O Grande Zoo: LIÇÕES DAS ELEIÇÕES ALEMÃS

01-07-2011
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1. Houve, recentemente, eleições em dois Estados Federados da Alemanha: Baden-Württemberg (10 milhões e 700 mil habitantes; capital- Estugarda) e Renânia - Palatinato ( 4 milhões de habitantes; capital- Mogúncia). Dois estados do sudoeste alemão, um dos quais é terceiro, quer em termos populacionais, quer em extensão; o outro é um Estado de média dimensão e de média importância em termos populacionais. O resultado das eleições em Baden-Württemberg pôs fim a meio-século de predomínio democrata-cristão. De facto, o partido da Srª Merkl perdeu, 5,2% dos votos e 9 deputados e os seus aliados liberais perderam 5,4% e 8 deputados. Os Verdes ganharam 12,5% dos votos e 19 deputados, ficando com mais 1, 3% do que o SPD e com mais um deputado, o que faz com que lhes caiba a liderança de um governo estadual, pela primeira vez na história da Alemanha. O governo será pois verde-vermelho, ficando assim bem claro o mau resultado do SPD, que baixou 2,1% e perdeu 3 deputados, tendo tido o seu pior resultado de sempre neste Estado. A Esquerda ( Die Linke) oscilou ligeiramente para baixo (0,3%), continuando fora do parlamento estadual. A coligação de esquerda terá pois 71 deputado estaduais e a direita 67. Na Renânia -Palatinato, o grande derrotado eleitoralmente foi o SPD que perdeu 9,9% dos votos e 11 deputados. Os liberais (FDP), que tinham 10 deputados, deixaram de ter assento no parlamento estadual, por terem descido de 8% para 4,2%; os Verdes, que antes não estavam representados neste parlamento, passaram a dispor de 18 deputados, já que atingiram os 15,4%, quando antes tinham ficado ligeiramente abaixo da barreira dos 5%. A CDU subiu 2,4% e 3 deputados, tendo ficado com menos um deputado do que o SPD e com menos 0,5% dos votos. A conjugação destes resultados faz com que o SPD possa continuar a liderar o governo estadual, mas, uma vez que perdeu a mairia absoluta, agora com a participação dos Verdes. A Esquerda oscilou agora ligeiramente para cima (0,4 %), tendo continuado fora do parlemento estadual com os seus 3% de votos.2. A severa derrota política da Srª Merkl, em B. -W., não deve fazer esquecer a incapacidade do SPD para a aproveitar, ao ter descido também mais de 2%. E, embora continue com a liderança do governo da R.- P., não se pode ignorara que perdeu 10% dos votos.O SPD parece pois consistentemente amarrado a um patamar eleitoral modesto, reflectindo uma clara incapacidade para capitalizar a seu favor o desgaste do governo da Srª Merkl ( CDU-CSU/FDP). A Esquerda também não se tem mostrado capaz de aproveitar a estagnação do SPD para levantar voo. Apenas Os Verdes ( Die Grünen) se têm mostrado pujantes, de acordo com as indicações das sondagens, confirmadas pelos resultados das eleições acima referidos.Na verdade, se analisarmos a evolução das sondagens dos últimos meses, respeitantes a toda a Alemanha, não vemos grandes oscilações. Na mais recente, já desta semana, a CDU/CSU limita-se a 33%, o SPD não vai além dos 25 %, Die Grünen atingem os 21%, Die Linke fica-se pelos 8% e o FDP cai para uns perigosos 5%. Ou seja, a base eleitoral do Governo da Srª Merkl desceu para uns modestos 38 %, os três partidos de esquerda, actualmente na oposição, se pudessem somar-se, chegariam aos 52%. E mesmo que uma possível coligação abrangesse apenas o SPD e os Verdes, ela atingiria os 46%.Parece claro que, se não houver uma mutação inesperada, a esquerda tem boas hipóteses de voltar ao poder, após as próximas eleições legislativas alemãs. Mas, contra o que ainda há poucos anos era impensável, não é hoje certo que uma futura coligação de esquerda na Alemanha seja liderada pelo SPD. Pode ser liderada pelos Verdes. Também é nítido que, tal como em comentários anteriores sobre eleições alemãs já alvitrei, a estagnação do SPD não foi aproveitada pela Esquerda. E o papel dos Verdes na Alemanha não é um exemplo que possa ser seguido por outros países. Nomeadamente, aqueles onde os partidos deste tipo têm pouca expressão ou simplesmente não existem, como acontece no caso português.A estagnação política dos partidos europeus da Internacional Socialista continua, pois, sem fim à vista; e o facto de se estar a passar com o SPD o que acima se refere agrava essa situação, em virtude da grande importância desse partido no PSE ( Partido Socialista Europeu ). [ Pode clicar sobre o mapa e as infogravuras, para as poder ver aumentadas.]


