Câmara de Comuns

05-01-2012
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por João Maria Condeixa

Já não escrevia aqui faz tempo, mas o Paulo Ferreira refrescou-me a memória e um "Control+C", "Control+V" não é gesto que consuma grande esforço, por isso, cá vai o que também aqui publiquei sobre a discussão que grassa por aí: O monopólio - inexistente - das IPSS preocupa a CGTP, mas os do Estado - e são tantos e reais - já não! Os correios já não os deixa assim, nem a rede eléctrica nacional, nem os caminhos de ferro ou sequer a linha por onde lhes chega o telefone ou a televisão mais cara do que seria suposto caso a concorrência fosse efectiva. Neste artigo do Público consegue-se perceber que a continuidade das respostas sociais não deixa de estar garantida só porque o Estado está menos presente. A sociedade tem, em muitos casos, capacidade para se fazer substituir a ele, dando uma resposta mais eficaz e aumentando a sustentabilidade de todos. E o Estado tem de ter a humildade para o reconhecer. O mesmo que, com maior facilidade e menos preocupação, pode acontecer noutras áreas para lá da social. Se o Estado-social tem capacidade para se tornar mais leve sem que o país perca com isso, o Estado-empresarial ainda mais. E com um imperativo e urgência maiores.

por João Maria Condeixa

Era uma espécie de oráculo para José Sócrates (e vice-versa): quando olhávamos para ele sabíamos que roupa iria vestir o Primeiro-Ministro no dia seguinte (e vice-versa); quando o ouvíamos sabíamos o que nos ia dizer o Primeiro-Ministro no dia a seguir (e vice-versa ); quando o víamos na defensiva era porque o Primeiro-Ministro tinha feito asneira (e vice-versa); quando o víamos desmentir uma notícia era porque o PM tinha mentido no dia anterior (e vice-versa); quando falava sobre o freeport era porque a nuvem se adensava sobre o José Sócrates (e vice-versa); quando o ouvíamos na rádio ficávamos com a ideia que era o PM que estava a falar (e vice-versa). Até ao seu aparecimento só se tinham registado duplas personalidades de um mesmo corpo. Este foi o seu inverso: uma única personalidade a viver dois corpos. Vai deixar saudades. também publicado no República do Cáustico.

por João Maria Condeixa

O biqueiro do Marco do Big Brother na outra em directo para a TV não coloca em prisão preventiva a TVI e 3/4 da população portuguesa que vibrou com a cena?

por João Maria Condeixa

Depois das nomeações ocultas, Passos Coelho denuncia agora 200 milhões de "défice oculto". Tendo em conta que estamos a falar de gastos do governo de Sócrates em "serviços de limpeza", o melhor é PPC arranjar um servidor com uns quantos Gigas de capacidade, pois a coisa é capaz de não ter fim..

por João Maria Condeixa

Esta é a primeira Motion Graphics 100% Portuguesa sobre política. Espero que gostem. Vejam. Partilhem. Agitem, pois o momento merece!

por João Maria Condeixa

Do que pude ver do memo da troika - na diagonal pois vim experimentar as urgências de um hospital antes que tudo mude - fiquei com a nítida noção que não é um PEC IV mas que ainda que fosse, seria sempre areia a mais para a camioneta socialista refém de tantos interesses. No PEC IV não falavam numa reforma administrativa do país e agora fala-se. No PEC IV não falavam em privatizações de empresas públicas e agora fala-se. No PEC IV não se falava em impostos e agora fala-se. Não se falava na uniformização do IVA. Não se falava em muito do que agora se fala pois o PEC era mais um remendo e não a cura! Mas mesmo que se falasse, reitero o que sempre disse: o maior problema reside na execução. E como sabemos o défice do PS nesse aspecto é superior ao nacional! E agora se não se importam vou tirar ali um raio-x..

por João Maria Condeixa

por João Maria Condeixa

Há uma gralha na ficha técnica da sondagem de hoje. O que devia lá estar era PSD/DE/TSF/Marktest.

por João Maria Condeixa

Trabalha que nem um cão. Serve à mesa num pequeno restaurante, um café, quase, cujo nome não pronuncio, não vá um sindicato fechá-lo junto com a ASAE e eu ficar sem as suas iguarias. Diz-me que já teve um restaurante seu, mas que com a quebra de clientela, as avenças obrigatórias, as responsabilidades de empregador, os impostos e outras asfixias, fez as contas e preferiu vender e passar a trabalhar para outrém. Não se arrepende. Foge à lei laboral para poder sustentar a sua família. "Doutra forma seria impossível comprar pão lá para casa". Assim, trabalha das 7.30h às 19h com pausa - não é hora, nem hora e meia - para almoçar. Mas também não se arrepende e todos os dias o vejo incansável e de bom humor. Em traços rápidos percebe-se umas coisas com esta história: que o Estado educou mal os cidadãos, pois é raro cruzarmo-nos com aquele que não se queixa, que não reclama direitos, mesmo em época de crise apertada, em vez de ir à luta, ou que coloca a totalidade da culpa no Estado - e com isto não digo que ele não a tenha em parte -. Depois, percebemos que o Estado ajudou a arrasar uma empresa e postos de emprego graças à sua omnipresença e omniemprendedorismo. E por último, percebemos que o Estado, não deixando cada um decidir por si a sua capacidade produtiva, arrasta para um submundo paralelo uma classe trabalhadora que poderia dar a cara e sustentar os seus, fosse a lei laboral mais flexível e ainda assim compensadora para empregado e empregador.

por João Maria Condeixa

Uma produção: República do Cáustico

por João Maria Condeixa

O maior problema dos independentes é o seu prazo de validade. Ou porque, desiludidos com o mundo da política, saem e vão à sua vidam, ou porque, iludidos com o mundo da política, entram num partido e fazem-se à vida! Fernando Nobre - talvez o futuro presidente da Assembleia da República - leva a coisa ao extremo, não se percebendo muito bem se continua um independente, se apenas um dependente. É que, contrariamente ao que hoje é dito, a política não vicia pelas mordomias ou vencimentos - por esse prisma até julgo que repele mais do que atrai - mas sim pelo poder. E para lá chegar, Nobre, tem-se tornado um mercenário sem igual, tão à luz daqueles que habitam os cenários terceiromundistas por onde andou com a AMI. também publicado no República do Cáustico

por João Maria Condeixa

Luís é o responsável por Sócrates se ter aguentado tanto tempo e ainda assim ninguém sabe quem ele é.

