Da Literatura: FOI VOCÊ QUE PEDIU UM SAPO?

02-07-2011
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Ontem, o Público deu a conhecer uma coisa extraordinária: a Câmara de Lisboa gastou mais de 78 mil euros com a sua festa de Natal, tendo o porta-voz da maioria, Duarte Moral, afirmado que o custo do evento corresponde a um valor «que estava ao alcance da câmara gastar naquele momento». OK. Para uma autarquia sobreendividada (as dívidas foram o pretexto para cancelar o habitual jantar de Natal oferecido aos trabalhadores, e foi também por causa delas que a autarquia não pagou a iluminação festiva da Baixa, que ficou por conta de um banco privado), que vai pedir, ou pediu já, um empréstimo de quinhentos milhões de euros para saldar dívidas a fornecedores, não está mau. O evento teve ajuste directo, sendo realizado por uma empresa de eventos culturais e recreativos, a Sopm Outbranding, dirigida por uma senhora que, e passo a citar, «se dedica às consultas de astrologia, ao reiki, à numerologia e à limpeza da aura.» A primeira proposta da Sopm Outbranding não vingou: orçava em 225 mil euros. Mas passou a segunda, no valor de 78.650 euros (dirão os cínicos que um jantar, mesmo modesto, para 11 mil trabalhadores, saía mais caro), porque o patrocínio do SAPO ADSL reduziu os custos. Por exemplo, os Gatos Fedorentos e Luís Represas actuaram de borla. E oitenta colaboradores também «não cobraram nada». Passou-se isto na primeira quinzena de Dezembro. Ora, não tendo António Costa maioria absoluta, é caso para perguntar onde parava a oposição camarária. Ontem, o Público trazia os depoimentos de Helena Roseta — «Fiquei chocada quando vi umas criaturas vestidas de sapos aos saltos na Praça do Município e na varanda dos Paços do Concelho» — e de Fernando Negrão — «A confirmar-se este custo, é inadmissível que se gaste quantia tão elevada numa área [em] que quando não há pão é supérflua». Ruben de Carvalho também é citado como tendo dito «que se tratou de uma produção bem feita, mas [...] o gasto não se justifica nas actuais circunstâncias». José Sá Fernandes e Carmona Rodrigues aos costumes disseram nada. Enfim, aconteceu há um mês. Soube-se agora porque o jornal (espírito santo de orelha?) pegou no assunto. Entretanto, a prometida limpeza das ruas ficou para as calendas.Etiquetas: Lisboa, Política nacional, Sociedade

Ontem, o Público deu a conhecer uma coisa extraordinária: a Câmara de Lisboa gastou mais de 78 mil euros com a sua festa de Natal, tendo o porta-voz da maioria, Duarte Moral, afirmado que o custo do evento corresponde a um valor «que estava ao alcance da câmara gastar naquele momento». OK. Para uma autarquia sobreendividada (as dívidas foram o pretexto para cancelar o habitual jantar de Natal oferecido aos trabalhadores, e foi também por causa delas que a autarquia não pagou a iluminação festiva da Baixa, que ficou por conta de um banco privado), que vai pedir, ou pediu já, um empréstimo de quinhentos milhões de euros para saldar dívidas a fornecedores, não está mau. O evento teve ajuste directo, sendo realizado por uma empresa de eventos culturais e recreativos, a Sopm Outbranding, dirigida por uma senhora que, e passo a citar, «se dedica às consultas de astrologia, ao reiki, à numerologia e à limpeza da aura.» A primeira proposta da Sopm Outbranding não vingou: orçava em 225 mil euros. Mas passou a segunda, no valor de 78.650 euros (dirão os cínicos que um jantar, mesmo modesto, para 11 mil trabalhadores, saía mais caro), porque o patrocínio do SAPO ADSL reduziu os custos. Por exemplo, os Gatos Fedorentos e Luís Represas actuaram de borla. E oitenta colaboradores também «não cobraram nada». Passou-se isto na primeira quinzena de Dezembro. Ora, não tendo António Costa maioria absoluta, é caso para perguntar onde parava a oposição camarária. Ontem, o Público trazia os depoimentos de Helena Roseta — «Fiquei chocada quando vi umas criaturas vestidas de sapos aos saltos na Praça do Município e na varanda dos Paços do Concelho» — e de Fernando Negrão — «A confirmar-se este custo, é inadmissível que se gaste quantia tão elevada numa área [em] que quando não há pão é supérflua». Ruben de Carvalho também é citado como tendo dito «que se tratou de uma produção bem feita, mas [...] o gasto não se justifica nas actuais circunstâncias». José Sá Fernandes e Carmona Rodrigues aos costumes disseram nada. Enfim, aconteceu há um mês. Soube-se agora porque o jornal (espírito santo de orelha?) pegou no assunto. Entretanto, a prometida limpeza das ruas ficou para as calendas.Etiquetas: Lisboa, Política nacional, Sociedade

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