Mesmo tendo uma costela conservadora, o eleitor 12363-A de Cedofeita já decidiu que não vai votar em Cavaco Silva. Porquê? Por que não gostou de ouvir Cavaco dizer na televisão, a propósito do caso BPN, que, para ser tão honesto como ele, era preciso “nascer duas vezes”. Não gostou também que o mesmo Cavaco tivesse dito - ainda em sua defesa sobre o mesmo caso – que não se podia responsabilizar por aquilo que faziam os seus amigos (essa, ainda passa), mas sobretudo que também não se podia responsabilizar pelo que “fizessem os seus filhos depois de saírem de casa”. Para quem entrou no Palácio de Belém com a família toda quando foi eleito pela primeira vez, não fica lá muito bem. Mas o que chocou sobretudo o eleitor 12363-A foi uma outra tirada – “estão muito preocupados com os lucros que tive nesse investimento (acções da SLN), mas ninguém está preocupado com os prejuízos que tive nos outros investimentos que fiz”. O eleitor 12363-A de Cedofeita só está preocupado com o facto de alguém que foi ministro das Finanças de Sá Carneiro, professor de economia e primeiro-ministro durante dez anos, faça tão maus investimentos que só um em quatro é que dá lucro.
A segunda opção para o eleitor de Cedofeita seria votar em Manuel Alegre. Opção difícil, tanto mais que a principal ideia do candidato-poeta é aquela que o Contra-Informação deixou: “A mim ninguém me cala”. Pelos vistos, calam. Bastou o apoio do PS para Alegre suavizar os seus discursos sobre as derivas neoliberais da actual direcção do seu partido. Mas Alegre, sobretudo, cheira a passado. A antifascismo 36 anos depois do 25 de Abril. A republicanismo 100 anos depois da sua implantação. A alguém que tenta pôr um pé no BE e outro no PS sem saber fazer a espargata. Está também assim excluída essa possibilidade de voto.
Fernando Nobre também não é alternativa para o eleitor 12363-A. É médico, tem a AMI, fica muito bem a tratar doentes no meio das tendas, mas não se consegue perceber qual foi o apelo que teve para se lançar na corrida a Belém. Em resumo, Nobre, como se vê pela campanha que está a fazer, não faz parte do circo da política por mais amigos e familiares de Mário Soares que possa ter na sua comissão de honra.
Com Francisco Lopes sucede precisamente o contrário – só faz parte do circo da política partidária. Mas ainda não percebeu que a campanha é para as presidenciais e não para as legislativas. A hora não é de votar no PCP, mas em alguém que se saiba sentar na cadeira do poder de Palácio de Belém.
Havia tanto para dizer sobre José Manuel Coelho e Defensor de Moura, mas infelizmente não temos tempo. Nem eles próprios têm, já que logo à partida esclareceram que só entraram nisto para irritar Cavaco. O que, valha a verdade, para programa político é curto. É por tudo isto que o eleitor 12363-A de Cedofeita, no Porto, será politicamente incorrecto e não votará nestas presidenciais.
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Mesmo tendo uma costela conservadora, o eleitor 12363-A de Cedofeita já decidiu que não vai votar em Cavaco Silva. Porquê? Por que não gostou de ouvir Cavaco dizer na televisão, a propósito do caso BPN, que, para ser tão honesto como ele, era preciso “nascer duas vezes”. Não gostou também que o mesmo Cavaco tivesse dito - ainda em sua defesa sobre o mesmo caso – que não se podia responsabilizar por aquilo que faziam os seus amigos (essa, ainda passa), mas sobretudo que também não se podia responsabilizar pelo que “fizessem os seus filhos depois de saírem de casa”. Para quem entrou no Palácio de Belém com a família toda quando foi eleito pela primeira vez, não fica lá muito bem. Mas o que chocou sobretudo o eleitor 12363-A foi uma outra tirada – “estão muito preocupados com os lucros que tive nesse investimento (acções da SLN), mas ninguém está preocupado com os prejuízos que tive nos outros investimentos que fiz”. O eleitor 12363-A de Cedofeita só está preocupado com o facto de alguém que foi ministro das Finanças de Sá Carneiro, professor de economia e primeiro-ministro durante dez anos, faça tão maus investimentos que só um em quatro é que dá lucro.
A segunda opção para o eleitor de Cedofeita seria votar em Manuel Alegre. Opção difícil, tanto mais que a principal ideia do candidato-poeta é aquela que o Contra-Informação deixou: “A mim ninguém me cala”. Pelos vistos, calam. Bastou o apoio do PS para Alegre suavizar os seus discursos sobre as derivas neoliberais da actual direcção do seu partido. Mas Alegre, sobretudo, cheira a passado. A antifascismo 36 anos depois do 25 de Abril. A republicanismo 100 anos depois da sua implantação. A alguém que tenta pôr um pé no BE e outro no PS sem saber fazer a espargata. Está também assim excluída essa possibilidade de voto.
Fernando Nobre também não é alternativa para o eleitor 12363-A. É médico, tem a AMI, fica muito bem a tratar doentes no meio das tendas, mas não se consegue perceber qual foi o apelo que teve para se lançar na corrida a Belém. Em resumo, Nobre, como se vê pela campanha que está a fazer, não faz parte do circo da política por mais amigos e familiares de Mário Soares que possa ter na sua comissão de honra.
Com Francisco Lopes sucede precisamente o contrário – só faz parte do circo da política partidária. Mas ainda não percebeu que a campanha é para as presidenciais e não para as legislativas. A hora não é de votar no PCP, mas em alguém que se saiba sentar na cadeira do poder de Palácio de Belém.
Havia tanto para dizer sobre José Manuel Coelho e Defensor de Moura, mas infelizmente não temos tempo. Nem eles próprios têm, já que logo à partida esclareceram que só entraram nisto para irritar Cavaco. O que, valha a verdade, para programa político é curto. É por tudo isto que o eleitor 12363-A de Cedofeita, no Porto, será politicamente incorrecto e não votará nestas presidenciais.