por João Maria Condeixa

Um pedido de ajuda externo tem custos certamente menores que aqueles que trazíamos de cada vez que íamos aos mercados financiar-nos. Para já hipotecámos em créditos apenas a geração que aí vem. Mais um pouco e teriamos recorrido ao fundo de estabilização financeira da Segurança Social, antecipado a sua insustentabilidade e hipotecando a geração de hoje e aquela que se prepara para "ir". Por muito que custe uma ajuda externa, ela não se propõe a hipotecar o futuro e o presente desta maneira. E essa diferença importa. Também publicado no República do Cáustico.

por João Maria Condeixa

Os portugueses são uns beatos conservadores de dia, uns progressistas de pacotilha à noite e uns hipócritas a toda a hora. Só isso explica que apesar de orgulhosamente termos sido dos pioneiros na aprovação do casamento gay tenhamos agora reservas e pudismos "politicamente correctos" quanto à invasão da esfera privada de um casal gay ou heterossexual unido de facto, mas nenhuns se a esfera já for de um casal tradicional. À pergunta "com quem dormiu no sofá a noite passada?" todos deverão responder à excepção do senhor gay aí ao fundo e a menina lésbica da primeira fila. Todos os outros façam favor de apresentar declarações o mais exaustivas possível. (continua...)

por João Maria Condeixa

Apesar de ainda não ter preenchido o Censos - talvez o faça esta semana junto com o totobola - já me apercebi que aquilo está de tal maneira bem feito que ainda antes de apurados os resultados ou respondidas as questões, já é possível caracterizar a sociedade portuguesa. Vamos a isto: Os portugueses são doidos por inquéritos e a coscuvilhice pegada. Só isso explica tamanha boa vontade e dedicação no preenchimento dos formulários, quando noutra qualquer situação deixariam tudo para o último dia. Gostam de saber tudo sobre a vida dos outros e a possibilidade de comentar a típica família portuguesa - mesmo que não a conheçam - é qualquer coisa que os delicia. Para isso até estão dispostos a contar tudo sobre a sua, ao ponto de entupir o site do censos, o que de si é revelador de uma extraordinária apetência pelas novas tecnologias! (continua...)

por João Maria Condeixa

por João Maria Condeixa

O poder foi para o Passos Perdido...

por João Maria Condeixa

Meu caro José Manuel Pureza, isto de apagar a história e de a tentar reescrever com o intuito de poder apontar armas ao PSD ou à direita, na perspectiva de garantir votos para si nas eleições que se aproximam, é um acto de um purismo troskista de que se pode orgulhar. Eu sei que até lhe pode parecer estranho, mas esta crise política não é causada pelas medidas que o FMI impõe. Este governo cai por ter ignorado a crise e lhe ter tardado a responder; por insistir, teimosamente, no projecto do TGV ao mesmo tempo que corta os salários da função pública e estirpa fiscalmente os portugueses; por ter o mais baixo grau de execução de medidas anunciadas, de que assim de repente me lembro, o que abala por completo a confiança que nele se possa depositar; por ter respondido à crise a prestações e a cada PEC que anunciava ter jurado de pés juntos que seria o último - ao que parece Sócrates fazia figas atrás das costas. Aquilo que hoje vivemos resulta de tudo isto e da acção de um primeiro ministro, que desejando ir a eleições, chutou a responsabilidade das SCUTS para cima do PSD provocando este e avançou com um PEC na Europa sem ter ouvido nenhum parceiro social, partido de oposição ou morador de Belém. Estas foram as gotas de água que cairam sobre a mentira, essa sim, a verdadeira razão para esta crise política e a queda do governo. Sim, a mentira! E o senhor, ao dizer isto, também está a mentir. Veja lá não caia, também. também publicado no República do Cáustico

por João Maria Condeixa

O país está boquiaberto com o discurso duro de Cavaco Silva. Acho até que se o senhor tivesse feito uma página do mesmo, no facebook, teria mais "likes" que a sua página pessoal. Ele bem tinha chamado a atenção que a partir de agora seria diferente, mas pelos vistos os incrédulos - aqueles que estiveram, como eu, 5 anos a vê-lo assistir de camarote, de braços cruzados, ao enterro do país - não quiseram acreditar que faria tal coisa. Ou pelo menos não assim tão de repente. Foi vê-lo, num misto de aula de finanças e programa de governo, a enterrar o sorriso a Sócrates ao dizer que o comboiozinho de brinquedo dele iria hipotecar o país. Que não havia guita para lho comprar e que o emprego que ele teima em dizer que irá gerar, se evaporará no segundo a seguir. Que o contribuinte não é uma teta sem fundo e que no seu limite - ao contrário do que os boys todos pensam - mora a morte da economia de um país. Que o flagelo do desemprego deverá ser combatido privilegiando políticas que potenciem as empresas - fascista! berrou o PC -, e com iniciativas que criem emprego ou permitam defender postos de trabalho. Que a mentira - acho que Sócrates nunca teve as orelhas tão quentes - tem os dias contados e que há que tomar as opções correctas - ao que o executivo perguntou em uníssono para si como se faria tal coisa -. De lamentar nesta tarde histórica, só mesmo o facto de não ter acontecido mais cedo e de ter sido guardada, como é apanágio calculista de Cavaco, para o momento político que mais lhe convém e em que a sua liberdade não lhe hipoteca o futuro. Para nota vinte fica a imagem ao sair da sala, daqueles alunos socialistas, cabisbaixos e enraivecidos, que, sem terem levado boas notas para casa encheram as câmaras de televisão com perdigotos insultuosos ou anedóticos. Até Carlos César apelidou de "demasiado cruel" o discurso do PR. Coitado, logo ele! Em suma, foi óptimo. O país precisava deste abanão e se não se importam vou para ali rezar por mais.

por João Maria Condeixa

por João Maria Condeixa

Não acredito que ninguém no seu perfeito juízo tenha votado em José Manuel Coelho com vista à sua eleição e tenho a ideia que a grande maioria dos votos de Nobre lhe foram atribuídos, não por lhe reconhecerem capacidades para o cargo, mas por personificar uma candidatura fora do sistema. No fundo foram dois canais de votos de protesto que somados representam 18.6%, ou seja, 782 482 votos. Se a estes somarmos 4.26% brancos e 1,93% de nulos, ficamos com 1.028.000 votos de protesto, ainda que alguns nulos sejam de monárquicos. Um milhão e 28 mil eleitores (!) a reclamarem melhores políticos e políticas, o que num universo de 4.489.904 pessoas que foram votar representam 23%. Com uma abstenção a bater recordes e a posicionar-se nos 53,37% e 23% de votos de protesto já descritos, não devíamos estar a falar no estado de saúde da democracia - como já é hábito e se tornou cliché - mas sim no estado de saúde político daqueles que trabalham sob a sua égide. É que a primeira está viva e recomenda-se, agora os seus protagonistas, esses, definham a cada acto eleitoral que passa. Sinal de que há uma geração por acabar. Só espero que não tenha feito escola...

