“Afasto o que é a rejeição unilateral do pagamento de uma parte da dívida portuguesa”

02-02-2015
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“Afasto o que é a rejeição unilateral do pagamento de uma parte da dívida portuguesa”

António Costa e Rosário Lira

00:05

Libertar recursos actualmente afectos ao pagamento da dívida para o crescimento é a solução.

Fernando Medina defende que uma solução para a dívida pública deve sempre ser negociada a nível europeu porque se assim não for a "solução acarretará muitos mais prejuízos para nós do que outra solução".

O que defende o PS em termos de reestruturação de dívida?

O problema da dívida é um problema de matemática, é um problema de aritmética.

Não é ideológico?

É ideológico na forma como lidamos com ele. Na sua base temos uma equação entre um stock de dívida, uma taxa de crescimento, uma taxa de inflação, um défice. Em múltiplas desta componentes é possível intervir. O que se impõe a um político é escolher qual a melhor forma de servir o seu país. A posição que o António Costa e o PS têm tomado é uma forma de grande inteligência relativamente à questão da dívida e sobre a forma como ela deve ser equacionada. Porque há múltiplas formas de reequilibrar a dimensão da dívida, com a libertação de recursos que o país necessita para investir. Para quem defende que essa solução deve ser encontrada no plano europeu, é errado, do ponto de vista político, para a defesa do interesse do país, auto-limitar uma das formas com que isso possa acontecer.

Afasta o perdão da dívida?

O perdão da dívida convém não afastar. O perdão é feito pelos credores, se os credores nos perdoarem metade da dívida não afastarei.

Pedir o perdão da dívida.

Se afasto o que é a rejeição unilateral do pagamento de uma parte da dívida portuguesa, sim afasto. Isso é uma posição que só será prejudicial ao país estando nós dentro de uma moeda única. Uma solução que não seja negociada e concertada dentro do plano europeu é uma solução que acarretará muitos mais prejuízos para nós do que outra solução. Por isso, aquele "não pagamos" unilateral obviamente que me parece que não é uma solução para o nosso país.

Mas o Governo tem feito sucessivas renegociações de dívida: quando vai ao mercado e compra dívida com um certo prazo e a estende. É uma renegociação e não tem essa dimensão política.

Aliás, ao abrigo de um Governo que teoricamente nega que isso deva ser feito. Sim, é verdade. Tudo isso são elementos. A grande questão que existe em matéria de dívida é se nós conseguimos fazer, dentro do quadro europeu, uma solução que tenha a magnitude e o tempo necessário para que os países mais afectados possam recuperar capacidade de crescimento e reganhar o crescimento.

Continua a remeter para a UE o tratamento dessa questão.

Defendo para Portugal tratar na Europa. Tem aqui duas diferenças. Afasta-me de duas soluções: daqueles que dizem que deve haver uma decisão unilateral do Governo português relativamente ao não pagamento da dívida.

Afasta-o do Syriza, por exemplo.

Não, e afasta-me da posição daqueles que defendem - que aliás não ouço no espectro político português - uma decisão unilateral, mas também me afasta daqueles como o Governo que diz que não há nada a fazer, o país precisa é de reformas estruturais e austeridade. Nenhuma destas posições contribuirá para resolver nenhum problema. A primeira que vos falei, sobre uma posição unilateral, o PS não a tem. Relativamente à que está em cima da mesa, neste momento, é a continuação ou não de uma política de austeridade e de uma política de desvalorização interna.

Qual é a terceira então? O que é que o PS defende? Ficamos na mutualização da dívida?

Ficamos no domínio do que pode ser vários e inúmeros cenários de libertar recursos que actualmente são afectos ao pagamento da dívida, para o investimento e para o crescimento, sem comprometer a posição negocial do país nesse processo. Essa é uma diferença absolutamente de fundo face à posição do actual Governo, que acha que a solução mágica do crescimento é uma reforma estrutural que parta do sector público.

“Afasto o que é a rejeição unilateral do pagamento de uma parte da dívida portuguesa”

António Costa e Rosário Lira

00:05

Libertar recursos actualmente afectos ao pagamento da dívida para o crescimento é a solução.

Fernando Medina defende que uma solução para a dívida pública deve sempre ser negociada a nível europeu porque se assim não for a "solução acarretará muitos mais prejuízos para nós do que outra solução".

O que defende o PS em termos de reestruturação de dívida?

O problema da dívida é um problema de matemática, é um problema de aritmética.

Não é ideológico?

É ideológico na forma como lidamos com ele. Na sua base temos uma equação entre um stock de dívida, uma taxa de crescimento, uma taxa de inflação, um défice. Em múltiplas desta componentes é possível intervir. O que se impõe a um político é escolher qual a melhor forma de servir o seu país. A posição que o António Costa e o PS têm tomado é uma forma de grande inteligência relativamente à questão da dívida e sobre a forma como ela deve ser equacionada. Porque há múltiplas formas de reequilibrar a dimensão da dívida, com a libertação de recursos que o país necessita para investir. Para quem defende que essa solução deve ser encontrada no plano europeu, é errado, do ponto de vista político, para a defesa do interesse do país, auto-limitar uma das formas com que isso possa acontecer.

Afasta o perdão da dívida?

O perdão da dívida convém não afastar. O perdão é feito pelos credores, se os credores nos perdoarem metade da dívida não afastarei.

Pedir o perdão da dívida.

Se afasto o que é a rejeição unilateral do pagamento de uma parte da dívida portuguesa, sim afasto. Isso é uma posição que só será prejudicial ao país estando nós dentro de uma moeda única. Uma solução que não seja negociada e concertada dentro do plano europeu é uma solução que acarretará muitos mais prejuízos para nós do que outra solução. Por isso, aquele "não pagamos" unilateral obviamente que me parece que não é uma solução para o nosso país.

Mas o Governo tem feito sucessivas renegociações de dívida: quando vai ao mercado e compra dívida com um certo prazo e a estende. É uma renegociação e não tem essa dimensão política.

Aliás, ao abrigo de um Governo que teoricamente nega que isso deva ser feito. Sim, é verdade. Tudo isso são elementos. A grande questão que existe em matéria de dívida é se nós conseguimos fazer, dentro do quadro europeu, uma solução que tenha a magnitude e o tempo necessário para que os países mais afectados possam recuperar capacidade de crescimento e reganhar o crescimento.

Continua a remeter para a UE o tratamento dessa questão.

Defendo para Portugal tratar na Europa. Tem aqui duas diferenças. Afasta-me de duas soluções: daqueles que dizem que deve haver uma decisão unilateral do Governo português relativamente ao não pagamento da dívida.

Afasta-o do Syriza, por exemplo.

Não, e afasta-me da posição daqueles que defendem - que aliás não ouço no espectro político português - uma decisão unilateral, mas também me afasta daqueles como o Governo que diz que não há nada a fazer, o país precisa é de reformas estruturais e austeridade. Nenhuma destas posições contribuirá para resolver nenhum problema. A primeira que vos falei, sobre uma posição unilateral, o PS não a tem. Relativamente à que está em cima da mesa, neste momento, é a continuação ou não de uma política de austeridade e de uma política de desvalorização interna.

Qual é a terceira então? O que é que o PS defende? Ficamos na mutualização da dívida?

Ficamos no domínio do que pode ser vários e inúmeros cenários de libertar recursos que actualmente são afectos ao pagamento da dívida, para o investimento e para o crescimento, sem comprometer a posição negocial do país nesse processo. Essa é uma diferença absolutamente de fundo face à posição do actual Governo, que acha que a solução mágica do crescimento é uma reforma estrutural que parta do sector público.

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