Córtex Frontal: RAZÕES POUCO NOBRES

21-01-2012
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Em 2010, Nobre reunia muitas facetas promissoras para a sua candidatura. Até com mais vantagens do que Alegre em 2005. Ao contrário do cliché, o médico não foi o poeta das anteriores presidenciais, pois o Alegre de 2005 dificilmente poderia ser considerado um debutante da política. Era “o rebelde”, mas não o forasteiro. Ou seja, mais do que a “figura histórica do PS”, Nobre detinha a aura de independente que se revelara tão auspiciosa há 5 anos. Por outro lado, tinha obra e colhia uma expectativa positiva sobre o que de diferente poderia trazer para a política, vista por tantos como inquinada.
Nobre desbaratou este capital. Da imagem de empenhado médico humanista da sociedade civil, passou a um lugar confuso. Insistiu que nem era esquerda nem direita. Sobre questões essenciais, como Saúde ou Educação, nunca foi claro. Aproveitou mais o descontentamento dos portugueses do que lançou soluções. Posicionou-se como homem providencial. Mostrou um crasso desconhecimento sobre os poderes do Presidente garantindo, por exemplo, que se bateria pela redução do número de deputados. Tanto apresentou o residente de Belém como árbitro como enquanto decisor.
Nobre apresentou muito currículo e poucas ideias. Muito passado e pouco futuro. Daí que o seu resultado seja surpreendente. Como resistiu no meio de tanta gaffe e impreparação? Como, mesmo assim, captou votos da esquerda não alegrista e votos de descontentamento? A sua votação indicia como as presidenciais de 2016 terão largo espaço para outro independente. Mas não pelas melhores razões.
Publicado no Correio da Manhã.


Em 2010, Nobre reunia muitas facetas promissoras para a sua candidatura. Até com mais vantagens do que Alegre em 2005. Ao contrário do cliché, o médico não foi o poeta das anteriores presidenciais, pois o Alegre de 2005 dificilmente poderia ser considerado um debutante da política. Era “o rebelde”, mas não o forasteiro. Ou seja, mais do que a “figura histórica do PS”, Nobre detinha a aura de independente que se revelara tão auspiciosa há 5 anos. Por outro lado, tinha obra e colhia uma expectativa positiva sobre o que de diferente poderia trazer para a política, vista por tantos como inquinada.
Nobre desbaratou este capital. Da imagem de empenhado médico humanista da sociedade civil, passou a um lugar confuso. Insistiu que nem era esquerda nem direita. Sobre questões essenciais, como Saúde ou Educação, nunca foi claro. Aproveitou mais o descontentamento dos portugueses do que lançou soluções. Posicionou-se como homem providencial. Mostrou um crasso desconhecimento sobre os poderes do Presidente garantindo, por exemplo, que se bateria pela redução do número de deputados. Tanto apresentou o residente de Belém como árbitro como enquanto decisor.
Nobre apresentou muito currículo e poucas ideias. Muito passado e pouco futuro. Daí que o seu resultado seja surpreendente. Como resistiu no meio de tanta gaffe e impreparação? Como, mesmo assim, captou votos da esquerda não alegrista e votos de descontentamento? A sua votação indicia como as presidenciais de 2016 terão largo espaço para outro independente. Mas não pelas melhores razões.
Publicado no Correio da Manhã.

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