por João Maria Condeixa

Garanto-vos que programas como o Ídolos cumprem mais o seu propósito que as campanhas presidenciais. Quem chega ao fim, goste-se ou não, mostrou os seus dotes vocais. Enquanto que nas presidenciais - não se julgue que só estas é que foram assim - poucos são os momentos em que os candidatos mostram ao que vão. Primeiro por tal não lhes ser pedido: nas ruas o eleitorado que se cruza com os candidatos transforma-os, pelos pedidos que lhes faz, em Super Primeiro-Ministros. Para o eleitorado há os Presidentes de Junta, os Presidentes de Câmara, o Primeiro-Ministro e, por fim, no topo da cadeia alimentar, o Presidente da República. Este é o organograma que traçam de Portugal sem distinções de responsabilidades e competências. A todos fazem, praticamente, os mesmos pedidos e reclamações. Daí que os candidatos, cedendo à tentação de absorverem a atenção do eleitorado, falem daquilo que muitas vezes não lhes compete, esquecendo, por exemplo, temas que lhes deviam encher os dias como a manutenção da soberania do Estado e dos instrumentos financeiros que a estão a pôr em causa - não o FMI, mas, por exemplo, a necessidade de levar à Comissão um orçamento para aprovação prévia -. Poucos foram os temas que focaram e que lhes dizem directamente respeito: ou mandaram para o ar declarações de interesse gerais ou prometeram aquilo que não lhes compete. Ora se nem eleitorado, nem candidatos focam e valorizam os dotes para as ditas funções, talvez isso queira dizer algo sobre o confuso regime semi-presidencialista em que vivemos e que poucos parecem saber, ao certo, o que é.

por João Maria Condeixa

A mais recente teoria é que o FMI não pode vir por imperativos de soberania. Isto dito por alguns daqueles que engrossam as trincheiras dos socialistas, responsáveis por, em 2010, termos passado a ser teleguiados ao retardador pela Europa, ganha especial comicidade. Ainda para mais dizem-no como se a rapaziada do FMI fosse uma espécie de Filipes do Séc. XXI e estivesse numa de cá assentar arraiais indefinidamente. Ou pior ainda, como se fosse uma clonagem de incontáveis Junots que viesse pilhar o nosso querido país. Mas é ao contrário, meus amigos, ao contrário. Quem se tem acomodado e despojado Portugal têm sido vós. Por isso é que eles vêm! também publicado no República do Cáustico

por João Maria Condeixa

Enquanto Portugal vai apurando o seu pedido de ajuda ao FMI numa panela de pressão - devagar, devagarinho, até a coisa apitar no limite da explosão - a Europa vai-se desdobrando, num acto solidário e no egoísmo legítimo de quem quer minorar o número de membros a reclamar ajuda, em declarações e desmentidos que visam ajudar o nosso país. Mas e se Portugal não o conseguir evitar? Merkel e a Europa ficarão com a reputação de Teixeira dos Santos - que ignorava a crise e a desmentia - ou com a do ministro da propaganda de Saddam, o que não serve de modo nenhum a Europa que se quer sólida, mas também realista. E se não querem pôr os Europeus a pensar o que pensam os Portugueses de quem os dirige, então é mesmo aconselhável que não sigam por esse caminho. Igualmente importante é o braço de ferro que se propõem a travar com os especuladores quando vêm em auxílio de países como Portugal, isto é: quando a Europa, contra os especuladores, se propõe a dar garantias e tranquilidade aos mercados, é bom que se assegure que vence essa batalha, caso contrário poderá mesmo perder a guerra e no futuro ficar nas suas mãos. Let's hope not! Disclaimer: esta não é uma opinião derrotista, mas sim a posição de quem quer ver Portugal resolvido e a Europa sem mazelas. também publicado no República do Cáustico

por João Maria Condeixa

Não sei o que é pior para Portugal: se o aumento de impostos, se o conformismo estampado no rosto de cada um dos entrevistados nestes primeiros dias do ano. Dão-lhes merda para comer e eles queixam-se da falta de sal. Vão-lhes ao bolso e eles limitam-se a encolher os ombros e a dizer que o melhor é não fazer contas à vida. Ao microfone, no pouco tempo de antena que lhes dão, praticamente nenhum se queixou do saque via impostos. Resignados em frente à câmara, guardam a insatisfação, o desalento e a revolta para as conversas de café, de táxi, de cabeleireiro ou mesmo de casa - até porque a mulher é melhor saco de boxe que a menina bonita da televisão -. 365 dias a chorarem o voto errado, a escolha incorrecta, a insultarem os governantes e respectivas mãezinhas para naquele segundo abrirem o sorriso e dizerem um vazio: " pois, tem de seri. É a crise, né?". Esquecem-se que os 5 cêntimos extra que hoje pagam por um café, sai-lhes do bolso, mas não vai para a caixa registadora do pasteleiro, nem para a do distribuidor do grão, nem mesmo para a do fabricante que o torra. Este dinheiro não servirá para estimular a economia, mas sim para alimentar a máquina estatal que ainda este ano lhes irá saquear mais, via IRS e deduções fiscais. Sim, a mesma máquina que em 2010 e em anos anteriores se queixavam de alimentar sem que dela sentissem vir qualquer retorno. É quase trágico, que de um dia para o outro, com a passagem de ano, tenham esquecido essa injustiça e tão prontamente sorriam para câmara. Também publicado no República do Cáustico

