Cantinho da Manu

29-11-2013
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O poder de uma música

Existe um Olhar

Existe um Olhar 20.06.12 Nem sempre os conselhos de quem nos quer bem, as frases para meditar dos grandes escritores e poetas ou a força da mente que se quer lúcida e objectiva, têm o poder de uma música. Será o som? as palavras? a melodia? Ela surge como um flash que o coração teima em não querer apagar e se quer sobrepor à razão. A música tem essa ambiguidade de umas vezes atear emoções, outras de as apagar, deixando apenas cinzas que com um leve sopro se esvaiem quando a brisa sopra baixinho. Leva com ela recordações, apaga saudades e desfaz ilusões. Hoje a sensatez falou mais alto pela voz do Rui Veloso e o curioso é que me sinto leve e sem resquícios de mágoas. Tags:

poder da música

regras de sensatez

rui veloso

vidas publicado às 16:37

Lado a lado

Existe um Olhar

Existe um Olhar 30.03.11 Existe um Olhar Deixa que segure na tua mão. Não te afastes, não te escondas. Fazes parte do mundo, impossível passares incógnito, anónimo. Partilha comigo as tuas lágrimas, deixa que caiam do teu rosto, que me salpiquem, que eu possa torná-las menos amargas, e secá-las com palavras de alento e conforto. Encosta o teu ombro e descansa, não precisas falar, simplesmente repousa, alivia o peso que carregas e reparte-o comigo. Reprograma os ficheiros obsoletos e sem sentido, abre novos mundos ao teu mundo, deixa espaço para acrescentares o novo, tudo o que hoje achas improvável e que amanhã poderá ser realidade. Esvazia a lixeira, o que não tem mais sentido, o que ocupa espaço nas tuas noites de insónia. Renova o stock das ideias, dos sonhos, dos desejos inconfessáveis, das loucuras saudáveis, dos prazeres das coisas simples, dos monólogos que te deixam um brilho nos olhos e dos diálogos que te possam fazer acreditar que não estás só. Apaga a saudade, tens o presente, este momento em que estou aqui, lado a lado, segurando a tua mão. Tags:

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Egoísmo ou individualidade?

Existe um Olhar

Existe um Olhar 28.02.11 Foto de Existe um Olhar De vez em quando, entre amigos, surgem aqui e ali conversas mais sérias, que geram discussões saudáveis, trocas de ideias, reflexões e conclusões que vão alterando certos conceitos dados como certos e há muito definidos. Por vezes somos levados a concluir que neste mundo em constante mudança, são de prever alterações não só físicas, ou ambientais, como também de comportamentos. Por vezes acordamos para realidades que não nos deixam indiferentes e que devemos acompanhar como fazendo parte da natural transformação inerente ao ser humano, quer concordemos ou não com elas. Visioná-las, radiografá-las, fazer um diagnóstico que pode ou não ser consensual é tarefa que me faz deambolar e perscrutar sem grande pretensão no mais profundo e recôndito esconderijo da mente, tentando decifrar códigos e padrões que de maneira indelével vão modificando o nosso quotidiano. Esta introdução serve para a questão colocada num grupo, onde se perguntou qual a causa do crescente aumento de divórcios e do facto de cada vez mais gente querer viver sozinha. Enquanto alguns defendiam que vivemos num mundo cada vez mais egoísta em que as pessoas fogem da responsabilidades, dos compromissos, das ligações que impliquem fidelidade, constância e abnegação, outros altercavam dizendo que em situações em que era pedida solidariedade, ajuda, apoio material e emocional, aí o panorama era totalmente diferente e a entreajuda, a dádiva, a entrega e o altruísmo se faziam notar, entrando em contradição com o aparente egoísmo. E nestas conversas há sempre alguém que talvez devido à idade, ao estudo, às vivências, consegue arranjar um ponto de equilíbrio e fazer com que olhemos de maneira diferente para questões que por vezes catalogamos sem certezas da sua autenticidade. Individualidade, é a nova palavra de ordem. As pessoas hoje, mais que nunca, querem testar e desenvolver as suas capacidades, descobrir o potencial de que dispõem, garantindo desta forma uma satisfação interior que não passa pelo exibicionismo nem publicidade das conquistas que vão sendo atingidas a nível do desenvolvimento pessoal. Há necessidade de acreditarmos em nós próprios, de inovarmos, de sermos pioneiros, de se poderem traçar objectivos que nos permitam viver sem medos, conscientes do nossos valores, definindo estratégias que não impliquem dependência e aprovação e que nos possibilitem caminhar com autonomia e segurança, sem contudo revelarmos ou fazermos alarde das nossas conquistas, conscientes da nossa força para conduzirmos as nossas vidas, não abdicando da nossa individualidade. Simultaneamente vamos ficando mais atentos e receptivos ao mundo que nos rodeia, com a possibilidade de intervirmos de forma assertiva promovendo desta forma o bem estar de todos. Será afinal, que aquilo que conhecemos como atitudes egoístas, são ao fim ao cabo uma forma de caminhar lado a lado sem nos esquecermos de quem somos, para onde queremos ir e o que queremos aprender? Tags:

