A B S O R T O: Sigamos o Cherne

21-01-2012
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No domingo passado comprei um livro. “Quinze Poetas Portugueses do Século XX”, com selecção e prefácio de Gastão Cruz. Não sei se ainda me falta publicar ao menos um poema de cada um deles no Absorto. Talvez um ou dois.Mas achei curioso que a série de poemas de autoria de Alexandre O´Neill (1924-1986) abra com um de que falou muito nas eleições legislativas de 2002.Leiam-no agora a esta distância respeitável e da leitura retirem as lições que vos apetecer.SIGAMOS O CHERNE(Depois de ver o filme “O Mundo do Silêncio” de Jacques-Yves Cousteau)Sigamos o cherne, minha Amiga!Desçamos ao fundo do desejoAtrás de muito mais que a fantasiaE aceitemos, até, do cherne um beijo,Senão já com amor, com alegria…Em cada um de nós circula o cherne,Quase sempre mentido e olvidado.Em água silenciosa de passadoCircula o cherne: traídoPeixe recalcado…Sigamos, pois, o cherne, antes que venha,Já morto, boiar ao lume de água,Nos olhos rasos de água,Quando, mentido o cherne a vida inteira,Não somos mais que solidão e mágoa…


No domingo passado comprei um livro. “Quinze Poetas Portugueses do Século XX”, com selecção e prefácio de Gastão Cruz. Não sei se ainda me falta publicar ao menos um poema de cada um deles no Absorto. Talvez um ou dois.Mas achei curioso que a série de poemas de autoria de Alexandre O´Neill (1924-1986) abra com um de que falou muito nas eleições legislativas de 2002.Leiam-no agora a esta distância respeitável e da leitura retirem as lições que vos apetecer.SIGAMOS O CHERNE(Depois de ver o filme “O Mundo do Silêncio” de Jacques-Yves Cousteau)Sigamos o cherne, minha Amiga!Desçamos ao fundo do desejoAtrás de muito mais que a fantasiaE aceitemos, até, do cherne um beijo,Senão já com amor, com alegria…Em cada um de nós circula o cherne,Quase sempre mentido e olvidado.Em água silenciosa de passadoCircula o cherne: traídoPeixe recalcado…Sigamos, pois, o cherne, antes que venha,Já morto, boiar ao lume de água,Nos olhos rasos de água,Quando, mentido o cherne a vida inteira,Não somos mais que solidão e mágoa…

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