Mais de metade dos novos cursos superiores ‘chumbados’ pelo IEFP

31-07-2014
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Mais de metade dos novos cursos superiores ‘chumbados’ pelo IEFP

Ana Petronilho

ana.petronilho@economico.pt

00:05

Do total de 212 novos cursos de dois anos submetidos a avaliação, apenas 46 são do ensino público.

O Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP) ‘chumbou' mais de metade dos 201 novos cursos superiores de curta duração que já avaliou e que deveriam arrancar em Setembro. Esta opinião desfavorável é partilhada pela Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional (ANQEP), que deu parecer negativo a 30 dos 48 cursos que já analisou.

De acordo com o levantamento feito pelo Diário Económico com base nas listas e pareceres publicados até ontem pelo IEFP e pela Agência Nacional de Qualificação (ANQEP), 201 dos 212 novos cursos Técnicos Superiores Profissionais (TeSP) propostos pelas instituições já foram avaliados pelo IEFP. Desses, 109 (54%) receberam parecer negativo.

A esta reprovação das entidades públicas que estão a avaliar previamente os TeSP, soma-se o desinteresse dos politécnicos públicos por esta nova oferta formativa. Entre estes 212 cursos, apenas 46 (21,6%) são de instituições públicas, que também não escapam ao ‘chumbo' do IEFP e da ANQEP.

Estes pareceres exigidos às instituições de ensino superior não são vinculativos, mas será com base nestas avaliações que a Direcção Geral do Ensino Superior (DGES) dará ou não luz verde para que os cursos arranquem em Setembro. O processo termina hoje.

Segundo as listas publicadas até ontem, a grande maioria dos 212 cursos - 166 - são de escolas, institutos ou politécnicos privados, sendo o grupo Lusófona o que mais interesse manifestou por esta nova oferta, com 44 pedidos de avaliação.

Nas análises e pareceres da ANQEP - os mais fundamentados - são levantadas várias dúvidas de "coerência entre o perfil profissional proposto e os resultados de aprendizagem associados ao curso". Esta é, aliás, a principal razão do ‘chumbo' por esta entidade.

Até ontem, apenas quatro cursos tinham dado entrada na DGES, todos da Universidade Fernando Pessoa, e dos 212 submetidos a parecer apenas 44 (seis de politécnicos públicos) tinham sido analisados tanto pelo IEFP como pela ANQEP. Na maioria, são cursos da área das Ciências Empresariais, como Gestão Administrativa de Recursos Humanos ou Gestão e Negócios para PME, da área da Informática ou dos Serviços Sociais, como a Gerontologia.

Politécnicos públicos continuam a rejeitar os cursos

O braço-de-ferro entre o Governo e os politécnicos públicos provocado por estes cursos continua, com a rejeição e desinteresse destas instituições pela nova formação. Os politécnicos de Castelo Branco e o do Cávado e Ave foram os que mais cursos submeteram: seis e cinco, respectivamente. Questionado sobre este desinteresse das instituições públicas, o Ministério da Educação não respondeu até ao fecho desta edição.

Os TEsP são uma nova oferta formativa que está a ser desenhada pelo Governo há dois anos e que vai funcionar em exclusivo nos politécnicos. Os cursos têm sido alvo de fortes críticas dos empresários e das instituições de ensino que alegam que há uma sobreposição com os Cursos de Especialização Tecnológica (CET) e chegaram mesmo a gerar conflitos entre os ministérios da Educação e da Economia.

Os cursos terão a duração de dois anos e dão acesso a um diploma de Técnico Superior Profissional, mas não conferem grau académico. Para concorrer a uma vaga não é necessário que os candidatos resolvam qualquer exame nacional. Concluído o curso, os alunos podem transitar para uma licenciatura através de uma entrevista ou de uma prova local, desenhada pela instituição de ensino. No politécnicos públicos, a lei prevê o pagamento de uma propina anual de 1.068 euros anuais, que corresponde ao valor máximo cobrado nas licenciaturas.