por João Maria Condeixa

Diz que ontem houve uma espécie de debate sobre as presidenciais. Nada de extraordinário e que não possa ser equiparado a uma discussão corriqueira numa qualquer praça de táxis deste país ou barbearia mais habituada a este tipo de assuntos - sim, porque as barbearias fazem-se pelo tipo de assuntos que tratam e não tanto pela forma como por lá se corta o pêlo -, mas ainda assim foi um debate, uma troca de palavras. Mas também trocaram conceitos. Errados, mas trocaram: O primeiro foi aquele velho conceito de que só quem viu pobreza, a poderá tratar. E quanto mais pobreza tiver visto, melhor será o seu desempenho. Os dois candidatos lá compararam as suas pilinhas mais paupérrimas, tendo-se chegado à conclusão que Fernando Nobre, por ter visto uma criança a correr atrás de uma galinha, não para a comer - veja-se a estupidez! - mas para lhe roubar o pouco alimento que ela levava no bico, era mais merecedor do cargo que o candidato do PCP - de seu nome, de seu nome...ai...aaahh...Francisco Lopes - que tudo o que tinha visto era um rapaz descalço e analfabeto filho de uma família que passava fome em Coimbra. Meus senhores, se fôssemos abraçar esta vossa lógica politicamente correcta, enternecedora e romântica, teríamos já posto etíopes ou rapaziada do Chade a dirigir quase todos os países do mundo, mas, como sabem, tirando a contribuição para a construção de um vosso perfil mais humanista e sensível, essa solução não serve para mais nada! Por isso vejam lá se despem esses fatos com que vos vejo há 30 anos! O segundo conceito, que se tem vindo a tornar cada vez mais banal ao ponto de qualquer dia a política ser a arte do vazio é o do "candidato do sistema". É um rótulo que já extrapolou a política, tendo chegado à bola, mas nem por isso deixa de ser uma tremenda falácia, embora colha cada vez mais simpatias. Ser-se político, ser-se do "sistema", deveria ser um elogio e não uma arma de arremesso ou um telhado de vidro. Não se devia generalizar, com base no comportamento daqueles que da política retiram dividendos pessoais, abusam do poder ou que da política descartam quaisquer responsabilidades que não sejam louros, ao ponto de transformar o "ser-se político" numa pedra no currículo. Sob pena de um dia destes podermos apenas contar com pára-quedistas apanhados em qualquer esquina e empurrados, justamente por aqueles que se encontram perversamente nas máquinas partidárias e que importa combater. Fernando Nobre tentou atirar com esta pedra a Chico Lopes. Chico Lopes tentou atirar-lhe com a pedra de volta. Mas nem um, nem outro, foi capaz de pensar que era ao expoente máximo da política que se estavam a candidatar e que, só por isso, lhe deviam algum respeito. Faz, de facto, falta que alguém com tomates e mãos limpas - ah que imagem bonita! - possa dar um murro na mesa e afirmar com convicção que é político, tem um percurso reconhecido e que não está ali para papar grupos! Também publicado no República do Cáustico

por João Maria Condeixa

O tuga adora situações de pânico. Diz quem sabe, que a onda ontem gerada na procura desesperada de açúcar chegou a envolver diabéticos.

por João Maria Condeixa

O mundo vive de mitos urbanos e foi um deles que levou a que António Costa Pereira tivesse de recorrer a partidos políticos, Governo, Presidência da República - de quem durante dois anos levou sopa e não foi sobras - para pôr em prática a sua ideia de distribuir as refeições sobrantes de cantinas e restaurantes pelos mais necessitados. Dizia-se que isso não era possível por causa da Lei de Saúde Pública e do seu braço armado, a ASAE. Afinal, não era bem assim e até esses se mostraram disponíveis para promover e pôr em prática tão simples gesto, mas que demorou anos a concretizar-se. Foi preciso vir a crise para a coisa andar. De repente passámos de um encolher de ombros para uma prioridade nacional. Em Lisboa a Moção do CDS-PP vingou em sessão de Assembleia e de Câmara. Cavaco já se pronunciou e não tardará para que a ideia se estenda a todas as autarquias do país. Pelo meio ficou a ideia socialista de criar uma "agência" para controlar e zelar pela operacionalidade da coisa - imagino quantos administradores, directores e amigos não levaria -. Felizmente os tempos vão sendo outros e houve quem falasse mais alto e conseguisse livrar o projecto das mãos sorvedouras e inoperantes do Estado Central para o colocar mais próximo do terreno e de quem tem capacidade para o fazer, quase sem custos. Cabe agora às Câmaras e Juntas de Freguesia darem o apoio necessário e mostrarem que o aumento de autonomia lhes assenta que nem uma luva, tal como reclamam. A ver vamos. Há quem bem precise. A António Costa Pereira um sentido obrigado! Portugal precisava de mais cidadãos do género.

por João Maria Condeixa

Fui ontem à manif do PCP Anti-NATO na esperança de ganhar um World Press Photo Award baseado naquela ideia de Robert Capa "if a picture is not good enough, you weren't close enough", o que demonstra muito da minha qualidade enquanto fotógrafo que vive à espera que lhe apareça um morteiro à frente da objectiva, já que não tem técnica para mais. Mas não tive essa sorte. Portugal não é capaz de atrair investimento estrangeiro, nem arruaceiros de outras paragens - simplesmente não há quem nos ligue! - pelo que me vi obrigado a fotografar a escassa "prata da casa": quase vinte e dois anarquistas e meio que não se pouparam em trajes e pinturas, mas que, alérgicos a bastonadas na espinha, jamais tentaram a "desobediência civil" que treinam nus diariamente frente ao espelho à saída do banho. Uns meninos, portanto, que hipotecaram o meu prémio. E o pior é que para além deles não havia mais ninguém. Tirando aquela malta de esquerda que parecendo os marchantes de Santo António em dia de ensaio geral, se manifestavam contra tudo e contra todos usando a NATO como artificio. Havia-os para todos os gostos: manifestantes contra touradas que a NATO patrocina, seres estéricos que, avenida acima, avenida abaixo, culpabilizavam a NATO pela cauda cor-de-rosa que lhes saía das calças, mulheres contra o tráfico de outras mulheres, que como é sabido, mundialmente, é culpa directa da NATO. E sindicatos, muitos sindicatos da CGTP, que apelavam à greve geral, presumo eu, contra a NATO, essa instituição capitalista de má índole e mais-não-sei-o-quê que a constituição não permite. E todos eles gritavam palavras de ordem com imenso sentido. Provas? Deixo-vos a fotografia lá em cima. Todos nós sabemos que se não fosse pela guerra, o Sul de Portugal, nomeadamente o Algarve, tinha todas as condições para o Turismo. Valha-nos sindicatos destes que não dormem um segundo que seja e que lutam tanto por nós! Um dia Albufeira viverá em paz, reerguer-se-á dos escombros e os portugueses poderão vendê-la aos ingleses. Depois de ontem fiquei com a certeza que há figurantes profissionais que vão ao programa do Goucha e depois há estes.