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desenvolvimento

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diálogo

egoísmo

independência

individualidade

inovação

objectivos

satisfação

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O meu...o nosso Natal

Existe um Olhar

Existe um Olhar 14.12.10 Sempre que chega o Natal, não resisto a comparar como se vive hoje e como o vivi quando criança. Hoje posso dizer que é uma época que me incomoda, que não sinto nada em especial. Por aqui deixaram de existir os elementos aglutinadores mais importantes , para que se viva esta quadra em pleno, ou seja , a família, uns já partiram para sempre e outros quis a vida que seguissem outros caminhos bem distantes do meu. Hoje abomino o consumo desenfreado e as multidões que se acotovelam nos centros comerciais para escolherem prendas para dar a alguém que também vai dar, para se enfeitar uma árvore que se deseja bem recheada de papéis e laçarotes coloridos que se rasgam avidamente numa noite em que a maior parte das pessoas nem sequer sabe o que se comemora, embora eu ainda ache maravilhoso o sorriso das crianças que recebem aquele presente tão desejado. Há uns largos anos atrás, eu e os meus três irmãos, não tínhamos árvore de Natal nem se falava que naquela noite um senhor de barbas brancas desceria pela chaminé para entregar presentes, porque não havia dinheiro para presentes. Para nós quatro a maior alegria era quando decidíamos fazer o presépio. Com uma cesta íamos ao musgo e ao barro e laboriosamente fazíamos e desfazíamos cada uma das peças que se iam quebrando quando o barro secava. Algumas pedras eram cobertas de musgo a fazer de montes, a cabana e a manjedoura eram improvisadas com restos de palha. Discutíamos qual a melhor posição para os pastores, as ovelhas e galinhas. Desenhávamos com areia fina os caminhos e o regato era uma folha de papel azul, onde obrigatoriamente teria de ser construída uma ponte em barro. A estrela por cima da manjedoura completava a nossa obra de arte. Todos os dias mudávamos os bonecos de sítio porque achávamos que estavam cada vez mais próximos. Todos os dias reconstruíamos a ovelha que tinha ficado sem pernas, ou o pastor que se tinha partido ao meio. Na noite de Natal, vestíamos as melhores roupitas, íamos à missa do galo, (dois quilómetros a pé), bem contentes porque no caminho encontrávamos os nossos colegas e apesar de ser de noite a estrada ganhava vida com o falatório das crianças e dos crescidos. Todos ansiávamos pelo momento mais importante , aquele em que em fila, íamos beijar o Menino Jesus. Regressados a casa e junto á lareira, onde tinham ficado a levedar a massa das filhós, a avó e a mãe encarregavam-se da parte doce da noite. Eu como mais velha estava encarregue de as envolver com açúcar e canela e de lambuzar os dedos naquela mistura açucarada. Um chazinho bem quente aconchegava-nos o estômago e dormíamos como anjos, não sem antes combinarmos que no dia seguinte teríamos de fazer os reis magos que tinham chegado atrasados. Tags:

barro

eu

família

filhós

irmãos

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Foi no baile da paróquia

Existe um Olhar

Existe um Olhar 11.11.10 Sempre gostou de dançar e na época ir a discotecas , não era coisa comum e pouco recomendável para uma miúda de dezoito anos. Nunca enquanto esteve sobre a alçada dos pais lhe era permitido dar um pezinho de dança, a não ser quando se escapulia na sua bicicleta para o salão de festas na aldeia e dançava duas ou três vezes com um ou outro moçoilo que a convidava, regressando o mais rápido possível, com o coração aos pulos rezando para que ninguém lá em casa tivesse dado pela falta dela. Um dia partiu e qual passarinho á solta sentiu-se livre e voou...voou. Mal ela imaginava que em breve ficaria de novo engaiolada. Ficou de coração aos pulos quando o viu pela primeira vez e num dia de S. Martinho de um ano qualquer ele, rapaz uns quantos anos mais velho de bonitos olhos verdes a convidou para ir ao baile da aldeia que estava em festa... rejubilou de contentamento. O adro estava cheio de gente que rodopiava ao som da música de um conjunto que se fosse hoje era considerado pimba. Pela primeira vez sentiu a liberdade na ponta dos pés e sem receios, com um sorriso de felicidade, toda a noite dançou agarrada a ele deixando-se levar pelos braços daquele que a surpreendeu nessa mesma noite com um pedido de namoro. Ficou boquiaberta, mas no fundo era o que mais desejava, embora contrariasse a ideia de que só se prenderia muitos anos mais tarde, para que pudesse aproveitar a vida e gozar a liberdade que até então lhe tinha sido vedada. O coração falou mais alto e nem pela cabeça lhe passou que namorar já implicava uma outra forma de aprisionamento. Passou um ano e coincidência ou não, precisamente na altura em que se comemorava o dia do mesmo santo onde tinha dançado no baile da paróquia, entrou na igreja pelo braço do seu pai e casou com aquele com quem viria a viver durante longos anos, demasiados, ou talvez apenas os necessários para reconhecer que estava na hora de reconquistar a liberdade perdida. Hoje aninhada no seu canto vive livre e feliz fugindo de todas as aves de rapina que ousem aproximar-se, protegendo o seu coração, que de vez em quando lhe prega algumas partidas e palpita mais forte por uma ou outra ave que se aproxima. Hoje de lareira acesa não haverá dança, talvez umas castanhas assadas e um copo de água pé. Tags:

baile

casamento

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dia de s. martinho

eu

liberdade

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vidas publicado às 09:14

Os Peter Pans que andam por aí

Existe um Olhar

Existe um Olhar 05.09.10 Li o livro "Histórias Sem Aquele Era Uma Vez" e quem quiser saber um pouco mais sobre ele basta ir aqui e descobrir que se trata de um conjunto de histórias baseadas em contos que lemos na infância, mas que foram adequadas aos tempos modernos. Uma das que mais me fascinou pelo realismo e lucidez foi a que escreveu Ana Paula Almeida, " Para Sempre Peter Pan" em que descreve o comportamento de meninos crescidos que continuam atemorizados e submissos em relação aos pais, por vezes sofrendo de um feroz complexo de Édipo e vivendo uma realidade fictícia enganando e enganando-se, seguindo o que os seus progenitores projectaram nele para que alcance o que eles nunca conseguiram. "É um metro e noventa, moreno, com ar atrevido e olhar profundo. Um menino grande. Trocou a companhia da adorável Sininho com que todos sonham por um contrato vitalício com os pais, que defendem de quem quiser raptar este Peter dessa Nuncolândia, mal assumida. Contam-se pelos dedos as namoradas que teve....... Vê em cada mulher um protótipo da Sininho que deseja..... O pior é que antes mesmo de qualquer menina conseguir ir ao reino da fantasia já estão a ser avaliadas pelo Capitão Gancho. Um trauma para este Peter que conhece as princesas dos seus sonhos de noite, em bares e discotecas da moda, quando não é de dia pela Internet, qual predador em busca de presa. Tarefa fácil, sendo culto, distinto, um poliglota distinto e envolvente. Geralmente cansa-se da carne antes mesmo de lhe tomar o gosto. Não é tanto para saciar, antes pelo prazer da caça, o reforço do instinto "animal cavalheiresco". Este namoradeiro corteja as mulheres que interessam, por e-mail, sms, mms, que telefonar sai caro e ir cansa. Para um flirt irrepreensível, manda flores com tiradas poéticas muitas vezes copiadas. Imita o que os outros conquistadores já fizeram e em momentos de crise de identidade imagina como seria chegar aos quarenta com a vida arrumada. Casa, carreira, amor e filhos, o pacote completo. Depois geralmente acorda. Poucos gostam de viver monotorizados, controlados, sem espaço, em permanente intersecção de afecto, asfixia amorosa. Este Peter até sonha experimentar voar, mas o Capitão lá de casa cortou-lhe as asas, influenciado pela mulher, Pirata de outros ofícios, que sente ciúme de qualquer uma que seduza ou arrebata o que considera ser seu. Sininho bate-lhe sorrateiramente à janela ou à porta de vez em quando. De todas é o maior amor e há muito que leva este "Peter Pendente" ás costas para viagens longínquas, de outra forma ele só viajaria em pensamentos e através da literatura, da televisão e do cinema. Juntos passeiam na praia, fazem jantares ao luar e riem, devolvendo-o ela á procedência antes que o Capitão e Pirata se apercebam que mesmo sem asas o amor poderá sempre voar muito alto e muito longe. Peter gosta mesmo é de Sininho, um amor recíproco, que procura em todas as outras, a prestações. No fundo tem medos e inseguranças, fantasmas. Mas ainda acha que pode agir assim sempre que quiser. Que consegue dar e tirar sem se apaixonar. Até um dia. Na vida real a sua Sininho também não é fada nenhuma, é de pele e osso, sete anos mais velha, embrenhada em dificuldades com duas crianças a tiracolo, a quem ela lê a verdadeira história do Peter Pan antes de adormecerem, para que possam sonhar com magias e brincadeiras de meninos que não querem crescer. A ela falta-lhe a nobreza de um título, o estado civil imaculado, a conta bancária choruda e que os filhos ainda estivessem nos ovários, para que pudesse casar e viver feliz para sempre na Nuncolândia em que nasceu este Peter Pendente. Tão parecido com tantos outros, que deixam as Sininhos desta vida a suspirar de amor, quando se apercebem que nunca serão perfeitas para os que não querem ser homens. Homens que, sem darem conta, pensam que são o último oásis do deserto mas que estão sempre em saldos." E mais á frente pode ler-se: "Formosíssimos, parecem muitas vezes genuinamente enamorados (mas não conseguem soltar um Amo-te, com medo que nisso se leia um compromisso, que horror). Dos Pedros que por aí andam e se parecem com este "Peter Pendente", suspensos em si mesmos, não reza a história; só se atrevem a magoar uma ou outra pessoa até ao dia em que o sentimento lhes ferra, mas não é fácil que isso aconteça porque por essa altura já têm o coração deformado." E a autora termina dizendo: "Tudo é preferível a acreditar que ainda há pozinhos de perlimpimpim que mudam a vida a alguém de um dia para o outro, ou que se consegue transformar um Peter Pan que não esteja sempre a voltar atrás para ir buscar a própria sombra. Aqui na Terra como no Céu os homens não mudam. As mulheres também não. A perfeição não existe mas o Amor insiste." Aqui fica apenas uma parte da história, o suficiente para que se possa avaliar os Peters que andam por aí. Penso que nalgum momento das nossas vidas conhecemos ou ouvimos os desabafos angustiados de gente que teve o azar de ser Sininho para um Peter que julgaram ser genuíno, que amava, que era divertido e que em vez de se deixar levar era ele que transportava feliz a sua Sininho que amava sem medo do Capitão Gancho. Quem nunca conheceu nenhum, fica o perfil dos Peters e se tiverem o azar de algum se aproximar com as características atrás descritas, fujam antes que se vejam enjauladas nos truques de um amor que nunca o será. Aqui encontra informação completa sobre o síndrome Peter Pan Tags:

conquista

control

fantasia

homens

insegurança

pais

peter pan

sininho

vidas publicado às 20:09

Infidelidade

Existe um Olhar

Existe um Olhar 09.08.10 Margarida nunca foi uma rapariga namoradeira e sempre sonhou encontrar o seu príncipe com quem casaria e que desejava fosse para toda a vida. O que é certo é que com dezoito anos encontrou-o e foi amor á primeira vista. Sentiu que era aquele o homem que lhe estava destinado e passado um ano estava casada. Como num conto de fadas julgou que viveriam felizes para sempre. Pouco a pouco foi constatando que os contos eram só imaginação e a realidade começou a ser bem diferente do que tinha imaginado. Foi-se apercebendo através de sinais que a sua intuição feminina lhe ia dando, que a fidelidade do marido que tanto amava, estava longe de ser uma realidade, apesar de achar que o seu relacionamento era perfeito, o que a deixava confusa e sem explicação para determinados comportamentos. Resolveu confrontá-lo várias vezes e cedo percebeu que um dos truques usados por ele era passar ao ataque para se defender, ficando ela sempre sem argumentos e sem palavras que pudessem rebater o que o seu coração sentia; como resposta ouviu muitas vezes: " -Tens como provar que te sou infiel?"...não tinha, mas jurou a si própria que um dia as iria conseguir. Esse dia surgiu e destroçada agarrou em meia dúzia de coisas e partiu. Este é um dos casos de infidelidade que me foram contados em jeito de desabafo, mas muitos outros podia aqui descrever. Tenho ouvido ao longo dos anos muitas histórias de pessoas que foram traídas e outras tantas de quem traiu. Aos homens cheguei a perguntar se o casamento estava assim tão mau que justificasse uma traição, se pensavam em separação, mas a resposta era quase sempre igual: "-Não, de maneira nenhuma, amo a minha mulher e os meus filhos e não vou separar-me por causa de uma aventura". Das mulheres ouvi que tinham tudo...casa, carro, viagens, uma vida estável, dinheiro e que não iam trocar a estabilidade que tinham, só porque o maridos as traía. E no ar ficava sempre a pairar a eterna interrogação:"- Então por que se trai?" Vem isto a propósito da a opinião de um psicólogo que escreveu:"Nos casais que me chegam, a infidelidade surge quando a relação foi deixando cair várias coisas pelo caminho. Quando existe a infidelidade, é porque já existe uma brecha naquele casamento." Estou em total desacordo com esta afirmação, não quer dizer que nalguns casos não seja verdade, mas pelo que ouço, pela experiência que tenho, pelo que leio, há infidelidade porque somos animais e os animais têm instintos e quando se coloca de lado a parte racional e se deixa á solta a irracionalidade as relações meramente sexuais acontecem. Ainda hoje sorrio quando me lembro de um outro psicólogo me dizer que para que uma relação desse certo as peles deveriam ser compatíveis, claro..é bem melhor passar a mão pelo pêlo fofo de um gato do que dum peixe escamoso, pode ser um factor importante , mas nada que um bom creme hidratante e bem cheiroso não possa resolver. O ser humano não é monogâmico por natureza e os que o são, têm como base valores que lhe foram incutidos através da educação ou por aquela pequena frase dita no altar:"Juro ser-te fiel até que a morte nos separe..." facto que ainda vai tendo algum peso para que se suporte e se trave qualquer impulso para viver uma ou outra aventura. Do extenso artigo que li e reli neste post no qual me baseei para falar sobre a infidelidade, muitos outros assuntos ficaram no ar e que gostava de rebater e analisar, não fosse a demasiada extensão deste post, mas pode ser que alguém o faça por mim. Será que se trai só porque uma relação está desgastada? Há amor numa relação extra conjugal? Deve confrontar-se o(a) traidor(a)? O casamento pode ser revitalizado quando ambas as partes resolvem conversar e recomeçar? Trair compensa? Deve perdoar-se uma traição? Enfim...este é um tema que tem pano para mangas e acredito que por muito que se fale ou se debata, continuarão a existir sempre affaires tanto por parte dos homens como das mulheres....falo de ambos os sexos, porque até há bem pouco tempo havia a tendência para culpabilizar só o sexo masculino, apelidando-os de mauzões, sem escrúpulos e sei lá que mais, esquecendo-nos que para que haja infidelidade há sempre dois ...homem e mulher. Por aqui a minha racionalidade e valores incutidos, como o respeito, cumplicidade, amizade, fidelidade, partilha, honestidade continuam a fazer prevalecer o meu lado monogâmico...se calhar estou a deixar de viver grandes aventuras, mas consola-me o facto de me sentir bem assim, nem melhor nem pior que os outros, sem julgar ou condenar, apenas sendo eu mesma. Tags:

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vidas publicado às 20:55

Adopção - 2 anos depois

Existe um Olhar

Existe um Olhar 19.07.10 Há uns tempo escrevi aqui e aqui o percurso de um casal amigo, que reside na Suiça, na tentativa de conseguirem ter um filho. Foram dez anos de muita luta, muito sofrimento, muitos esforços gorados e muita desilusão. Foram dez anos de esperança que iam acalentando por cada novo tratamento que experimentavam...tudo em vão. Um dia já sem forças e com danos de saúde física e emocional, resolveram partir para a adopção. Fizeram-no primeiro em Portugal, mas dado os enormes entraves que lhes eram colocados, passaram para a adopção internacional. Através de amigos ficaram a saber que na Etiópia o processo de adopção estava muito facilitado, era célere e o sistema funcionava muito bem. No dia 23 de Agosto de 2008 receberam a primeira foto da M. com três meses. Aceitaram-na de imediato. Viajaram até á Etiópia, comoveram-se com a precariedade das condições dos orfanatos, mas também com o enorme carinho e cuidados com que eram tratadas todas as crianças, apesar da falta de meios humanos e materiais. A 22 de Novembro a M. passou a ter uma família. Fez em Junho dois anos e veio há dias passar com os pais um mês a Portugal. Fiquei espantada com a maneira como se tem desenvolvido...pula, canta, fala umas quantas coisas em português e já vai dizendo outras em alemão. A mãe resolveu pô-la na escolinha alemã dois dias por semana, porque, pensa ela, que uma boa integração num país estrangeiro passa pela aprendizagem da língua, apesar disso não abdica da filha durante o resto da semana, para poder assistir ao crescimento da sua bebé e ao mesmo tempo não perder nenhuma das suas pequenas conquistas. Esta é a prova que sempre que se está no caminho certo vale a pena lutar sem desistir dos objectivos para que um dia os sonhos se tornem realidade. Nem sempre estive desperta para os problemas que têm os pais que querem um filho, mas vivi de perto toda a história e a pouco e pouco através deste blog fui-me apercebendo das dificuldades por que passam as pessoas que se candidatam a uma adopção e todo o processo burocrático a que estão sujeitas. Neste mundo conturbado é bom saber que ainda se encontram pessoas de coragem, com um enorme altruísmo e de entrega total a uma causa nem sempre fácil. "A força não provém de uma capacidade física e sim de uma vontade indomável." (Mahatma Gandhi) Tags:

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vidas publicado às 19:39

Ah! Querem que eu dê aulas!...

Existe um Olhar

Existe um Olhar 12.07.10 Há algum tempo que acabaram as aulas e durante uma época gerou-se na sociedade a ideia de que os professores tinham férias a mais, sem haver a preocupação de ver o que se passava para além do tempo lectivo. Importava acabar com essa ideia e vai daí inventaram-se mil e uma actividades para ocupar os senhores professores que tinham uma vidinha boa, esquecendo toda a burocracia a que estão sujeitos depois do tempo lectivo. Hoje o panorama é caricato e desinamador e os professores viram o seu papel de formadores relegado para segundo plano, caindo-lhes em cima uma avalanche de trabalhos que nada têm a ver com o que mais gostam de fazer que é ensinar. A mensagem enviada para o facebook por uma professora, ilustra de forma perfeita o abuso e a falta de bom senso por parte de quem manda (ministério e direcções de escola) quando se inventam todos os dias novas formas de gastar tempo dinheiro e esgotarem a paciência de todos os envolvidos. E a mensagem reza assim: Faço projectos, planos, planificações;

Sou membro de assembleias, conselhos, reuniões;

Escrevo actas, relatórios e relações;

Faço inventários, requerimentos e requisições;

Escrevo actas, faço contactos e comunicações;

Consulto ordens de serviço, circulares, normativos e legislações;

Preencho impressos, grelhas, fichas e observações;

Faço regimentos, regulamentos, projectos, planos, planificações;

Faço cópias de tudo, dossiers, arquivos e encadernações;

Participo em actividades, eventos, festividades e acções;

Faço balanços, balancetes e tiro conclusões;

Apresento, relato, critico e envolvo-me em auto-avaliações;

Defino estratégias, critérios, objectivos e consecuções;

Leio, corrijo, aprovo, releio múltiplas redacções;

Informo-me, investigo, estudo, frequento formações;

Redijo ordens, participações e autorizações;

Lavro actas, escrevo, participo em reuniões;

E mais actas, planos, projectos e avaliações;

E reuniões e reuniões e mais reuniões!...

E depois ouço,

alunos, pais, coordenadores, directores, inspectores,

observadores, secretários de estado, a ministra

e, como se não bastasse, outros professores,

e a ministra!...

Elaboro, verifico, analiso, avalio, aprovo;

Assino, rubrico, sumario, sintetizo, informo;

Averiguo, estudo, consulto, concluo,

Coisas curriculares, disciplinares, departamentais,

Educativas, pedagógicas, comportamentais,

De comunidade, de grupo, de turma, individuais,

Particulares, sigilosas, públicas, gerais,

Internas, externas, locais, nacionais,

Anuais, mensais, semanais, diárias e ainda querem mais?

