MILHAFRE: O BLOGUE DO MIL, O FÓRUM DA LUSOFONIA: Pequenez em bicos de pés

22-01-2012
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Há decerto alguma justeza em que a grandiosidade se manifeste – desse afã individual de ser reconhecido, desse apego ao mundo, se faz a cultura humana. A cultura é um exercício de poderio, mas até no poder pode haver asseio. A um grande homem colocam-se duas possibilidades de se relacionar com os outros homens: rodear-se de lacaios, ou rodear-se de iguais. Nesta diferença se manifesta se um grande homem quer ser obedecido, ou compreendido. No primeiro grupo estão os conspiradores de todos os fanatismos, políticos e religiosos, que têm assolado a humanidade; no segundo grupo, estão os obreiros espirituais da civilização humana, que souberam encontrar no desacordo dos seus pares os meios para combater as suas próprias imperfeições, éticas e sapienciais.Os primeiros caracterizam-se pela manipulação: transformam o que não têm por certo num teatro da verdade. Os segundos caracterizam-se pela ironia em relação às suas fortes convicções: expõem publicamente as contradições que encontram na sua verdade, reconhecendo que esse é o caminho que permite incentivar a crítica dos seus pares, que somente colocar-se na situação de abertura a essa oposição dialéctica é o garante de progredirem a uma verdade maior, arrastando outros nessa demanda. A esta via, que tem tanto de superior quanto de humilde, chamamos sabedoria, porque o sábio é aquele que assume, renovada e diligentemente (com alegria e entusiasmo, direi), a sua evolutiva condição de aprendiz.


Há decerto alguma justeza em que a grandiosidade se manifeste – desse afã individual de ser reconhecido, desse apego ao mundo, se faz a cultura humana. A cultura é um exercício de poderio, mas até no poder pode haver asseio. A um grande homem colocam-se duas possibilidades de se relacionar com os outros homens: rodear-se de lacaios, ou rodear-se de iguais. Nesta diferença se manifesta se um grande homem quer ser obedecido, ou compreendido. No primeiro grupo estão os conspiradores de todos os fanatismos, políticos e religiosos, que têm assolado a humanidade; no segundo grupo, estão os obreiros espirituais da civilização humana, que souberam encontrar no desacordo dos seus pares os meios para combater as suas próprias imperfeições, éticas e sapienciais.Os primeiros caracterizam-se pela manipulação: transformam o que não têm por certo num teatro da verdade. Os segundos caracterizam-se pela ironia em relação às suas fortes convicções: expõem publicamente as contradições que encontram na sua verdade, reconhecendo que esse é o caminho que permite incentivar a crítica dos seus pares, que somente colocar-se na situação de abertura a essa oposição dialéctica é o garante de progredirem a uma verdade maior, arrastando outros nessa demanda. A esta via, que tem tanto de superior quanto de humilde, chamamos sabedoria, porque o sábio é aquele que assume, renovada e diligentemente (com alegria e entusiasmo, direi), a sua evolutiva condição de aprendiz.

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