por João Maria Condeixa

por João Maria Condeixa

Já não escrevia aqui faz tempo, mas o Paulo Ferreira refrescou-me a memória e um "Control+C", "Control+V" não é gesto que consuma grande esforço, por isso, cá vai o que também aqui publiquei sobre a discussão que grassa por aí: O monopólio - inexistente - das IPSS preocupa a CGTP, mas os do Estado - e são tantos e reais - já não! Os correios já não os deixa assim, nem a rede eléctrica nacional, nem os caminhos de ferro ou sequer a linha por onde lhes chega o telefone ou a televisão mais cara do que seria suposto caso a concorrência fosse efectiva. Neste artigo do Público consegue-se perceber que a continuidade das respostas sociais não deixa de estar garantida só porque o Estado está menos presente. A sociedade tem, em muitos casos, capacidade para se fazer substituir a ele, dando uma resposta mais eficaz e aumentando a sustentabilidade de todos. E o Estado tem de ter a humildade para o reconhecer. O mesmo que, com maior facilidade e menos preocupação, pode acontecer noutras áreas para lá da social. Se o Estado-social tem capacidade para se tornar mais leve sem que o país perca com isso, o Estado-empresarial ainda mais. E com um imperativo e urgência maiores.

por João Maria Condeixa

Era uma espécie de oráculo para José Sócrates (e vice-versa): quando olhávamos para ele sabíamos que roupa iria vestir o Primeiro-Ministro no dia seguinte (e vice-versa); quando o ouvíamos sabíamos o que nos ia dizer o Primeiro-Ministro no dia a seguir (e vice-versa ); quando o víamos na defensiva era porque o Primeiro-Ministro tinha feito asneira (e vice-versa); quando o víamos desmentir uma notícia era porque o PM tinha mentido no dia anterior (e vice-versa); quando falava sobre o freeport era porque a nuvem se adensava sobre o José Sócrates (e vice-versa); quando o ouvíamos na rádio ficávamos com a ideia que era o PM que estava a falar (e vice-versa). Até ao seu aparecimento só se tinham registado duplas personalidades de um mesmo corpo. Este foi o seu inverso: uma única personalidade a viver dois corpos. Vai deixar saudades. também publicado no República do Cáustico.

por João Maria Condeixa

O biqueiro do Marco do Big Brother na outra em directo para a TV não coloca em prisão preventiva a TVI e 3/4 da população portuguesa que vibrou com a cena?

por João Maria Condeixa

Depois das nomeações ocultas, Passos Coelho denuncia agora 200 milhões de "défice oculto". Tendo em conta que estamos a falar de gastos do governo de Sócrates em "serviços de limpeza", o melhor é PPC arranjar um servidor com uns quantos Gigas de capacidade, pois a coisa é capaz de não ter fim..

por João Maria Condeixa

Esta é a primeira Motion Graphics 100% Portuguesa sobre política. Espero que gostem. Vejam. Partilhem. Agitem, pois o momento merece!

por João Maria Condeixa

Do que pude ver do memo da troika - na diagonal pois vim experimentar as urgências de um hospital antes que tudo mude - fiquei com a nítida noção que não é um PEC IV mas que ainda que fosse, seria sempre areia a mais para a camioneta socialista refém de tantos interesses. No PEC IV não falavam numa reforma administrativa do país e agora fala-se. No PEC IV não falavam em privatizações de empresas públicas e agora fala-se. No PEC IV não se falava em impostos e agora fala-se. Não se falava na uniformização do IVA. Não se falava em muito do que agora se fala pois o PEC era mais um remendo e não a cura! Mas mesmo que se falasse, reitero o que sempre disse: o maior problema reside na execução. E como sabemos o défice do PS nesse aspecto é superior ao nacional! E agora se não se importam vou tirar ali um raio-x..

por João Maria Condeixa

por João Maria Condeixa

Há uma gralha na ficha técnica da sondagem de hoje. O que devia lá estar era PSD/DE/TSF/Marktest.

por João Maria Condeixa

Trabalha que nem um cão. Serve à mesa num pequeno restaurante, um café, quase, cujo nome não pronuncio, não vá um sindicato fechá-lo junto com a ASAE e eu ficar sem as suas iguarias. Diz-me que já teve um restaurante seu, mas que com a quebra de clientela, as avenças obrigatórias, as responsabilidades de empregador, os impostos e outras asfixias, fez as contas e preferiu vender e passar a trabalhar para outrém. Não se arrepende. Foge à lei laboral para poder sustentar a sua família. "Doutra forma seria impossível comprar pão lá para casa". Assim, trabalha das 7.30h às 19h com pausa - não é hora, nem hora e meia - para almoçar. Mas também não se arrepende e todos os dias o vejo incansável e de bom humor. Em traços rápidos percebe-se umas coisas com esta história: que o Estado educou mal os cidadãos, pois é raro cruzarmo-nos com aquele que não se queixa, que não reclama direitos, mesmo em época de crise apertada, em vez de ir à luta, ou que coloca a totalidade da culpa no Estado - e com isto não digo que ele não a tenha em parte -. Depois, percebemos que o Estado ajudou a arrasar uma empresa e postos de emprego graças à sua omnipresença e omniemprendedorismo. E por último, percebemos que o Estado, não deixando cada um decidir por si a sua capacidade produtiva, arrasta para um submundo paralelo uma classe trabalhadora que poderia dar a cara e sustentar os seus, fosse a lei laboral mais flexível e ainda assim compensadora para empregado e empregador.

por João Maria Condeixa

Uma produção: República do Cáustico

por João Maria Condeixa

O maior problema dos independentes é o seu prazo de validade. Ou porque, desiludidos com o mundo da política, saem e vão à sua vidam, ou porque, iludidos com o mundo da política, entram num partido e fazem-se à vida! Fernando Nobre - talvez o futuro presidente da Assembleia da República - leva a coisa ao extremo, não se percebendo muito bem se continua um independente, se apenas um dependente. É que, contrariamente ao que hoje é dito, a política não vicia pelas mordomias ou vencimentos - por esse prisma até julgo que repele mais do que atrai - mas sim pelo poder. E para lá chegar, Nobre, tem-se tornado um mercenário sem igual, tão à luz daqueles que habitam os cenários terceiromundistas por onde andou com a AMI. também publicado no República do Cáustico

por João Maria Condeixa

Luís é o responsável por Sócrates se ter aguentado tanto tempo e ainda assim ninguém sabe quem ele é.