...

Ah!

Querem que eu dê aulas!... Tags:

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burocracia

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ministra

ministério

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reuniões

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vidas publicado às 21:43

O poder de uma música

Existe um Olhar

Existe um Olhar 20.06.12 Nem sempre os conselhos de quem nos quer bem, as frases para meditar dos grandes escritores e poetas ou a força da mente que se quer lúcida e objectiva, têm o poder de uma música. Será o som? as palavras? a melodia? Ela surge como um flash que o coração teima em não querer apagar e se quer sobrepor à razão. A música tem essa ambiguidade de umas vezes atear emoções, outras de as apagar, deixando apenas cinzas que com um leve sopro se esvaiem quando a brisa sopra baixinho. Leva com ela recordações, apaga saudades e desfaz ilusões. Hoje a sensatez falou mais alto pela voz do Rui Veloso e o curioso é que me sinto leve e sem resquícios de mágoas. Tags:

poder da música

regras de sensatez

rui veloso

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Lado a lado

Existe um Olhar

Existe um Olhar 30.03.11 Existe um Olhar Deixa que segure na tua mão. Não te afastes, não te escondas. Fazes parte do mundo, impossível passares incógnito, anónimo. Partilha comigo as tuas lágrimas, deixa que caiam do teu rosto, que me salpiquem, que eu possa torná-las menos amargas, e secá-las com palavras de alento e conforto. Encosta o teu ombro e descansa, não precisas falar, simplesmente repousa, alivia o peso que carregas e reparte-o comigo. Reprograma os ficheiros obsoletos e sem sentido, abre novos mundos ao teu mundo, deixa espaço para acrescentares o novo, tudo o que hoje achas improvável e que amanhã poderá ser realidade. Esvazia a lixeira, o que não tem mais sentido, o que ocupa espaço nas tuas noites de insónia. Renova o stock das ideias, dos sonhos, dos desejos inconfessáveis, das loucuras saudáveis, dos prazeres das coisas simples, dos monólogos que te deixam um brilho nos olhos e dos diálogos que te possam fazer acreditar que não estás só. Apaga a saudade, tens o presente, este momento em que estou aqui, lado a lado, segurando a tua mão. Tags:

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Egoísmo ou individualidade?

Existe um Olhar

Existe um Olhar 28.02.11 Foto de Existe um Olhar De vez em quando, entre amigos, surgem aqui e ali conversas mais sérias, que geram discussões saudáveis, trocas de ideias, reflexões e conclusões que vão alterando certos conceitos dados como certos e há muito definidos. Por vezes somos levados a concluir que neste mundo em constante mudança, são de prever alterações não só físicas, ou ambientais, como também de comportamentos. Por vezes acordamos para realidades que não nos deixam indiferentes e que devemos acompanhar como fazendo parte da natural transformação inerente ao ser humano, quer concordemos ou não com elas. Visioná-las, radiografá-las, fazer um diagnóstico que pode ou não ser consensual é tarefa que me faz deambolar e perscrutar sem grande pretensão no mais profundo e recôndito esconderijo da mente, tentando decifrar códigos e padrões que de maneira indelével vão modificando o nosso quotidiano. Esta introdução serve para a questão colocada num grupo, onde se perguntou qual a causa do crescente aumento de divórcios e do facto de cada vez mais gente querer viver sozinha. Enquanto alguns defendiam que vivemos num mundo cada vez mais egoísta em que as pessoas fogem da responsabilidades, dos compromissos, das ligações que impliquem fidelidade, constância e abnegação, outros altercavam dizendo que em situações em que era pedida solidariedade, ajuda, apoio material e emocional, aí o panorama era totalmente diferente e a entreajuda, a dádiva, a entrega e o altruísmo se faziam notar, entrando em contradição com o aparente egoísmo. E nestas conversas há sempre alguém que talvez devido à idade, ao estudo, às vivências, consegue arranjar um ponto de equilíbrio e fazer com que olhemos de maneira diferente para questões que por vezes catalogamos sem certezas da sua autenticidade. Individualidade, é a nova palavra de ordem. As pessoas hoje, mais que nunca, querem testar e desenvolver as suas capacidades, descobrir o potencial de que dispõem, garantindo desta forma uma satisfação interior que não passa pelo exibicionismo nem publicidade das conquistas que vão sendo atingidas a nível do desenvolvimento pessoal. Há necessidade de acreditarmos em nós próprios, de inovarmos, de sermos pioneiros, de se poderem traçar objectivos que nos permitam viver sem medos, conscientes do nossos valores, definindo estratégias que não impliquem dependência e aprovação e que nos possibilitem caminhar com autonomia e segurança, sem contudo revelarmos ou fazermos alarde das nossas conquistas, conscientes da nossa força para conduzirmos as nossas vidas, não abdicando da nossa individualidade. Simultaneamente vamos ficando mais atentos e receptivos ao mundo que nos rodeia, com a possibilidade de intervirmos de forma assertiva promovendo desta forma o bem estar de todos. Será afinal, que aquilo que conhecemos como atitudes egoístas, são ao fim ao cabo uma forma de caminhar lado a lado sem nos esquecermos de quem somos, para onde queremos ir e o que queremos aprender? Tags:

