Seja como for, toda esta questão levanta um problema cuja gravidade poderá ser ainda maior do que aquela que eu levantei com o post inicial – ninguém negou que Elísio Summavielle deverá ser o Director-Geral do Património nomeado por Francisco José Viegas, nem sequer o próprio Summavielle.

E é grave porque se trata de uma nomeação completamente despropositada. Para além de ser reconhecidamente incompetente, como o considera a generalidade dos agentes ligados ao Património português, estamos em presença de alguém que foi Secretário de Estado de um Governo cuja política para o sector é completamente oposta à que este Governo preconiza.

Segundo Francisco Sande Lemos, a verdadeira razão para a nomeação estará ligada à Maçonaria. Aliás, são rumores que têm circulado com muita insistência nos últimos dias.

Não sei se é verdade. Mas se for, a juntar a todo o conjunto de estranhíssimas nomeações da SEC que o próprio Insurgente já denunciou, estaremos em presença de um sintoma grave de promiscuidade política e de ligações perigosas que seria mais expectável num político com muitos anos de experiência do que num intelectual que tem apenas meia dúzia de meses de carreira.

Por último, uma nota mais pessoal: sempre tive um enorme apreço por Francisco José Viegas. Por ser um bom escritor, por ser do Douro, por ser do FC Porto, por ser um «bon vivant» apreciador da boa gastronomia e do bom vinho.

Se calhar por isso, a desilusão foi maior. Quando esperava alguém diferente, com hábitos diferentes e sem os vícios do meio, aparece alguém que nalguns casos ainda é pior. Como dizia o Fernando Nabais há uns dias, Francisco José Viegas está um político feito.

E a questão da Barragem do Tua resume toda a actuação política de Francisco José Viegas: a incoerência total em relação às suas posições do passado (sendo que, aqui, o passado é 2010) e a defesa de uma empresa privada, a EDP, em vez da defesa da Cultura e do Património. E para mim, não colhe a tua opinião de que é normal ter uma opinião como escritor e, depois, ter outra como governante.

Francisco José Viegas, sobretudo ele, não podia ser assim. Não tinha o direito de ser assim. E é por isso que me sinto completamente à vontade, sobretudo depois deste esclarecimento que fiz, para continuar a bater nele sem dó nem piedade nos próximos tempos. Mais do que qualquer outro, ele merece-o.

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