por João Maria Condeixa

Um pedido de ajuda externo tem custos certamente menores que aqueles que trazíamos de cada vez que íamos aos mercados financiar-nos. Para já hipotecámos em créditos apenas a geração que aí vem. Mais um pouco e teriamos recorrido ao fundo de estabilização financeira da Segurança Social, antecipado a sua insustentabilidade e hipotecando a geração de hoje e aquela que se prepara para "ir". Por muito que custe uma ajuda externa, ela não se propõe a hipotecar o futuro e o presente desta maneira. E essa diferença importa. Também publicado no República do Cáustico.

por João Maria Condeixa

Os portugueses são uns beatos conservadores de dia, uns progressistas de pacotilha à noite e uns hipócritas a toda a hora. Só isso explica que apesar de orgulhosamente termos sido dos pioneiros na aprovação do casamento gay tenhamos agora reservas e pudismos "politicamente correctos" quanto à invasão da esfera privada de um casal gay ou heterossexual unido de facto, mas nenhuns se a esfera já for de um casal tradicional. À pergunta "com quem dormiu no sofá a noite passada?" todos deverão responder à excepção do senhor gay aí ao fundo e a menina lésbica da primeira fila. Todos os outros façam favor de apresentar declarações o mais exaustivas possível. (continua...)

por João Maria Condeixa

Apesar de ainda não ter preenchido o Censos - talvez o faça esta semana junto com o totobola - já me apercebi que aquilo está de tal maneira bem feito que ainda antes de apurados os resultados ou respondidas as questões, já é possível caracterizar a sociedade portuguesa. Vamos a isto: Os portugueses são doidos por inquéritos e a coscuvilhice pegada. Só isso explica tamanha boa vontade e dedicação no preenchimento dos formulários, quando noutra qualquer situação deixariam tudo para o último dia. Gostam de saber tudo sobre a vida dos outros e a possibilidade de comentar a típica família portuguesa - mesmo que não a conheçam - é qualquer coisa que os delicia. Para isso até estão dispostos a contar tudo sobre a sua, ao ponto de entupir o site do censos, o que de si é revelador de uma extraordinária apetência pelas novas tecnologias! (continua...)

por João Maria Condeixa

por João Maria Condeixa

O poder foi para o Passos Perdido...

por João Maria Condeixa

Meu caro José Manuel Pureza, isto de apagar a história e de a tentar reescrever com o intuito de poder apontar armas ao PSD ou à direita, na perspectiva de garantir votos para si nas eleições que se aproximam, é um acto de um purismo troskista de que se pode orgulhar. Eu sei que até lhe pode parecer estranho, mas esta crise política não é causada pelas medidas que o FMI impõe. Este governo cai por ter ignorado a crise e lhe ter tardado a responder; por insistir, teimosamente, no projecto do TGV ao mesmo tempo que corta os salários da função pública e estirpa fiscalmente os portugueses; por ter o mais baixo grau de execução de medidas anunciadas, de que assim de repente me lembro, o que abala por completo a confiança que nele se possa depositar; por ter respondido à crise a prestações e a cada PEC que anunciava ter jurado de pés juntos que seria o último - ao que parece Sócrates fazia figas atrás das costas. Aquilo que hoje vivemos resulta de tudo isto e da acção de um primeiro ministro, que desejando ir a eleições, chutou a responsabilidade das SCUTS para cima do PSD provocando este e avançou com um PEC na Europa sem ter ouvido nenhum parceiro social, partido de oposição ou morador de Belém. Estas foram as gotas de água que cairam sobre a mentira, essa sim, a verdadeira razão para esta crise política e a queda do governo. Sim, a mentira! E o senhor, ao dizer isto, também está a mentir. Veja lá não caia, também. também publicado no República do Cáustico

por João Maria Condeixa

O país está boquiaberto com o discurso duro de Cavaco Silva. Acho até que se o senhor tivesse feito uma página do mesmo, no facebook, teria mais "likes" que a sua página pessoal. Ele bem tinha chamado a atenção que a partir de agora seria diferente, mas pelos vistos os incrédulos - aqueles que estiveram, como eu, 5 anos a vê-lo assistir de camarote, de braços cruzados, ao enterro do país - não quiseram acreditar que faria tal coisa. Ou pelo menos não assim tão de repente. Foi vê-lo, num misto de aula de finanças e programa de governo, a enterrar o sorriso a Sócrates ao dizer que o comboiozinho de brinquedo dele iria hipotecar o país. Que não havia guita para lho comprar e que o emprego que ele teima em dizer que irá gerar, se evaporará no segundo a seguir. Que o contribuinte não é uma teta sem fundo e que no seu limite - ao contrário do que os boys todos pensam - mora a morte da economia de um país. Que o flagelo do desemprego deverá ser combatido privilegiando políticas que potenciem as empresas - fascista! berrou o PC -, e com iniciativas que criem emprego ou permitam defender postos de trabalho. Que a mentira - acho que Sócrates nunca teve as orelhas tão quentes - tem os dias contados e que há que tomar as opções correctas - ao que o executivo perguntou em uníssono para si como se faria tal coisa -. De lamentar nesta tarde histórica, só mesmo o facto de não ter acontecido mais cedo e de ter sido guardada, como é apanágio calculista de Cavaco, para o momento político que mais lhe convém e em que a sua liberdade não lhe hipoteca o futuro. Para nota vinte fica a imagem ao sair da sala, daqueles alunos socialistas, cabisbaixos e enraivecidos, que, sem terem levado boas notas para casa encheram as câmaras de televisão com perdigotos insultuosos ou anedóticos. Até Carlos César apelidou de "demasiado cruel" o discurso do PR. Coitado, logo ele! Em suma, foi óptimo. O país precisava deste abanão e se não se importam vou para ali rezar por mais.

por João Maria Condeixa

por João Maria Condeixa

Não acredito que ninguém no seu perfeito juízo tenha votado em José Manuel Coelho com vista à sua eleição e tenho a ideia que a grande maioria dos votos de Nobre lhe foram atribuídos, não por lhe reconhecerem capacidades para o cargo, mas por personificar uma candidatura fora do sistema. No fundo foram dois canais de votos de protesto que somados representam 18.6%, ou seja, 782 482 votos. Se a estes somarmos 4.26% brancos e 1,93% de nulos, ficamos com 1.028.000 votos de protesto, ainda que alguns nulos sejam de monárquicos. Um milhão e 28 mil eleitores (!) a reclamarem melhores políticos e políticas, o que num universo de 4.489.904 pessoas que foram votar representam 23%. Com uma abstenção a bater recordes e a posicionar-se nos 53,37% e 23% de votos de protesto já descritos, não devíamos estar a falar no estado de saúde da democracia - como já é hábito e se tornou cliché - mas sim no estado de saúde político daqueles que trabalham sob a sua égide. É que a primeira está viva e recomenda-se, agora os seus protagonistas, esses, definham a cada acto eleitoral que passa. Sinal de que há uma geração por acabar. Só espero que não tenha feito escola...

