O Grande Zoo: O Mercado

01-07-2011
marcar artigo


Com algum atraso e com a sua autorização, aqui vai mais um "Estranho quotidiano", traduzido por J.L.Pio Abreu em mais uma das suas crónicas ("O mercado"), publicadas no DESTAK.O Mercado"O leitor já alguma vez jogou na bolsa? Duvido que agora o faça, mas é possível que tenha cedido à tentação num momento em que todos ganhavam com isso (um "bull market"). Seguramente, andou um pouco ganancioso enquanto tudo corria bem, mas acabou por perder porque outros mais gananciosos o fintaram.Dizem que o Mercado é o lugar onde os interesses dos cidadãos se equilibram harmoniosamente, mas não é. Apenas uma minúscula parte dos cidadãos opera directamente no Mercado. De todos, são os mais gananciosos e truculentos. São mestres do ofício de dar mais dinheiro a quem já o tem, a começar por eles próprios.Os agentes do Mercado podem convencer-se que trabalham para fundos de pensões, dando ganhos aos reformados e aforradores que neles confiaram. No fundo, porém, estão a pensar na sua extravagante comissão. Arriscam tudo e arriscam, sobretudo, o dinheiro dos outros, sabendo que o mais que arriscam, da sua parte, é o despedimento com uma choruda indemnização. Nunca ficam pobres como aqueles que fazem empobrecer.A população trabalhadora e pacífica sempre se sujeitou aos invasores e cúmplices locais que, sendo minoritários, eram suficientemente agressivos para imporem a sua lei gananciosa. Com a democracia, pensámos que nos livrávamos deles. Mas não. A minoria agressiva disfarça-se hoje de agentes do Mercado. Com grande sofisticação, destroem pessoas, empresas e nações. Poderão os políticos democratas lutar contra eles? Talvez não. O mais que podem, tal como dantes, é fazer acordos e enviar sinais para os acalmar". [J. L. Pio Abreu]


Com algum atraso e com a sua autorização, aqui vai mais um "Estranho quotidiano", traduzido por J.L.Pio Abreu em mais uma das suas crónicas ("O mercado"), publicadas no DESTAK.O Mercado"O leitor já alguma vez jogou na bolsa? Duvido que agora o faça, mas é possível que tenha cedido à tentação num momento em que todos ganhavam com isso (um "bull market"). Seguramente, andou um pouco ganancioso enquanto tudo corria bem, mas acabou por perder porque outros mais gananciosos o fintaram.Dizem que o Mercado é o lugar onde os interesses dos cidadãos se equilibram harmoniosamente, mas não é. Apenas uma minúscula parte dos cidadãos opera directamente no Mercado. De todos, são os mais gananciosos e truculentos. São mestres do ofício de dar mais dinheiro a quem já o tem, a começar por eles próprios.Os agentes do Mercado podem convencer-se que trabalham para fundos de pensões, dando ganhos aos reformados e aforradores que neles confiaram. No fundo, porém, estão a pensar na sua extravagante comissão. Arriscam tudo e arriscam, sobretudo, o dinheiro dos outros, sabendo que o mais que arriscam, da sua parte, é o despedimento com uma choruda indemnização. Nunca ficam pobres como aqueles que fazem empobrecer.A população trabalhadora e pacífica sempre se sujeitou aos invasores e cúmplices locais que, sendo minoritários, eram suficientemente agressivos para imporem a sua lei gananciosa. Com a democracia, pensámos que nos livrávamos deles. Mas não. A minoria agressiva disfarça-se hoje de agentes do Mercado. Com grande sofisticação, destroem pessoas, empresas e nações. Poderão os políticos democratas lutar contra eles? Talvez não. O mais que podem, tal como dantes, é fazer acordos e enviar sinais para os acalmar". [J. L. Pio Abreu]

marcar artigo