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caminhos

desenvolvimento

diferenças

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egoísmo

independência

individualidade

inovação

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O meu...o nosso Natal

Existe um Olhar

Existe um Olhar 14.12.10 Sempre que chega o Natal, não resisto a comparar como se vive hoje e como o vivi quando criança. Hoje posso dizer que é uma época que me incomoda, que não sinto nada em especial. Por aqui deixaram de existir os elementos aglutinadores mais importantes , para que se viva esta quadra em pleno, ou seja , a família, uns já partiram para sempre e outros quis a vida que seguissem outros caminhos bem distantes do meu. Hoje abomino o consumo desenfreado e as multidões que se acotovelam nos centros comerciais para escolherem prendas para dar a alguém que também vai dar, para se enfeitar uma árvore que se deseja bem recheada de papéis e laçarotes coloridos que se rasgam avidamente numa noite em que a maior parte das pessoas nem sequer sabe o que se comemora, embora eu ainda ache maravilhoso o sorriso das crianças que recebem aquele presente tão desejado. Há uns largos anos atrás, eu e os meus três irmãos, não tínhamos árvore de Natal nem se falava que naquela noite um senhor de barbas brancas desceria pela chaminé para entregar presentes, porque não havia dinheiro para presentes. Para nós quatro a maior alegria era quando decidíamos fazer o presépio. Com uma cesta íamos ao musgo e ao barro e laboriosamente fazíamos e desfazíamos cada uma das peças que se iam quebrando quando o barro secava. Algumas pedras eram cobertas de musgo a fazer de montes, a cabana e a manjedoura eram improvisadas com restos de palha. Discutíamos qual a melhor posição para os pastores, as ovelhas e galinhas. Desenhávamos com areia fina os caminhos e o regato era uma folha de papel azul, onde obrigatoriamente teria de ser construída uma ponte em barro. A estrela por cima da manjedoura completava a nossa obra de arte. Todos os dias mudávamos os bonecos de sítio porque achávamos que estavam cada vez mais próximos. Todos os dias reconstruíamos a ovelha que tinha ficado sem pernas, ou o pastor que se tinha partido ao meio. Na noite de Natal, vestíamos as melhores roupitas, íamos à missa do galo, (dois quilómetros a pé), bem contentes porque no caminho encontrávamos os nossos colegas e apesar de ser de noite a estrada ganhava vida com o falatório das crianças e dos crescidos. Todos ansiávamos pelo momento mais importante , aquele em que em fila, íamos beijar o Menino Jesus. Regressados a casa e junto á lareira, onde tinham ficado a levedar a massa das filhós, a avó e a mãe encarregavam-se da parte doce da noite. Eu como mais velha estava encarregue de as envolver com açúcar e canela e de lambuzar os dedos naquela mistura açucarada. Um chazinho bem quente aconchegava-nos o estômago e dormíamos como anjos, não sem antes combinarmos que no dia seguinte teríamos de fazer os reis magos que tinham chegado atrasados. Tags:

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Foi no baile da paróquia

Existe um Olhar

Existe um Olhar 11.11.10 Sempre gostou de dançar e na época ir a discotecas , não era coisa comum e pouco recomendável para uma miúda de dezoito anos. Nunca enquanto esteve sobre a alçada dos pais lhe era permitido dar um pezinho de dança, a não ser quando se escapulia na sua bicicleta para o salão de festas na aldeia e dançava duas ou três vezes com um ou outro moçoilo que a convidava, regressando o mais rápido possível, com o coração aos pulos rezando para que ninguém lá em casa tivesse dado pela falta dela. Um dia partiu e qual passarinho á solta sentiu-se livre e voou...voou. Mal ela imaginava que em breve ficaria de novo engaiolada. Ficou de coração aos pulos quando o viu pela primeira vez e num dia de S. Martinho de um ano qualquer ele, rapaz uns quantos anos mais velho de bonitos olhos verdes a convidou para ir ao baile da aldeia que estava em festa... rejubilou de contentamento. O adro estava cheio de gente que rodopiava ao som da música de um conjunto que se fosse hoje era considerado pimba. Pela primeira vez sentiu a liberdade na ponta dos pés e sem receios, com um sorriso de felicidade, toda a noite dançou agarrada a ele deixando-se levar pelos braços daquele que a surpreendeu nessa mesma noite com um pedido de namoro. Ficou boquiaberta, mas no fundo era o que mais desejava, embora contrariasse a ideia de que só se prenderia muitos anos mais tarde, para que pudesse aproveitar a vida e gozar a liberdade que até então lhe tinha sido vedada. O coração falou mais alto e nem pela cabeça lhe passou que namorar já implicava uma outra forma de aprisionamento. Passou um ano e coincidência ou não, precisamente na altura em que se comemorava o dia do mesmo santo onde tinha dançado no baile da paróquia, entrou na igreja pelo braço do seu pai e casou com aquele com quem viria a viver durante longos anos, demasiados, ou talvez apenas os necessários para reconhecer que estava na hora de reconquistar a liberdade perdida. Hoje aninhada no seu canto vive livre e feliz fugindo de todas as aves de rapina que ousem aproximar-se, protegendo o seu coração, que de vez em quando lhe prega algumas partidas e palpita mais forte por uma ou outra ave que se aproxima. Hoje de lareira acesa não haverá dança, talvez umas castanhas assadas e um copo de água pé. Tags:

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Os Peter Pans que andam por aí