por João Maria Condeixa

Garanto-vos que programas como o Ídolos cumprem mais o seu propósito que as campanhas presidenciais. Quem chega ao fim, goste-se ou não, mostrou os seus dotes vocais. Enquanto que nas presidenciais - não se julgue que só estas é que foram assim - poucos são os momentos em que os candidatos mostram ao que vão. Primeiro por tal não lhes ser pedido: nas ruas o eleitorado que se cruza com os candidatos transforma-os, pelos pedidos que lhes faz, em Super Primeiro-Ministros. Para o eleitorado há os Presidentes de Junta, os Presidentes de Câmara, o Primeiro-Ministro e, por fim, no topo da cadeia alimentar, o Presidente da República. Este é o organograma que traçam de Portugal sem distinções de responsabilidades e competências. A todos fazem, praticamente, os mesmos pedidos e reclamações. Daí que os candidatos, cedendo à tentação de absorverem a atenção do eleitorado, falem daquilo que muitas vezes não lhes compete, esquecendo, por exemplo, temas que lhes deviam encher os dias como a manutenção da soberania do Estado e dos instrumentos financeiros que a estão a pôr em causa - não o FMI, mas, por exemplo, a necessidade de levar à Comissão um orçamento para aprovação prévia -. Poucos foram os temas que focaram e que lhes dizem directamente respeito: ou mandaram para o ar declarações de interesse gerais ou prometeram aquilo que não lhes compete. Ora se nem eleitorado, nem candidatos focam e valorizam os dotes para as ditas funções, talvez isso queira dizer algo sobre o confuso regime semi-presidencialista em que vivemos e que poucos parecem saber, ao certo, o que é.

por João Maria Condeixa

A mais recente teoria é que o FMI não pode vir por imperativos de soberania. Isto dito por alguns daqueles que engrossam as trincheiras dos socialistas, responsáveis por, em 2010, termos passado a ser teleguiados ao retardador pela Europa, ganha especial comicidade. Ainda para mais dizem-no como se a rapaziada do FMI fosse uma espécie de Filipes do Séc. XXI e estivesse numa de cá assentar arraiais indefinidamente. Ou pior ainda, como se fosse uma clonagem de incontáveis Junots que viesse pilhar o nosso querido país. Mas é ao contrário, meus amigos, ao contrário. Quem se tem acomodado e despojado Portugal têm sido vós. Por isso é que eles vêm! também publicado no República do Cáustico

por João Maria Condeixa

Enquanto Portugal vai apurando o seu pedido de ajuda ao FMI numa panela de pressão - devagar, devagarinho, até a coisa apitar no limite da explosão - a Europa vai-se desdobrando, num acto solidário e no egoísmo legítimo de quem quer minorar o número de membros a reclamar ajuda, em declarações e desmentidos que visam ajudar o nosso país. Mas e se Portugal não o conseguir evitar? Merkel e a Europa ficarão com a reputação de Teixeira dos Santos - que ignorava a crise e a desmentia - ou com a do ministro da propaganda de Saddam, o que não serve de modo nenhum a Europa que se quer sólida, mas também realista. E se não querem pôr os Europeus a pensar o que pensam os Portugueses de quem os dirige, então é mesmo aconselhável que não sigam por esse caminho. Igualmente importante é o braço de ferro que se propõem a travar com os especuladores quando vêm em auxílio de países como Portugal, isto é: quando a Europa, contra os especuladores, se propõe a dar garantias e tranquilidade aos mercados, é bom que se assegure que vence essa batalha, caso contrário poderá mesmo perder a guerra e no futuro ficar nas suas mãos. Let's hope not! Disclaimer: esta não é uma opinião derrotista, mas sim a posição de quem quer ver Portugal resolvido e a Europa sem mazelas. também publicado no República do Cáustico

por João Maria Condeixa

Não sei o que é pior para Portugal: se o aumento de impostos, se o conformismo estampado no rosto de cada um dos entrevistados nestes primeiros dias do ano. Dão-lhes merda para comer e eles queixam-se da falta de sal. Vão-lhes ao bolso e eles limitam-se a encolher os ombros e a dizer que o melhor é não fazer contas à vida. Ao microfone, no pouco tempo de antena que lhes dão, praticamente nenhum se queixou do saque via impostos. Resignados em frente à câmara, guardam a insatisfação, o desalento e a revolta para as conversas de café, de táxi, de cabeleireiro ou mesmo de casa - até porque a mulher é melhor saco de boxe que a menina bonita da televisão -. 365 dias a chorarem o voto errado, a escolha incorrecta, a insultarem os governantes e respectivas mãezinhas para naquele segundo abrirem o sorriso e dizerem um vazio: " pois, tem de seri. É a crise, né?". Esquecem-se que os 5 cêntimos extra que hoje pagam por um café, sai-lhes do bolso, mas não vai para a caixa registadora do pasteleiro, nem para a do distribuidor do grão, nem mesmo para a do fabricante que o torra. Este dinheiro não servirá para estimular a economia, mas sim para alimentar a máquina estatal que ainda este ano lhes irá saquear mais, via IRS e deduções fiscais. Sim, a mesma máquina que em 2010 e em anos anteriores se queixavam de alimentar sem que dela sentissem vir qualquer retorno. É quase trágico, que de um dia para o outro, com a passagem de ano, tenham esquecido essa injustiça e tão prontamente sorriam para câmara. Também publicado no República do Cáustico

