Apropriação pessoal do PS

19-12-2019
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Pedro Vieira, grande Irmão Lúcia, no excelente Arrastão

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou, hoje, que o aspecto mais interessante do Congresso do PS foi o facto de não ter conteúdo nenhum. Permito-me discordar. Aquilo que aconteceu em Espinho reveste-se de uma grande importancia. Verificou-se nestes dias, algo que foi preparado antes, mas que aconteceu agora e que é uma imensa ruptura na história desse partido. O PS foi privatizado para uso de um único homem. Não existe uma campanha dos socialistas portugueses para concorrerem com um programa à s eleições legislativas, existe uma proposta pessoal de um homem, que, na sua infinita modéstia, decide por todo um partido. Não é por acaso que quando anuncia a escolha do cabeça de lista à s europeias, Sócrates diz “eu” escolhi o professor Vital Moreira. Não é, também, por acaso que o site de campanha se chama “Sócrates 2009”. Verifica-se uma total apropriação do PS por parte de Sócrates. É interessante verificar que este fenómeno nunca existiu, nem sequer quando homens brilhantes, como Mário Soares, com uma história pessoal de luta e de resistência, dirigiram o partido. Nesses tempos, havia contestação interna, divergências e o PS não se confundia com um só homem. Hoje, no tempo da “esquerda moderna” dos interesses, no tempo da confusão entre partido, aparelho de Estado e as grandes empresas, o PS tornou-se uma sociedade anónima nas mão de um só homem. Sócrates tem todas as acções do PS e o resto esfumou-se. O mais grave de tudo, é que Sócrates pretende “berlusconizar” as eleições em Portugal. Ao eleger como tema eleitoral o Freeport, o primeiro-ministro pretende sufragar nas urnas os vários casos que estão a ser investigados pela justiça portuguesa. O objectivo final é ganhar legitimidade para manietar a justiça e a comunicação social.

Entendamo-nos, cabe à justiça apurar se houve corrupção na aprovação do Freeport e em dezenas de outros casos. A tentativa de pessoalizar a disputa eleitoral e de apontar os agentes da justiça e a comunicação social como inimigos é perigosa e anti-democrática. Quem assim o faz, sonha com acabar com a separação de poderes e quer, ganhando as eleições, pôr sob a sua ordem a justiça e a comunicação social.

O PS ao aceitar este processo põe o seu papel na sociedade portuguesa em perigo. Caso a justiça descubra factos graves contra Sócrates, não vão estar em causa apenas erros de um homem, é todo um partido que coloca a corda no pescoço.

Pedro Vieira, grande Irmão Lúcia, no excelente Arrastão

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou, hoje, que o aspecto mais interessante do Congresso do PS foi o facto de não ter conteúdo nenhum. Permito-me discordar. Aquilo que aconteceu em Espinho reveste-se de uma grande importancia. Verificou-se nestes dias, algo que foi preparado antes, mas que aconteceu agora e que é uma imensa ruptura na história desse partido. O PS foi privatizado para uso de um único homem. Não existe uma campanha dos socialistas portugueses para concorrerem com um programa à s eleições legislativas, existe uma proposta pessoal de um homem, que, na sua infinita modéstia, decide por todo um partido. Não é por acaso que quando anuncia a escolha do cabeça de lista à s europeias, Sócrates diz “eu” escolhi o professor Vital Moreira. Não é, também, por acaso que o site de campanha se chama “Sócrates 2009”. Verifica-se uma total apropriação do PS por parte de Sócrates. É interessante verificar que este fenómeno nunca existiu, nem sequer quando homens brilhantes, como Mário Soares, com uma história pessoal de luta e de resistência, dirigiram o partido. Nesses tempos, havia contestação interna, divergências e o PS não se confundia com um só homem. Hoje, no tempo da “esquerda moderna” dos interesses, no tempo da confusão entre partido, aparelho de Estado e as grandes empresas, o PS tornou-se uma sociedade anónima nas mão de um só homem. Sócrates tem todas as acções do PS e o resto esfumou-se. O mais grave de tudo, é que Sócrates pretende “berlusconizar” as eleições em Portugal. Ao eleger como tema eleitoral o Freeport, o primeiro-ministro pretende sufragar nas urnas os vários casos que estão a ser investigados pela justiça portuguesa. O objectivo final é ganhar legitimidade para manietar a justiça e a comunicação social.

Entendamo-nos, cabe à justiça apurar se houve corrupção na aprovação do Freeport e em dezenas de outros casos. A tentativa de pessoalizar a disputa eleitoral e de apontar os agentes da justiça e a comunicação social como inimigos é perigosa e anti-democrática. Quem assim o faz, sonha com acabar com a separação de poderes e quer, ganhando as eleições, pôr sob a sua ordem a justiça e a comunicação social.

O PS ao aceitar este processo põe o seu papel na sociedade portuguesa em perigo. Caso a justiça descubra factos graves contra Sócrates, não vão estar em causa apenas erros de um homem, é todo um partido que coloca a corda no pescoço.

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