Mais de metade dos novos cursos superiores ‘chumbados’ pelo IEFP

Ana Petronilho

ana.petronilho@economico.pt

00:05

Do total de 212 novos cursos de dois anos submetidos a avaliação, apenas 46 são do ensino público.

O Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP) ‘chumbou' mais de metade dos 201 novos cursos superiores de curta duração que já avaliou e que deveriam arrancar em Setembro. Esta opinião desfavorável é partilhada pela Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional (ANQEP), que deu parecer negativo a 30 dos 48 cursos que já analisou.

De acordo com o levantamento feito pelo Diário Económico com base nas listas e pareceres publicados até ontem pelo IEFP e pela Agência Nacional de Qualificação (ANQEP), 201 dos 212 novos cursos Técnicos Superiores Profissionais (TeSP) propostos pelas instituições já foram avaliados pelo IEFP. Desses, 109 (54%) receberam parecer negativo.

A esta reprovação das entidades públicas que estão a avaliar previamente os TeSP, soma-se o desinteresse dos politécnicos públicos por esta nova oferta formativa. Entre estes 212 cursos, apenas 46 (21,6%) são de instituições públicas, que também não escapam ao ‘chumbo' do IEFP e da ANQEP.

Estes pareceres exigidos às instituições de ensino superior não são vinculativos, mas será com base nestas avaliações que a Direcção Geral do Ensino Superior (DGES) dará ou não luz verde para que os cursos arranquem em Setembro. O processo termina hoje.

Segundo as listas publicadas até ontem, a grande maioria dos 212 cursos - 166 - são de escolas, institutos ou politécnicos privados, sendo o grupo Lusófona o que mais interesse manifestou por esta nova oferta, com 44 pedidos de avaliação.

Nas análises e pareceres da ANQEP - os mais fundamentados - são levantadas várias dúvidas de "coerência entre o perfil profissional proposto e os resultados de aprendizagem associados ao curso". Esta é, aliás, a principal razão do ‘chumbo' por esta entidade.

Até ontem, apenas quatro cursos tinham dado entrada na DGES, todos da Universidade Fernando Pessoa, e dos 212 submetidos a parecer apenas 44 (seis de politécnicos públicos) tinham sido analisados tanto pelo IEFP como pela ANQEP. Na maioria, são cursos da área das Ciências Empresariais, como Gestão Administrativa de Recursos Humanos ou Gestão e Negócios para PME, da área da Informática ou dos Serviços Sociais, como a Gerontologia.

Politécnicos públicos continuam a rejeitar os cursos

O braço-de-ferro entre o Governo e os politécnicos públicos provocado por estes cursos continua, com a rejeição e desinteresse destas instituições pela nova formação. Os politécnicos de Castelo Branco e o do Cávado e Ave foram os que mais cursos submeteram: seis e cinco, respectivamente. Questionado sobre este desinteresse das instituições públicas, o Ministério da Educação não respondeu até ao fecho desta edição.

Os TEsP são uma nova oferta formativa que está a ser desenhada pelo Governo há dois anos e que vai funcionar em exclusivo nos politécnicos. Os cursos têm sido alvo de fortes críticas dos empresários e das instituições de ensino que alegam que há uma sobreposição com os Cursos de Especialização Tecnológica (CET) e chegaram mesmo a gerar conflitos entre os ministérios da Educação e da Economia.

Os cursos terão a duração de dois anos e dão acesso a um diploma de Técnico Superior Profissional, mas não conferem grau académico. Para concorrer a uma vaga não é necessário que os candidatos resolvam qualquer exame nacional. Concluído o curso, os alunos podem transitar para uma licenciatura através de uma entrevista ou de uma prova local, desenhada pela instituição de ensino. No politécnicos públicos, a lei prevê o pagamento de uma propina anual de 1.068 euros anuais, que corresponde ao valor máximo cobrado nas licenciaturas.

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