por João Maria Condeixa

Diz que ontem houve uma espécie de debate sobre as presidenciais. Nada de extraordinário e que não possa ser equiparado a uma discussão corriqueira numa qualquer praça de táxis deste país ou barbearia mais habituada a este tipo de assuntos - sim, porque as barbearias fazem-se pelo tipo de assuntos que tratam e não tanto pela forma como por lá se corta o pêlo -, mas ainda assim foi um debate, uma troca de palavras. Mas também trocaram conceitos. Errados, mas trocaram: O primeiro foi aquele velho conceito de que só quem viu pobreza, a poderá tratar. E quanto mais pobreza tiver visto, melhor será o seu desempenho. Os dois candidatos lá compararam as suas pilinhas mais paupérrimas, tendo-se chegado à conclusão que Fernando Nobre, por ter visto uma criança a correr atrás de uma galinha, não para a comer - veja-se a estupidez! - mas para lhe roubar o pouco alimento que ela levava no bico, era mais merecedor do cargo que o candidato do PCP - de seu nome, de seu nome...ai...aaahh...Francisco Lopes - que tudo o que tinha visto era um rapaz descalço e analfabeto filho de uma família que passava fome em Coimbra. Meus senhores, se fôssemos abraçar esta vossa lógica politicamente correcta, enternecedora e romântica, teríamos já posto etíopes ou rapaziada do Chade a dirigir quase todos os países do mundo, mas, como sabem, tirando a contribuição para a construção de um vosso perfil mais humanista e sensível, essa solução não serve para mais nada! Por isso vejam lá se despem esses fatos com que vos vejo há 30 anos! O segundo conceito, que se tem vindo a tornar cada vez mais banal ao ponto de qualquer dia a política ser a arte do vazio é o do "candidato do sistema". É um rótulo que já extrapolou a política, tendo chegado à bola, mas nem por isso deixa de ser uma tremenda falácia, embora colha cada vez mais simpatias. Ser-se político, ser-se do "sistema", deveria ser um elogio e não uma arma de arremesso ou um telhado de vidro. Não se devia generalizar, com base no comportamento daqueles que da política retiram dividendos pessoais, abusam do poder ou que da política descartam quaisquer responsabilidades que não sejam louros, ao ponto de transformar o "ser-se político" numa pedra no currículo. Sob pena de um dia destes podermos apenas contar com pára-quedistas apanhados em qualquer esquina e empurrados, justamente por aqueles que se encontram perversamente nas máquinas partidárias e que importa combater. Fernando Nobre tentou atirar com esta pedra a Chico Lopes. Chico Lopes tentou atirar-lhe com a pedra de volta. Mas nem um, nem outro, foi capaz de pensar que era ao expoente máximo da política que se estavam a candidatar e que, só por isso, lhe deviam algum respeito. Faz, de facto, falta que alguém com tomates e mãos limpas - ah que imagem bonita! - possa dar um murro na mesa e afirmar com convicção que é político, tem um percurso reconhecido e que não está ali para papar grupos! Também publicado no República do Cáustico

por João Maria Condeixa

O tuga adora situações de pânico. Diz quem sabe, que a onda ontem gerada na procura desesperada de açúcar chegou a envolver diabéticos.

por João Maria Condeixa

O mundo vive de mitos urbanos e foi um deles que levou a que António Costa Pereira tivesse de recorrer a partidos políticos, Governo, Presidência da República - de quem durante dois anos levou sopa e não foi sobras - para pôr em prática a sua ideia de distribuir as refeições sobrantes de cantinas e restaurantes pelos mais necessitados. Dizia-se que isso não era possível por causa da Lei de Saúde Pública e do seu braço armado, a ASAE. Afinal, não era bem assim e até esses se mostraram disponíveis para promover e pôr em prática tão simples gesto, mas que demorou anos a concretizar-se. Foi preciso vir a crise para a coisa andar. De repente passámos de um encolher de ombros para uma prioridade nacional. Em Lisboa a Moção do CDS-PP vingou em sessão de Assembleia e de Câmara. Cavaco já se pronunciou e não tardará para que a ideia se estenda a todas as autarquias do país. Pelo meio ficou a ideia socialista de criar uma "agência" para controlar e zelar pela operacionalidade da coisa - imagino quantos administradores, directores e amigos não levaria -. Felizmente os tempos vão sendo outros e houve quem falasse mais alto e conseguisse livrar o projecto das mãos sorvedouras e inoperantes do Estado Central para o colocar mais próximo do terreno e de quem tem capacidade para o fazer, quase sem custos. Cabe agora às Câmaras e Juntas de Freguesia darem o apoio necessário e mostrarem que o aumento de autonomia lhes assenta que nem uma luva, tal como reclamam. A ver vamos. Há quem bem precise. A António Costa Pereira um sentido obrigado! Portugal precisava de mais cidadãos do género.

por João Maria Condeixa

Fui ontem à manif do PCP Anti-NATO na esperança de ganhar um World Press Photo Award baseado naquela ideia de Robert Capa "if a picture is not good enough, you weren't close enough", o que demonstra muito da minha qualidade enquanto fotógrafo que vive à espera que lhe apareça um morteiro à frente da objectiva, já que não tem técnica para mais. Mas não tive essa sorte. Portugal não é capaz de atrair investimento estrangeiro, nem arruaceiros de outras paragens - simplesmente não há quem nos ligue! - pelo que me vi obrigado a fotografar a escassa "prata da casa": quase vinte e dois anarquistas e meio que não se pouparam em trajes e pinturas, mas que, alérgicos a bastonadas na espinha, jamais tentaram a "desobediência civil" que treinam nus diariamente frente ao espelho à saída do banho. Uns meninos, portanto, que hipotecaram o meu prémio. E o pior é que para além deles não havia mais ninguém. Tirando aquela malta de esquerda que parecendo os marchantes de Santo António em dia de ensaio geral, se manifestavam contra tudo e contra todos usando a NATO como artificio. Havia-os para todos os gostos: manifestantes contra touradas que a NATO patrocina, seres estéricos que, avenida acima, avenida abaixo, culpabilizavam a NATO pela cauda cor-de-rosa que lhes saía das calças, mulheres contra o tráfico de outras mulheres, que como é sabido, mundialmente, é culpa directa da NATO. E sindicatos, muitos sindicatos da CGTP, que apelavam à greve geral, presumo eu, contra a NATO, essa instituição capitalista de má índole e mais-não-sei-o-quê que a constituição não permite. E todos eles gritavam palavras de ordem com imenso sentido. Provas? Deixo-vos a fotografia lá em cima. Todos nós sabemos que se não fosse pela guerra, o Sul de Portugal, nomeadamente o Algarve, tinha todas as condições para o Turismo. Valha-nos sindicatos destes que não dormem um segundo que seja e que lutam tanto por nós! Um dia Albufeira viverá em paz, reerguer-se-á dos escombros e os portugueses poderão vendê-la aos ingleses. Depois de ontem fiquei com a certeza que há figurantes profissionais que vão ao programa do Goucha e depois há estes.

por João Maria Condeixa

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