Almanaque Republicano

21-01-2012
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Oliveira Salazar"A serenidade com que Salazar dominou o tempo, imprimindo-lhe a sua marca já agora indelével, seria porém incompreensível se não traduzisse uma vontade de ferro. Uma vontade constante, que não quebra, não dobra, nem sequer vacila. Uma vontade que vai fazendo o seu curso por entre os acontecimentos, atenta às oportunidades de agir e procurando não as desperdiçar. É essa vontade resoluta, servida por um altíssimo sentido de autoridade, que tem constituído o mais sólido alicerce da sua obra gigantesca. Vontade serena, pois: a vontade de um homem de pensamento que sabe o que quer e para onde vai ..."[Marcelo Caetano, Discurso em 1958, in Vida Mundial, nº1530, 4/10/68]"Inteligente sem maleabilidade, religioso sem espiritualidade, ascético sem misticismo, este homem é de facto um produto duma fusão de estreitezas: a alma campestremente sórdida do camponês de Santa Comba só se alargou em pequenez pela educação do seminário, por todo o inumanismo livresco de Coimbra, pela especialização rígida do seu destino desejado de professor de Finanças. É um materialista católico (há muitos), um ateu-nato que respeita a Virgem.Para governar um país como chefe, falta-lhe, além das qualidades próprias que fazem directamente um chefe, a qualidade primordial - a imaginação. Ele sabe talvez prever, ele não sabe imaginar. Ele mesmo mostrou desdém por aquilo a que chamou 'os sonhadores nostálgicos do abatimento e da decadência' (Discurso de Salazar de 21-II-1935). A frase não é clara; e as suas frase, sempre nítidas, raramente são claras. Não se sabe se os sonhadores nostálgicos sonham com abatimento e decadência, ou se são os sonhadores que vivem em abatimento e decadência que sonham nostalgicamente não se sabe muito bem de quê. Retenhamos o essencial - o tom e o estilo da frase, cuja aplicação política escapou aliás a todos.Ele odeia os sonhadores, não, note-se bem, porque são sonhadores, mas simplesmente porque sonham (...)"[in História de Portugal, coord. de João Medina - sublinhados nossos)J.M.M.


Oliveira Salazar"A serenidade com que Salazar dominou o tempo, imprimindo-lhe a sua marca já agora indelével, seria porém incompreensível se não traduzisse uma vontade de ferro. Uma vontade constante, que não quebra, não dobra, nem sequer vacila. Uma vontade que vai fazendo o seu curso por entre os acontecimentos, atenta às oportunidades de agir e procurando não as desperdiçar. É essa vontade resoluta, servida por um altíssimo sentido de autoridade, que tem constituído o mais sólido alicerce da sua obra gigantesca. Vontade serena, pois: a vontade de um homem de pensamento que sabe o que quer e para onde vai ..."[Marcelo Caetano, Discurso em 1958, in Vida Mundial, nº1530, 4/10/68]"Inteligente sem maleabilidade, religioso sem espiritualidade, ascético sem misticismo, este homem é de facto um produto duma fusão de estreitezas: a alma campestremente sórdida do camponês de Santa Comba só se alargou em pequenez pela educação do seminário, por todo o inumanismo livresco de Coimbra, pela especialização rígida do seu destino desejado de professor de Finanças. É um materialista católico (há muitos), um ateu-nato que respeita a Virgem.Para governar um país como chefe, falta-lhe, além das qualidades próprias que fazem directamente um chefe, a qualidade primordial - a imaginação. Ele sabe talvez prever, ele não sabe imaginar. Ele mesmo mostrou desdém por aquilo a que chamou 'os sonhadores nostálgicos do abatimento e da decadência' (Discurso de Salazar de 21-II-1935). A frase não é clara; e as suas frase, sempre nítidas, raramente são claras. Não se sabe se os sonhadores nostálgicos sonham com abatimento e decadência, ou se são os sonhadores que vivem em abatimento e decadência que sonham nostalgicamente não se sabe muito bem de quê. Retenhamos o essencial - o tom e o estilo da frase, cuja aplicação política escapou aliás a todos.Ele odeia os sonhadores, não, note-se bem, porque são sonhadores, mas simplesmente porque sonham (...)"[in História de Portugal, coord. de João Medina - sublinhados nossos)J.M.M.

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