INSTANTE FATAL: Nobre enlatado é vitória da política.

30-06-2011
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Nobre foi derrotado, foi bem feito, e foi uma grande vitória para o prestígio do Parlamento, a sede da democracia. Mesmo que esta não seja o que devia, mas é ainda o que nos resta de uma sociedade dos cidadãos.

Foi também a primeira de uma grande série de derrotas que se adivinham a Passos Coelho, cuja subida ao Poder se deveu a uma série de habilidades e oportunismos políticos, como todos sabemos. A vitória da conjuntura e da estratégia, contra a responsabilidade.

 Fernando Nobre nas presidenciais já tinha sido uma campanha política entre o patético, o populista e o narcisismo levado ao grau paranóico.

O médico que se notabilizou pela acção frente à AMI, onde soube cultivar muito bem a relação com  jornalistas que sempre o publicitaram e apoiaram, achou que devia ser o candidato contra os políticos, a política e o sistema democrático. Balançando entre a amizade e o apoio ao Bloco de Esquerda, dando o braço a Mário Soares e a Sócrates, usando um discurso de taxista tagarela, Nobre acabou por ter um resultado pífio, um número que, como muito bem dizia ontem Medeiros Ferreira na TVI, teve Pinheiro de Azevedo deitado numa cama de hospital.

O que é chocante nisto tudo é um partido que vive de clientela, caciques e barões, ter escolhido um cromo destes para cabeça de lista por Lisboa, e que o líder lhe tenha prometido o improvável: que o "independente", o anti-partidos, o anti-políticos, fosse eleito presidente do Parlamento, para dirigir aqueles que disse contestar. 

O caroço dentro do bolo seria Cavaco Silva ter a substituí-lo em caso de ausência e no lugar hierárquico a seguir ao seu, o rival na campanha mais problemático. Também era uma afronta ao PR, mas isso até dava gôzo.

Só o desprezo pela ideia da democracia, só a jogatana política, o oportunismo e o chico-espertismo, pode justificar esta coisa que foi o caso Nobre.

É a primeira derrota de Passos, mas mais do que isso: é um mau presságio para outras salsicharias que se adivinham na governação. Esta derrota demonstra falta de experiência política, aventureirismo, desprezo pelo parlamento, pelo partido da coligação, que nem foi ouvido nem achado para apoiar uma figura caricata da política.

Se num caso tão óbvio Passos deu o passo em falso, o que fará em situações para as quais vai ser preciso sangue frio, ponderação, rapidez e capacidade para dialogar e conseguir consensos?

Ontem na SIC-N o ainda secretário-geral do PSD, debitava como um corta-relvas falante, e sem ser interrompido por Mário Crespo, dizia que se tinha perdido uma oportunidade para eleger um independente para presidente da AR. Desculpem!...ouvi bem? Ser independente passou a ser agora um atestado de capacidade, honestidade e de bom candidato a lugares públicos? Um independente para mandar nos eleitos pelos partidos? Parece que aquela escola básica de Cavaco pegou. Dizer-se que não se é político factura.

E os portuguesinhos, mais preocupados com a vidinha do que com o destino comum, suspiram entre bitaites e concursos de gordos.


Nobre foi derrotado, foi bem feito, e foi uma grande vitória para o prestígio do Parlamento, a sede da democracia. Mesmo que esta não seja o que devia, mas é ainda o que nos resta de uma sociedade dos cidadãos.

Foi também a primeira de uma grande série de derrotas que se adivinham a Passos Coelho, cuja subida ao Poder se deveu a uma série de habilidades e oportunismos políticos, como todos sabemos. A vitória da conjuntura e da estratégia, contra a responsabilidade.

 Fernando Nobre nas presidenciais já tinha sido uma campanha política entre o patético, o populista e o narcisismo levado ao grau paranóico.

O médico que se notabilizou pela acção frente à AMI, onde soube cultivar muito bem a relação com  jornalistas que sempre o publicitaram e apoiaram, achou que devia ser o candidato contra os políticos, a política e o sistema democrático. Balançando entre a amizade e o apoio ao Bloco de Esquerda, dando o braço a Mário Soares e a Sócrates, usando um discurso de taxista tagarela, Nobre acabou por ter um resultado pífio, um número que, como muito bem dizia ontem Medeiros Ferreira na TVI, teve Pinheiro de Azevedo deitado numa cama de hospital.

O que é chocante nisto tudo é um partido que vive de clientela, caciques e barões, ter escolhido um cromo destes para cabeça de lista por Lisboa, e que o líder lhe tenha prometido o improvável: que o "independente", o anti-partidos, o anti-políticos, fosse eleito presidente do Parlamento, para dirigir aqueles que disse contestar. 

O caroço dentro do bolo seria Cavaco Silva ter a substituí-lo em caso de ausência e no lugar hierárquico a seguir ao seu, o rival na campanha mais problemático. Também era uma afronta ao PR, mas isso até dava gôzo.

Só o desprezo pela ideia da democracia, só a jogatana política, o oportunismo e o chico-espertismo, pode justificar esta coisa que foi o caso Nobre.

É a primeira derrota de Passos, mas mais do que isso: é um mau presságio para outras salsicharias que se adivinham na governação. Esta derrota demonstra falta de experiência política, aventureirismo, desprezo pelo parlamento, pelo partido da coligação, que nem foi ouvido nem achado para apoiar uma figura caricata da política.

Se num caso tão óbvio Passos deu o passo em falso, o que fará em situações para as quais vai ser preciso sangue frio, ponderação, rapidez e capacidade para dialogar e conseguir consensos?

Ontem na SIC-N o ainda secretário-geral do PSD, debitava como um corta-relvas falante, e sem ser interrompido por Mário Crespo, dizia que se tinha perdido uma oportunidade para eleger um independente para presidente da AR. Desculpem!...ouvi bem? Ser independente passou a ser agora um atestado de capacidade, honestidade e de bom candidato a lugares públicos? Um independente para mandar nos eleitos pelos partidos? Parece que aquela escola básica de Cavaco pegou. Dizer-se que não se é político factura.

E os portuguesinhos, mais preocupados com a vidinha do que com o destino comum, suspiram entre bitaites e concursos de gordos.

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