1. Houve, recentemente, eleições em dois Estados Federados da Alemanha: Baden-Württemberg (10 milhões e 700 mil habitantes; capital- Estugarda) e Renânia - Palatinato ( 4 milhões de habitantes; capital- Mogúncia). Dois estados do sudoeste alemão, um dos quais é terceiro, quer em termos populacionais, quer em extensão; o outro é um Estado de média dimensão e de média importância em termos populacionais. O resultado das eleições em Baden-Württemberg pôs fim a meio-século de predomínio democrata-cristão. De facto, o partido da Srª Merkl perdeu, 5,2% dos votos e 9 deputados e os seus aliados liberais perderam 5,4% e 8 deputados. Os Verdes ganharam 12,5% dos votos e 19 deputados, ficando com mais 1, 3% do que o SPD e com mais um deputado, o que faz com que lhes caiba a liderança de um governo estadual, pela primeira vez na história da Alemanha. O governo será pois verde-vermelho, ficando assim bem claro o mau resultado do SPD, que baixou 2,1% e perdeu 3 deputados, tendo tido o seu pior resultado de sempre neste Estado. A Esquerda ( Die Linke) oscilou ligeiramente para baixo (0,3%), continuando fora do parlamento estadual. A coligação de esquerda terá pois 71 deputado estaduais e a direita 67. Na Renânia -Palatinato, o grande derrotado eleitoralmente foi o SPD que perdeu 9,9% dos votos e 11 deputados. Os liberais (FDP), que tinham 10 deputados, deixaram de ter assento no parlamento estadual, por terem descido de 8% para 4,2%; os Verdes, que antes não estavam representados neste parlamento, passaram a dispor de 18 deputados, já que atingiram os 15,4%, quando antes tinham ficado ligeiramente abaixo da barreira dos 5%. A CDU subiu 2,4% e 3 deputados, tendo ficado com menos um deputado do que o SPD e com menos 0,5% dos votos. A conjugação destes resultados faz com que o SPD possa continuar a liderar o governo estadual, mas, uma vez que perdeu a mairia absoluta, agora com a participação dos Verdes. A Esquerda oscilou agora ligeiramente para cima (0,4 %), tendo continuado fora do parlemento estadual com os seus 3% de votos.2. A severa derrota política da Srª Merkl, em B. -W., não deve fazer esquecer a incapacidade do SPD para a aproveitar, ao ter descido também mais de 2%. E, embora continue com a liderança do governo da R.- P., não se pode ignorara que perdeu 10% dos votos.O SPD parece pois consistentemente amarrado a um patamar eleitoral modesto, reflectindo uma clara incapacidade para capitalizar a seu favor o desgaste do governo da Srª Merkl ( CDU-CSU/FDP). A Esquerda também não se tem mostrado capaz de aproveitar a estagnação do SPD para levantar voo. Apenas Os Verdes ( Die Grünen) se têm mostrado pujantes, de acordo com as indicações das sondagens, confirmadas pelos resultados das eleições acima referidos.Na verdade, se analisarmos a evolução das sondagens dos últimos meses, respeitantes a toda a Alemanha, não vemos grandes oscilações. Na mais recente, já desta semana, a CDU/CSU limita-se a 33%, o SPD não vai além dos 25 %, Die Grünen atingem os 21%, Die Linke fica-se pelos 8% e o FDP cai para uns perigosos 5%. Ou seja, a base eleitoral do Governo da Srª Merkl desceu para uns modestos 38 %, os três partidos de esquerda, actualmente na oposição, se pudessem somar-se, chegariam aos 52%. E mesmo que uma possível coligação abrangesse apenas o SPD e os Verdes, ela atingiria os 46%.Parece claro que, se não houver uma mutação inesperada, a esquerda tem boas hipóteses de voltar ao poder, após as próximas eleições legislativas alemãs. Mas, contra o que ainda há poucos anos era impensável, não é hoje certo que uma futura coligação de esquerda na Alemanha seja liderada pelo SPD. Pode ser liderada pelos Verdes. Também é nítido que, tal como em comentários anteriores sobre eleições alemãs já alvitrei, a estagnação do SPD não foi aproveitada pela Esquerda. E o papel dos Verdes na Alemanha não é um exemplo que possa ser seguido por outros países. Nomeadamente, aqueles onde os partidos deste tipo têm pouca expressão ou simplesmente não existem, como acontece no caso português.A estagnação política dos partidos europeus da Internacional Socialista continua, pois, sem fim à vista; e o facto de se estar a passar com o SPD o que acima se refere agrava essa situação, em virtude da grande importância desse partido no PSE ( Partido Socialista Europeu ). [ Pode clicar sobre o mapa e as infogravuras, para as poder ver aumentadas.]

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