Existe um Olhar

Existe um Olhar 05.09.10 Li o livro "Histórias Sem Aquele Era Uma Vez" e quem quiser saber um pouco mais sobre ele basta ir aqui e descobrir que se trata de um conjunto de histórias baseadas em contos que lemos na infância, mas que foram adequadas aos tempos modernos. Uma das que mais me fascinou pelo realismo e lucidez foi a que escreveu Ana Paula Almeida, " Para Sempre Peter Pan" em que descreve o comportamento de meninos crescidos que continuam atemorizados e submissos em relação aos pais, por vezes sofrendo de um feroz complexo de Édipo e vivendo uma realidade fictícia enganando e enganando-se, seguindo o que os seus progenitores projectaram nele para que alcance o que eles nunca conseguiram. "É um metro e noventa, moreno, com ar atrevido e olhar profundo. Um menino grande. Trocou a companhia da adorável Sininho com que todos sonham por um contrato vitalício com os pais, que defendem de quem quiser raptar este Peter dessa Nuncolândia, mal assumida. Contam-se pelos dedos as namoradas que teve....... Vê em cada mulher um protótipo da Sininho que deseja..... O pior é que antes mesmo de qualquer menina conseguir ir ao reino da fantasia já estão a ser avaliadas pelo Capitão Gancho. Um trauma para este Peter que conhece as princesas dos seus sonhos de noite, em bares e discotecas da moda, quando não é de dia pela Internet, qual predador em busca de presa. Tarefa fácil, sendo culto, distinto, um poliglota distinto e envolvente. Geralmente cansa-se da carne antes mesmo de lhe tomar o gosto. Não é tanto para saciar, antes pelo prazer da caça, o reforço do instinto "animal cavalheiresco". Este namoradeiro corteja as mulheres que interessam, por e-mail, sms, mms, que telefonar sai caro e ir cansa. Para um flirt irrepreensível, manda flores com tiradas poéticas muitas vezes copiadas. Imita o que os outros conquistadores já fizeram e em momentos de crise de identidade imagina como seria chegar aos quarenta com a vida arrumada. Casa, carreira, amor e filhos, o pacote completo. Depois geralmente acorda. Poucos gostam de viver monotorizados, controlados, sem espaço, em permanente intersecção de afecto, asfixia amorosa. Este Peter até sonha experimentar voar, mas o Capitão lá de casa cortou-lhe as asas, influenciado pela mulher, Pirata de outros ofícios, que sente ciúme de qualquer uma que seduza ou arrebata o que considera ser seu. Sininho bate-lhe sorrateiramente à janela ou à porta de vez em quando. De todas é o maior amor e há muito que leva este "Peter Pendente" ás costas para viagens longínquas, de outra forma ele só viajaria em pensamentos e através da literatura, da televisão e do cinema. Juntos passeiam na praia, fazem jantares ao luar e riem, devolvendo-o ela á procedência antes que o Capitão e Pirata se apercebam que mesmo sem asas o amor poderá sempre voar muito alto e muito longe. Peter gosta mesmo é de Sininho, um amor recíproco, que procura em todas as outras, a prestações. No fundo tem medos e inseguranças, fantasmas. Mas ainda acha que pode agir assim sempre que quiser. Que consegue dar e tirar sem se apaixonar. Até um dia. Na vida real a sua Sininho também não é fada nenhuma, é de pele e osso, sete anos mais velha, embrenhada em dificuldades com duas crianças a tiracolo, a quem ela lê a verdadeira história do Peter Pan antes de adormecerem, para que possam sonhar com magias e brincadeiras de meninos que não querem crescer. A ela falta-lhe a nobreza de um título, o estado civil imaculado, a conta bancária choruda e que os filhos ainda estivessem nos ovários, para que pudesse casar e viver feliz para sempre na Nuncolândia em que nasceu este Peter Pendente. Tão parecido com tantos outros, que deixam as Sininhos desta vida a suspirar de amor, quando se apercebem que nunca serão perfeitas para os que não querem ser homens. Homens que, sem darem conta, pensam que são o último oásis do deserto mas que estão sempre em saldos." E mais á frente pode ler-se: "Formosíssimos, parecem muitas vezes genuinamente enamorados (mas não conseguem soltar um Amo-te, com medo que nisso se leia um compromisso, que horror). Dos Pedros que por aí andam e se parecem com este "Peter Pendente", suspensos em si mesmos, não reza a história; só se atrevem a magoar uma ou outra pessoa até ao dia em que o sentimento lhes ferra, mas não é fácil que isso aconteça porque por essa altura já têm o coração deformado." E a autora termina dizendo: "Tudo é preferível a acreditar que ainda há pozinhos de perlimpimpim que mudam a vida a alguém de um dia para o outro, ou que se consegue transformar um Peter Pan que não esteja sempre a voltar atrás para ir buscar a própria sombra. Aqui na Terra como no Céu os homens não mudam. As mulheres também não. A perfeição não existe mas o Amor insiste." Aqui fica apenas uma parte da história, o suficiente para que se possa avaliar os Peters que andam por aí. Penso que nalgum momento das nossas vidas conhecemos ou ouvimos os desabafos angustiados de gente que teve o azar de ser Sininho para um Peter que julgaram ser genuíno, que amava, que era divertido e que em vez de se deixar levar era ele que transportava feliz a sua Sininho que amava sem medo do Capitão Gancho. Quem nunca conheceu nenhum, fica o perfil dos Peters e se tiverem o azar de algum se aproximar com as características atrás descritas, fujam antes que se vejam enjauladas nos truques de um amor que nunca o será. Aqui encontra informação completa sobre o síndrome Peter Pan Tags:

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vidas publicado às 20:09

Infidelidade

Existe um Olhar

Existe um Olhar 09.08.10 Margarida nunca foi uma rapariga namoradeira e sempre sonhou encontrar o seu príncipe com quem casaria e que desejava fosse para toda a vida. O que é certo é que com dezoito anos encontrou-o e foi amor á primeira vista. Sentiu que era aquele o homem que lhe estava destinado e passado um ano estava casada. Como num conto de fadas julgou que viveriam felizes para sempre. Pouco a pouco foi constatando que os contos eram só imaginação e a realidade começou a ser bem diferente do que tinha imaginado. Foi-se apercebendo através de sinais que a sua intuição feminina lhe ia dando, que a fidelidade do marido que tanto amava, estava longe de ser uma realidade, apesar de achar que o seu relacionamento era perfeito, o que a deixava confusa e sem explicação para determinados comportamentos. Resolveu confrontá-lo várias vezes e cedo percebeu que um dos truques usados por ele era passar ao ataque para se defender, ficando ela sempre sem argumentos e sem palavras que pudessem rebater o que o seu coração sentia; como resposta ouviu muitas vezes: " -Tens como provar que te sou infiel?"...não tinha, mas jurou a si própria que um dia as iria conseguir. Esse dia surgiu e destroçada agarrou em meia dúzia de coisas e partiu. Este é um dos casos de infidelidade que me foram contados em jeito de desabafo, mas muitos outros podia aqui descrever. Tenho ouvido ao longo dos anos muitas histórias de pessoas que foram traídas e outras tantas de quem traiu. Aos homens cheguei a perguntar se o casamento estava assim tão mau que justificasse uma traição, se pensavam em separação, mas a resposta era quase sempre igual: "-Não, de maneira nenhuma, amo a minha mulher e os meus filhos e não vou separar-me por causa de uma aventura". Das mulheres ouvi que tinham tudo...casa, carro, viagens, uma vida estável, dinheiro e que não iam trocar a estabilidade que tinham, só porque o maridos as traía. E no ar ficava sempre a pairar a eterna interrogação:"- Então por que se trai?" Vem isto a propósito da a opinião de um psicólogo que escreveu:"Nos casais que me chegam, a infidelidade surge quando a relação foi deixando cair várias coisas pelo caminho. Quando existe a infidelidade, é porque já existe uma brecha naquele casamento." Estou em total desacordo com esta afirmação, não quer dizer que nalguns casos não seja verdade, mas pelo que ouço, pela experiência que tenho, pelo que leio, há infidelidade porque somos animais e os animais têm instintos e quando se coloca de lado a parte racional e se deixa á solta a irracionalidade as relações meramente sexuais acontecem. Ainda hoje sorrio quando me lembro de um outro psicólogo me dizer que para que uma relação desse certo as peles deveriam ser compatíveis, claro..é bem melhor passar a mão pelo pêlo fofo de um gato do que dum peixe escamoso, pode ser um factor importante , mas nada que um bom creme hidratante e bem cheiroso não possa resolver. O ser humano não é monogâmico por natureza e os que o são, têm como base valores que lhe foram incutidos através da educação ou por aquela pequena frase dita no altar:"Juro ser-te fiel até que a morte nos separe..." facto que ainda vai tendo algum peso para que se suporte e se trave qualquer impulso para viver uma ou outra aventura. Do extenso artigo que li e reli neste post no qual me baseei para falar sobre a infidelidade, muitos outros assuntos ficaram no ar e que gostava de rebater e analisar, não fosse a demasiada extensão deste post, mas pode ser que alguém o faça por mim. Será que se trai só porque uma relação está desgastada? Há amor numa relação extra conjugal? Deve confrontar-se o(a) traidor(a)? O casamento pode ser revitalizado quando ambas as partes resolvem conversar e recomeçar? Trair compensa? Deve perdoar-se uma traição? Enfim...este é um tema que tem pano para mangas e acredito que por muito que se fale ou se debata, continuarão a existir sempre affaires tanto por parte dos homens como das mulheres....falo de ambos os sexos, porque até há bem pouco tempo havia a tendência para culpabilizar só o sexo masculino, apelidando-os de mauzões, sem escrúpulos e sei lá que mais, esquecendo-nos que para que haja infidelidade há sempre dois ...homem e mulher. Por aqui a minha racionalidade e valores incutidos, como o respeito, cumplicidade, amizade, fidelidade, partilha, honestidade continuam a fazer prevalecer o meu lado monogâmico...se calhar estou a deixar de viver grandes aventuras, mas consola-me o facto de me sentir bem assim, nem melhor nem pior que os outros, sem julgar ou condenar, apenas sendo eu mesma. Tags:

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vidas publicado às 20:55

Adopção - 2 anos depois

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Existe um Olhar 19.07.10 Há uns tempo escrevi aqui e aqui o percurso de um casal amigo, que reside na Suiça, na tentativa de conseguirem ter um filho. Foram dez anos de muita luta, muito sofrimento, muitos esforços gorados e muita desilusão. Foram dez anos de esperança que iam acalentando por cada novo tratamento que experimentavam...tudo em vão. Um dia já sem forças e com danos de saúde física e emocional, resolveram partir para a adopção. Fizeram-no primeiro em Portugal, mas dado os enormes entraves que lhes eram colocados, passaram para a adopção internacional. Através de amigos ficaram a saber que na Etiópia o processo de adopção estava muito facilitado, era célere e o sistema funcionava muito bem. No dia 23 de Agosto de 2008 receberam a primeira foto da M. com três meses. Aceitaram-na de imediato. Viajaram até á Etiópia, comoveram-se com a precariedade das condições dos orfanatos, mas também com o enorme carinho e cuidados com que eram tratadas todas as crianças, apesar da falta de meios humanos e materiais. A 22 de Novembro a M. passou a ter uma família. Fez em Junho dois anos e veio há dias passar com os pais um mês a Portugal. Fiquei espantada com a maneira como se tem desenvolvido...pula, canta, fala umas quantas coisas em português e já vai dizendo outras em alemão. A mãe resolveu pô-la na escolinha alemã dois dias por semana, porque, pensa ela, que uma boa integração num país estrangeiro passa pela aprendizagem da língua, apesar disso não abdica da filha durante o resto da semana, para poder assistir ao crescimento da sua bebé e ao mesmo tempo não perder nenhuma das suas pequenas conquistas. Esta é a prova que sempre que se está no caminho certo vale a pena lutar sem desistir dos objectivos para que um dia os sonhos se tornem realidade. Nem sempre estive desperta para os problemas que têm os pais que querem um filho, mas vivi de perto toda a história e a pouco e pouco através deste blog fui-me apercebendo das dificuldades por que passam as pessoas que se candidatam a uma adopção e todo o processo burocrático a que estão sujeitas. Neste mundo conturbado é bom saber que ainda se encontram pessoas de coragem, com um enorme altruísmo e de entrega total a uma causa nem sempre fácil. "A força não provém de uma capacidade física e sim de uma vontade indomável." (Mahatma Gandhi) Tags:

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Ah! Querem que eu dê aulas!...

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Existe um Olhar 12.07.10 Há algum tempo que acabaram as aulas e durante uma época gerou-se na sociedade a ideia de que os professores tinham férias a mais, sem haver a preocupação de ver o que se passava para além do tempo lectivo. Importava acabar com essa ideia e vai daí inventaram-se mil e uma actividades para ocupar os senhores professores que tinham uma vidinha boa, esquecendo toda a burocracia a que estão sujeitos depois do tempo lectivo. Hoje o panorama é caricato e desinamador e os professores viram o seu papel de formadores relegado para segundo plano, caindo-lhes em cima uma avalanche de trabalhos que nada têm a ver com o que mais gostam de fazer que é ensinar. A mensagem enviada para o facebook por uma professora, ilustra de forma perfeita o abuso e a falta de bom senso por parte de quem manda (ministério e direcções de escola) quando se inventam todos os dias novas formas de gastar tempo dinheiro e esgotarem a paciência de todos os envolvidos. E a mensagem reza assim: Faço projectos, planos, planificações;

Sou membro de assembleias, conselhos, reuniões;

Escrevo actas, relatórios e relações;

Faço inventários, requerimentos e requisições;

Escrevo actas, faço contactos e comunicações;

Consulto ordens de serviço, circulares, normativos e legislações;

Preencho impressos, grelhas, fichas e observações;

Faço regimentos, regulamentos, projectos, planos, planificações;

Faço cópias de tudo, dossiers, arquivos e encadernações;

Participo em actividades, eventos, festividades e acções;

Faço balanços, balancetes e tiro conclusões;

Apresento, relato, critico e envolvo-me em auto-avaliações;

Defino estratégias, critérios, objectivos e consecuções;

Leio, corrijo, aprovo, releio múltiplas redacções;

Informo-me, investigo, estudo, frequento formações;

Redijo ordens, participações e autorizações;

Lavro actas, escrevo, participo em reuniões;

E mais actas, planos, projectos e avaliações;

E reuniões e reuniões e mais reuniões!...

E depois ouço,

alunos, pais, coordenadores, directores, inspectores,

observadores, secretários de estado, a ministra

e, como se não bastasse, outros professores,

e a ministra!...

Elaboro, verifico, analiso, avalio, aprovo;

Assino, rubrico, sumario, sintetizo, informo;

Averiguo, estudo, consulto, concluo,

Coisas curriculares, disciplinares, departamentais,

Educativas, pedagógicas, comportamentais,

De comunidade, de grupo, de turma, individuais,

Particulares, sigilosas, públicas, gerais,

Internas, externas, locais, nacionais,

Anuais, mensais, semanais, diárias e ainda querem mais?

...

Ah!

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vidas publicado às 21:43

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