Depoimentos revelam a vida de risco dos polícias portugueses

15-07-2011
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Um agente da PSP mordido no braço por um ex-autarca que se dirigiu à esquadra de Oeiras a gritar que não pagaria a coima e o reboque do carro mal estacionado pela filha. A irmã de um inspector da PJ atingido e morto por uma metralhadora kalashnikov que recebeu apoio psicológico apenas quatro anos depois do incidente fatal. Um inspector que afirma ter perdido as ilusões sobre a ética e a defesa da profissão, quando entrou há doze anos na judiciária, e já pensou em suicidar-se em momentos de maior aperto.

As "estórias" e as pessoas acima apresentadas não são ficcionais, embora pudessem figurar em "filmes de acção e emoção". Quem o afirma é Mário Contumélias, um dos autores do livro "Polícias À Portuguesa – Take 2", a sequela de uma saga iniciada há três anos. Se o "take 1" focava só os dramas da Polícia de Segurança Pública, o segundo é mais abrangente e vai buscar testemunhos de agentes das três forças de segurança – PSP, GNR e PJ – no activo, e de viúvas, familiares e amigos dos polícias que não puderam contar as suas histórias.

Confrontados com o número elevado de mortes de polícias – entre suicídios e mortes em exercício de funções –, o sociólogo Mário Contumélias e o empresário Fernando Contumélias, pai e filho, decidiram dar continuidade ao projecto de "jornalismo cívico, de proximidade" que iniciaram em 2008. Mário Contumélias, etno-sociólogo e ex-presidente do Sindicato de Jornalistas, admite que este livro vem colmatar uma lacuna aberta pelo jornalismo "que se institucionalizou e governamentalizou, que privilegia a propaganda à informação".

Outras razões motivaram esta nova investida nos meandros do meio policial: "A realidade não se alterou para melhor (desde o primeiro volume), a generalidade das hierarquias das polícias em Portugal continua a interagir mal e faltava dar uma dimensão humana aos problemas dentro delas", afirma ao PÚBLICO Mário Contumélias.

Em "Polícias À Portuguesa - Take 2", os autores desenvolveram tópicos mal explorados na imprensa generalista, recorrendo a fontes de instituições sindicais da PSP, GNR e PJ. Os sindicatos indicaram as pessoas que melhor poderiam falar de pressões, dramas e medos abafados no contexto laboral. Segundo Mário Contumélias, os "nomes fictícios" utilizados pelos agentes nos depoimentos são um exemplo dos limites de liberdade de expressão no seio das polícias nacionais.

Fernando Negrão, ex-director geral da PJ, que apresentou esta tarde o livro no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa, atribuiu a esta colecção de entrevistas a virtude de "abrir a porta dos polícias [à sociedade civil], dando a oportunidade de se conhecer o seu interior". O actual deputado do PSD alertou para a situação de falta de protecção a que têm sido votadas as forças de segurança nacionais pela classe política.

Para o social-democrata, os problemas que o livro aborda devem estar na agenda política, entre os quais a unificação das polícias, uma proposta do PSD que foi travada nas negociações da coligação governamental pelo CDS, aquando da elaboração do programa do governo recentemente empossado.

As condições de trabalho da PSP e da GNR – o equipamento, as esquadras e a formação de pessoal –, as deficiências na gestão e no acompanhamento de recursos humanos, a ineficiência na coordenação entre as três forças policiais, o mau acompanhamento psicológico e profissional de algumas hierarquias foram outras fragilidades que Fernando Negrão relembrou. "Não nos esqueçamos do homem e da mulher que estão dentro da farda que vestem", disse.

Um agente da PSP mordido no braço por um ex-autarca que se dirigiu à esquadra de Oeiras a gritar que não pagaria a coima e o reboque do carro mal estacionado pela filha. A irmã de um inspector da PJ atingido e morto por uma metralhadora kalashnikov que recebeu apoio psicológico apenas quatro anos depois do incidente fatal. Um inspector que afirma ter perdido as ilusões sobre a ética e a defesa da profissão, quando entrou há doze anos na judiciária, e já pensou em suicidar-se em momentos de maior aperto.

As "estórias" e as pessoas acima apresentadas não são ficcionais, embora pudessem figurar em "filmes de acção e emoção". Quem o afirma é Mário Contumélias, um dos autores do livro "Polícias À Portuguesa – Take 2", a sequela de uma saga iniciada há três anos. Se o "take 1" focava só os dramas da Polícia de Segurança Pública, o segundo é mais abrangente e vai buscar testemunhos de agentes das três forças de segurança – PSP, GNR e PJ – no activo, e de viúvas, familiares e amigos dos polícias que não puderam contar as suas histórias.

Confrontados com o número elevado de mortes de polícias – entre suicídios e mortes em exercício de funções –, o sociólogo Mário Contumélias e o empresário Fernando Contumélias, pai e filho, decidiram dar continuidade ao projecto de "jornalismo cívico, de proximidade" que iniciaram em 2008. Mário Contumélias, etno-sociólogo e ex-presidente do Sindicato de Jornalistas, admite que este livro vem colmatar uma lacuna aberta pelo jornalismo "que se institucionalizou e governamentalizou, que privilegia a propaganda à informação".

Outras razões motivaram esta nova investida nos meandros do meio policial: "A realidade não se alterou para melhor (desde o primeiro volume), a generalidade das hierarquias das polícias em Portugal continua a interagir mal e faltava dar uma dimensão humana aos problemas dentro delas", afirma ao PÚBLICO Mário Contumélias.

Em "Polícias À Portuguesa - Take 2", os autores desenvolveram tópicos mal explorados na imprensa generalista, recorrendo a fontes de instituições sindicais da PSP, GNR e PJ. Os sindicatos indicaram as pessoas que melhor poderiam falar de pressões, dramas e medos abafados no contexto laboral. Segundo Mário Contumélias, os "nomes fictícios" utilizados pelos agentes nos depoimentos são um exemplo dos limites de liberdade de expressão no seio das polícias nacionais.

Fernando Negrão, ex-director geral da PJ, que apresentou esta tarde o livro no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa, atribuiu a esta colecção de entrevistas a virtude de "abrir a porta dos polícias [à sociedade civil], dando a oportunidade de se conhecer o seu interior". O actual deputado do PSD alertou para a situação de falta de protecção a que têm sido votadas as forças de segurança nacionais pela classe política.

Para o social-democrata, os problemas que o livro aborda devem estar na agenda política, entre os quais a unificação das polícias, uma proposta do PSD que foi travada nas negociações da coligação governamental pelo CDS, aquando da elaboração do programa do governo recentemente empossado.

As condições de trabalho da PSP e da GNR – o equipamento, as esquadras e a formação de pessoal –, as deficiências na gestão e no acompanhamento de recursos humanos, a ineficiência na coordenação entre as três forças policiais, o mau acompanhamento psicológico e profissional de algumas hierarquias foram outras fragilidades que Fernando Negrão relembrou. "Não nos esqueçamos do homem e da mulher que estão dentro da farda que vestem", disse.

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